Fertilizantes orgânicos podem substituir 50% os insumos minerais

Devido à crise geopolítica no Leste Europeu, produtores brasileiros buscam produtos alternativos. Setor hortifruti é o que tem potencial para maior ganho com os fertilizantes orgânicos.

Publicado em 31 de março de 2022 às 11h02

Última atualização em 31 de março de 2022 às 11h02

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Crédito Shutterstock

Fernando Carvalho Oliveira, engenheiro agrônomo da Tera Ambiental, explica que os fertilizantes orgânicos podem substituir em até 50% a dose dos fertilizantes minerais. Tal proporção, porém, somente é atingida em situações no qual a utilização deste é repetida durante três anos subsequentes. Em prazo mais curto, para atender a uma possível redução da oferta do insumo em decorrência da invasão da Rússia à Ucrânia, considerando a aplicação de cinco toneladas de fertilizantes orgânicos por hectare, na primeira aplicação deste já seria possível reduzir em até 30% a dose recomendada de minerais. “Isso já tem sido viável para várias culturas, dentre elas a cana-de-açúcar e citros”, informa.
 

Em mais longo prazo, é possível pensar que a fertilização mineral possa ser substituída em sua totalidade de acordo com as circunstâncias econômicas, mas em casos nos quais as aplicações dos orgânicos seja uma prática rotineira e contínua. “Tudo dependerá do manejo de ambos os insumos, dos indicadores de fertilidade do solo e do desempenho das culturas envolvidas. As taxas de aplicações combinadas sempre oferecerão os maiores ganhos ao produtor e suas proporções deverão ser alteradas de acordo com as circunstâncias agronômicas e econômicas”, explica o engenheiro agrônomo.
 

Oliveira aborda, também, o potencial de consumo dos fertilizantes orgânicos. “Se considerarmos que o Brasil tem hoje cerca de 83,4 milhões de hectares cultivados e taxas de aplicação entre 5 e 10 toneladas por hectare/ano, a demanda oscilaria entre 417 milhões e 834 milhões de toneladas anuais”. O momento é oportuno para ampliação produtiva do setor, já que a demanda está garantida e os preços de venda do produto permanecerão compensadores.
 

O engenheiro agrônomo da Tera Ambiental, fabricante do fertilizante orgânico Tera Nutrição Vegetal, revela que a empresa está trabalhando para aumentar sua produção ainda este ano. “Em função da disponibilidade de matérias-primas (lodo produzido pelas estações de tratamento de efluentes), de sua capacidade operacional e da conjuntura econômica e geopolítica global, a meta é de um crescimento de até 25%. Com isso, a empresa passará a ter capacidade de atender à demanda para até 10 mil hectares cultivados. “Estamos transformando um passivo ambiental em fertilizantes orgânicos compostos, num exemplo efetivo de economia circular e atividade sustentável”.

Hortifruti

Hiro Kawabata, consultor técnico da Tera Ambiental, acredita que, em termos gerais, a comercialização de fertilizantes orgânicos cresça 50%, devido à crise no Leste Europeu. Para ele, a complementação mais rápida com relação aos insumos minerais ocorrerá na produção hortifruti, variando de 30% a 50%, mas podendo ir além. “Temos trabalhos no campo nos quais chegamos a uma redução de 80% nas hortaliças. Na fruticultura, chegamos a 50%. Considerando a média entre ambas as culturas, mantemos variáveis entre 30% e 50%”. Os produtores de hortifrutis já estão se direcionando no sentido da utilizar maior proporção dos fertilizantes orgânicos nas plantações, mas os de cereais precisam fazer uma adaptação do processo. A maioria dos produtores de grãos e cereais cultivam em áreas extensas e aplicam nutrientes pontuais somente para o ciclo do cultivo, sem deixar reservas nutricionais no solo. De todo modo, ante o risco de queda da oferta de minerais, terão de buscar alternativas. “Os orgânicos contribuirão para isso, nas condições e proporções que já apontamos anteriormente”, conclui Kawabata.

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