Geminivírus: tomate resistente garante produtividade

Atualmente existem bons híbridos de tomate com resistência aos geminivírus disponíveis no mercado, principalmente para estaqueado.
Foto: Alice Nagata

Publicado em 10 de setembro de 2025 às 07h12

Última atualização em 11 de setembro de 2025 às 10h32

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Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo, e professor – E. E. G. R, Mossoró- RN/Maísa
jeanosouza2030@gmail.com

A virose causada pelo geminivírus é transmitida pela mosca-branca (Bemisia tabaci e B. argentifolii), que afeta o tomate e tem se tornado como um dos principais fatores limitantes à produção.

Pode chegar a perdas de até 100%, o que tem levado alguns produtores a abandonar o cultivo intensivo de tomate em algumas regiões produtivas no país.

Sintomas

Os sintomas do geminivírus TYLCV (Tomato Yellow Leaf Curl Virus) em tomateiro, em geral, podem ser observados na forma de clorose entre as nervuras, inicialmente na base dos folíolos, com clareamento das nervuras, evoluindo para mosaico amarelo.

Posteriormente, os sintomas se generalizam, passando a ser observada intensa rugosidade dos folíolos, podendo ocorrer também o enrolamento dos bordos das folhas, as quais se dobram ou enrolam para cima, num formato tipo concha ou colher.

Além dos sintomas visuais, o vírus afeta também a fisiologia da planta, reduzindo o nível de clorofila e proteínas. Com isso, a planta tem o seu potencial fotossintético reduzido, com reflexos diretos na produtividade e qualidade do tomateiro.

Controle

O controle do vetor (mosca-branca) que causa o geminivírus TYLCV tem sido difícil e, aliado a isso, há grande diversidade de espécies infectando o tomateiro.

Desse modo, a forma mais eficiente de controle desses patógenos é por meio de cultivares resistentes. Porém, os programas de melhoramento genético visando resistência ao TYLCV têm sido lentos, principalmente porque a herança da resistência ao vírus é poligênica (com muitos genes envolvidos), além da suscetibilidade de muitas cultivares disponíveis ao TYLCV. 

Embora haja muitas cultivares de tomate suscetível a essa virose, atualmente existem híbridos de tomate com resistência aos geminivírus disponíveis no mercado, principalmente para estaqueado.

Cultivares resistentes

Entre os genes que conferem resistência, destacam-se o Ty-1 e tcm-1, sendo que a maior parte dos materiais comerciais resistentes, hoje em dia, parece conter o gene Ty-1. Cultivares resistentes garantem boa produtividade, principalmente em regiões com alta incidência de mosca-branca e geminivírus, possibilitando boa rentabilidade aos produtores.

É preciso combinar, além do fator de resistência ao TYLC, variedades importantes para o processamento industrial, como brix, viscosidade, porte da planta e cor, seja para o consumo in natura ou industrial.

Mais que proteção

O uso de cultivares híbridas também garante outros benefícios, além da proteção fitossanitária, como a alta produtividade. Considerando que não há medidas curativas para o problema, híbridos resistentes permitem que as plantas potencializem seu desempenho produtivo, resultando em excelentes produtividades, chegando a superar 120 toneladas por hectare.

Já no quesito qualidade, os frutos híbridos apresentam melhor uniformidade, firmeza e boa conservação pós-colheita, com boa coloração e bons níveis de sólidos solúveis. A precocidade de produção também tem sido uma das características observadas nos híbridos.

Desenvolvimento inicial rápido

O elevado vigor híbrido favorece o desenvolvimento inicial rápido, resultando em boa cobertura foliar, que protege os frutos da insolação. Alguns híbridos também são mais adaptados a condições climáticas adversas e podem ter bom desempenho, tanto em cultivo protegido quanto em campo aberto.

Os híbridos são menos exigentes em adubação nitrogenada, o que também gera economia e reduz o impacto ambiental.

Práticas complementares

Algumas práticas complementares podem ser usadas para potencializar o desempenho das cultivares no campo, tais como: usar mudas sadias e de alta qualidade e priorizar as aquelas que forem produzidas sob telados, com entrada restrita, eficiente controle de insetos. As plantas precisam receber nutrição adequada para crescerem fortes, vigorosas e sadias.

Destruir os restos culturais imediatamente após o término da fase de colheita, não abandonando as lavouras ao final do ciclo. Com essas medidas, reduz-se a migração das pragas da lavoura mais velha para a mais nova.

Roçadas

Roçar ao redor dos campos de produção para reduzir potenciais fontes de vírus, que podem ser tomateiros voluntários, plantas daninhas e silvestres, que podem estar infectados também com os vírus que infectam o tomateiro.

Por fim, vale ressaltar que o uso de híbridos de tomates com boa qualidade e resistência às doenças, tais como as viroses que acometem os tomateiros, apresentam preços melhores e são mais valorizados no mercado, o que garante maior rentabilidade ao produtor e excelentes níveis de produtividade e qualidade comercial.

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