Girassol: opção promissora para a safrinha

O girassol pode ser cultivado antecipando-se à cultura principal, em algumas condições e, em outras, pode ser semeado na safrinha, substituindo, parcialmente, o milho ou o sorgo.
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Crédito: Shutterstock

Embrapa Soja

O girassol é uma cultura de ampla capacidade de adaptação às diversas condições de latitude, longitude e fotoperíodo. Nos últimos anos, vem se apresentando como opção de rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos, principalmente após a soja na região centro-oeste.

A maior tolerância à seca, a menor incidência de pragas e de doenças, além da ciclagem de nutrientes, principalmente potássio, são alguns dos fatores que possibilitaram sua expansão e consolidação como cultura técnica e economicamente viável nos sistemas de produção.

A maior tolerância do girassol à seca é, principalmente, devido ao sistema radicular profundo que explora grande volume de solo e, consequentemente, absorve maior quantidade de água e nutrientes.

Entretanto, o cultivo de girassol deve ser destinado a áreas que, preferencialmente, adotem práticas de manejo de mangueiras das características físicas do solo, pois o girassol é sensível à compactação de solo e quimicamente à acidez.

Regiões produtoras

O girassol é uma cultura que se desenvolve bem na maioria dos solos agricultáveis, podendo ser cultivado em praticamente todo o território nacional, desde o Rio Grande do Sul até o hemisfério norte, no Estado de Roraima.

Atualmente, ele é cultivado comercialmente principalmente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná, Bahia e Ceará, principalmente na safrinha, em semeadura direta, especialmente após a cultura da soja.

O principal destino desta produção é atender a indústria de óleo comestível ou da agroindústria, o mercado de pássaros, o de silagem e até a produção de biodiesel. Além disso, existem estudos de empresas oficiais de pesquisa, e mesmo experiência de agricultores, mostrando que é uma cultura com expectativa de sucesso também em Roraima, onde o ciclo pode ser de 75 a 80 dias, enquanto nas demais regiões é de aproximadamente 110 dias.

O Nordeste brasileiro é outra região que vem testando o girassol, com grandes possibilidades de sucesso. Nessa região, consiste numa cultura de interesse para a pequena propriedade, já que, pelo alto teor de óleo no grão, permite a administração mecânica do óleo, que pode ser centralizada nas comunidades e associações rurais, utilizando prensas simples.

Esse aspecto proporciona a agregação de valor ao produto, confiante para a sustentabilidade da agricultura familiar, que além de fornecer óleo comestível de excelente qualidade, fornece como coproduto a torta de girassol para o suprimento da pecuária local.

Girassol na safrinha

O girassol pode ser cultivado antecipando-se à cultura principal, em algumas condições e, em outras, pode ser semeado na safrinha, substituindo, parcialmente, o milho ou o sorgo. Devido à maior tolerância ao estresse hídrico, o girassol apresenta-se como opção de safrinha para o Centro-Oeste brasileiro, abrindo nova perspectiva de cultivo e renda ao agricultor.

Outra característica importante do girassol é seu sistema radicular que explora grande volume de solo, o que possibilita absorver quantidade de água e nutrientes. Além disso, é conveniente enfatizar que um hectare de girassol pode produzir em torno de 4,0 a 6,0 toneladas de restos culturais, dependendo do manejo e do genótipo utilizado.

Esses restos são ricos em nutrientes e, com sua transformação, beneficiam as culturas em sucessão, pela grande ciclagem de nutrientes. Nesse processo de ciclagem, destacam-se o potássio, o cálcio e o boro, que apresentam taxas de exportação reduzidas, ou seja, pouco é retirado da área pelos grãos, ficando os nutrientes da parte aérea à disposição para as culturas semeadas em sucessão.

A rentabilidade, fator também determinante na escolha de cultivo, será função não só dos preços cultivados no mercado, mas também do manejo da cultura/custo de produção e da produtividade alcançada.

Além do lucro financeiro, os benefícios resultantes da ciclagem de nutrientes devem ser também computados na rentabilidade da cultura, colaborando para a sustentabilidade do agronegócio do girassol no Brasil.

Cultivares

A escolha do material genético a ser cultivado será em função do tipo de agricultor e do capital disponível. Por exemplo, para a agricultura familiar e com baixo capital disponível, a opção é a escolha de uma variedade (população de polinização aberta), em função do menor custo da semente.

Para uma agricultura mais extensiva, também pode ser adotada a semente híbrida, que resulta em plantas mais uniformes, facilitando as operações de manejo e, principalmente, de colheita. Assim, existe um grande número de opções de materiais genéticos disponíveis e a escolha deve ser baseada na experiência e na assistência técnica local.

Produtividade

No Brasil, mesmo com a expansão desordenada da cultura, falta de zoneamento agroclimático e fitossanitário, além da assistência técnica pouco capacitada, a produtividade média está em torno de 1.500 kg/ha, acima da média mundial.

Contudo, em condições de campo e em regiões com mais tradição de cultivo, as produtividades médias atingem 2.000 kg/ha.

Considerando que o girassol é uma cultura de segunda safra (ou safrinha) no Brasil, baseada nas produtividades alcançadas, estima-se que o País poderá vir a ser um dos protagonistas na cultura, não só em produtividade, como também em área cultivada.

Colheita

Assim como a semeadura, a colheita de girassol é uma operação delicada, em que grandes perdas podem ocorrer se pequenos detalhes na regulagem da colhedora não forem seguidos.

Atualmente, existem no mercado colhedoras de girassol eficientes e com alto rendimento operacional. Outra opção é a mudança da plataforma de milho para a colheita de girassol. Apesar de menos eficiente, esta modificação, é simples e de fácil execução na própria fazenda, além do baixo custo.

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