Fertilização fluida via sulco de plantio na soja

Os benefícios da nova tecnologia para a soja podem ser mensurados em aumento de produtividade e maior praticidade da operação em relação ao manejo tradicional. A fertilização fluida permite um maior rendimento no plantio, tendo em vista que há menos paradas para reabastecimento de fertilizantes na plantadeira. O plantio fica mais rápido e isso é uma excelente vantagem.
soybean field in early development seeded over corn straw

Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 07h00

Última atualização em 16 de dezembro de 2022 às 07h00

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Crédito: Orion

Fabio Olivieri de Nobile
Doutor e professor de Fertilidade do Solo – Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (UNIFEB)
fabio.nobile@unifeb.edu.br

Sojicultores brasileiros encontraram na fertilização fluida via sulco de plantio uma alternativa vantajosa, tanto do ponto de vista da praticidade operacional, com melhor aproveitamento da mão de obra e acelerando o processo de plantio, quanto nos resultados, apresentando maior produtividade de grãos na colheita.

Como funciona

Adubação fluida é a modalidade de adubação que utiliza fertilizantes fluidos, os quais são fertilizantes simples ou complexos, cuja característica principal é poderem ser manipulados, transportados, armazenados e aplicados na lavoura de forma fluida.

Também podemos definir os fertilizantes fluidos como aqueles nos quais o veículo para os nutrientes é um líquido.

Atualmente, nos Estados Unidos, cerca de 40% dos fertilizantes utilizados são fluidos, enquanto no Brasil esse número é de cerca de 5%. Contudo, seu mercado está crescendo, principalmente próximo das regiões produtoras, o que significa uma mudança de paradigma que nos leva a conhecer mais a respeito desses produtos.

Benefícios

As áreas cultivadas via fertilização fluida proporcionam redução no volume de adubo utilizado, podendo chegar a 90%. A redução de mão de obra, o menor consumo de combustíveis e o ganho operacional de plantio são altos, chegando a 25% em comparação a formas convencionais de manejo.

Os fertilizantes fluidos apresentam-se nas formas de soluções líquidas, isentas de sólidos e suspensões que apresentam uma fase sólida dispersa em um meio líquido. Podem ser homogêneas e heterogêneas.

Recomendações

No seu preparo é necessária a utilização de agentes de suspensão que aumentam a viscosidade e evitam a formação de precipitados na mistura. Os fertilizantes fluidos podem ser aplicados de diversas maneiras na cana: diretamente no solo, superficial ou em profundidade, misturado ou não com herbicidas, mediante a compatibilidade, pulverização nas folhas e via fertirrigação.

Para a soja

Os benefícios da nova tecnologia para a soja podem ser mensurados em aumento de produtividade e maior praticidade da operação em relação ao manejo tradicional. A fertilização fluida permite um maior rendimento no plantio, tendo em vista que há menos paradas para reabastecimento de fertilizantes na plantadeira. O plantio fica mais rápido e isso é uma excelente vantagem.

Além disso, pode-se citar também a menor volatilização de nitrogênio em contextos de alta temperatura, os menores custos logísticos, o melhor controle de estoque e ainda a maior velocidade de trabalho. Com a utilização de fertilizantes sólidos consegue-se um rendimento de aplicação de 50 hectares por dia, com a utilização de fertilizantes fluidos essa taxa passa a ser de 250 hectares por dia.

Quando se recomenda a dose de um fertilizante fluido, utiliza-se uma unidade de massa, como em kg ha-1 e L ha-1, por exemplo, se recomenda uma dose que utiliza uma unidade de volume.

Assim, como cada fertilizante possui suas características próprias, além de se utilizar a garantia do mesmo para o cálculo, é necessário também considerar sua densidade. Tomando como exemplo a recomendação de uma dose de 150 kg ha-1 de nitrogênio e utilizando como fonte a ureia líquida, com garantia de 20% e densidade de 0,92 g/ml, deve-se adotar o seguinte passo a passo:

– Primeiramente, dividir a dose do nutriente pela garantia do fertilizante. Assim, tem-se a quantidade em quilo do fertilizante a ser aplicado por ha: 150/0,2 = 750 kg ha-1

– Em seguida, utilizar a densidade do fertilizante para descobrir o volume a ser aplicado por hectare, utilizando a seguinte fórmula: d = m/V

Em que: d = densidade; m = massa; V = volume

Crédito: Shutterstock

– Substituindo os valores na fórmula, tem-se que o volume a ser aplicado por hectare na lavoura é de 815 L ha-1.

Entre um e outro

A adubação básica de NPK pode ser reduzida em até 15% em produto, como demonstram alguns trabalhos científicos sobre o assunto, já que a eficiência de absorção é maior do adubo líquido em relação ao sólido.

No entanto, alguns cuidados devem ser levados em consideração na utilização do adubo líquido, visto que, para obter os melhores resultados com a adubação líquida, é fundamental utilizar o produto de forma adequada.

Verifique a acidez do adubo líquido: as plantas absorvem os nutrientes em uma faixa restrita de pH, que varia de uma espécie para outra. O solo brasileiro é predominantemente ácido, com pH entre 4 e 5, mas os vegetais preferem uma faixa entre 6 e 7. Portanto, os processos de adubação devem buscar o equilíbrio do pH para ter máxima eficiência.

Aplique o adubo no momento adequado: evite a aplicação do adubo líquido nas horas mais quentes do dia, pois o calor pode fazer com que a substância evapore, não dando tempo para que a planta o absorva.

Equilibre o uso de fitossanitários: caso faça a aplicação simultânea do adubo líquido com outros produtos químicos, assegure-se que não haja incompatibilidade entre as substâncias.

Resultados

O uso racional dos fertilizantes líquidos possui benefícios na eficácia da adubação e conservação do meio ambiente. Contudo, para implementar a aplicação via sulco de plantio, fundamentada nas boas práticas de manejo, o processo deve contemplar princípios como a deposição do fertilizante em local que facilite o acesso das raízes ao nutriente e propicie a redução de perdas para o meio ambiente.

Tal condição pode ser alcançada quando o fertilizante é aplicado na camada subsuperficial do solo, próximo às raízes da soja. Neste contexto, o uso de fertilizante líquido nitrogenado permite, além da aplicação do método convencional de incorporação contínua, o emprego de estratégias alternativas para acesso da subsuperfície do solo, como no processo de injeção de jato fluídico em operação de puncionamento no solo.

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