A Espírito Madeira 2025 – Design de Origem, realizada em Venda Nova do Imigrante (ES), reforçou o papel do eucalipto como elemento-chave na transição da indústria madeireira para um modelo mais sustentável, renovável e inovador. Um dos grandes destaques do evento foi a Donna Madeiras, que apresentou sua trajetória pioneira e visão de futuro para o uso do eucalipto como matéria-prima estratégica.
Eucalipto: da monocultura à solução verde
Antes visto com desconfiança por ambientalistas e produtores tradicionais, o eucalipto está se consolidando como a revolução verde da indústria florestal brasileira. Seu crescimento rápido, adaptabilidade ao clima e alto potencial de sequestro de carbono o tornam uma solução alinhada aos novos desafios climáticos e às demandas por economia de baixo carbono.
O Brasil é atualmente o maior produtor mundial de eucalipto, com 10,2 milhões de hectares de florestas cultivadas, dos quais 77% são de eucalipto, segundo a Canopy Remote Sensing Solutions (2023).
Donna Madeiras: tradição, inovação e reflorestamento
Com sede em São José de Fruteiras, nas Montanhas Capixabas, a Donna Madeiras começou nos anos 1950 com o uso de madeira nativa para móveis. A virada aconteceu em 1986, quando a empresa apostou na serragem de eucalipto reflorestado, e se consolidou em 1995, com a fundação da Donna Indústria de Madeira LTDA.
Hoje, a empresa atua com uma estrutura moderna, filiais especializadas em biomassa, comércio e uma sede autossustentável, inaugurada em 2024. O portfólio inclui:
- Dormentes
- Barrotes
- Ripas
- Tábuas
- Tocos
- Cunhas
- Pontaletes com cavidade
- Cavacos e pó de serra (para energia e setor granjeiro)
Manejo sustentável como base do negócio
A empresa administra 2.500 hectares de reservas florestais, sendo parte preservada e parte voltada ao plantio de eucalipto com ciclo produtivo fechado e rastreável. A madeira serrada provém de reflorestamento próprio ou fornecedores locais certificados.
“A busca por madeira de origem sustentável é crescente, principalmente pelos impactos das mudanças climáticas”, afirma Sabrina Oliveira Donna, contadora e gestora ambiental da empresa.
Espírito Madeira 2025: mais do que um evento, um movimento
Durante a Espírito Madeira 2025, Sabrina Donna defendeu que o eucalipto precisa ser valorizado como produto de alto valor agregado. Segundo ela, ainda persiste a ideia de que a monocultura do eucalipto desgasta o solo e prejudica a biodiversidade.
“A gente precisa promover essa educação, especialmente para as gerações mais antigas. E participar de feiras como a Espírito Madeira é essencial para isso”, ressaltou.
O evento proporcionou um espaço para troca de ideias, inovação e promoção de design com identidade capixaba, mostrando que o eucalipto pode ser mais que madeira: pode ser marca, cultura e futuro.
Oportunidades com a transição climática
Para Sabrina, a transição para uma economia de baixo carbono representa uma oportunidade concreta para o Espírito Santo. “O setor tende a crescer, e um hectare de eucalipto pode gerar retorno econômico e ambiental”, destaca.
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