Escolha do sistema de sangria

A operação de colheita do látex da seringueira, conhecida popularmente como sangria, é uma das práticas mais importantes da cultura, pois além determinar a longevidade do seringal e a produtividade, pode representar mais de 60% dos custos totais da produção.
Seringueira - Crédito: Miriam Lins

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 09h28

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h53

Acompanhe tudo sobre Plantio, Seringueira, Silvicultura e muito mais!

Autor

Juliano Quarteroli SilvaEngenheiro agrônomo, doutor e assistente agropecuário do Escritório de Desenvolvimento Rural de Limeira – Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável – Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Pauloquarteroli@cdrs.sp.gov.br

Seringueira – Crédito: Miriam Lins

A operação de colheita do látex da seringueira, conhecida popularmente como sangria, é uma das práticas mais importantes da cultura, pois além determinar a longevidade do seringal e a produtividade, pode representar mais de 60% dos custos totais da produção.

A expansão de plantio da seringueira para outros locais com fatores climáticos bem diferenciados da região de origem faz alterar o comportamento fisiológico da cultura. Na avaliação dos processos fisiológicos associados à produção do látex devem ser considerados os fatores inerentes à planta (genótipo) e ao ambiente, incluindo o sistema de sangria. Diversos pesquisadores relatam que a resposta de cada clone varia bastante e que devem ser consideradas as interações genótipo-ambiente na escolha do sistema de sangria.

Como funciona

Resumidamente, a produção de látex depende do fluxo e da regeneração do material celular entre duas sangrias e, segundo a literatura são necessários quatro dias para que o conteúdo dos vasos laticíferos se reconstitua satisfatoriamente.

Portanto, a sangria causa perda de constituintes das células dos vasos laticíferos e a regeneração do látex envolve intensa atividade metabólica, principalmente em sistemas de alta frequência de sangria. Dados de pesquisa mostram, por exemplo, que a sangria cria uma significante queda do conteúdo de sacarose na região do painel de sangria devido ao consumo para a regeneração do látex e drena aproximadamente metade do cálcio e magnésio absorvido pela planta.

As árvores submetidas aos sistemas de menor frequência de sangria, em tese necessitam de um metabolismo menos intenso para a regeneração de látex.

Isto reforça que é fundamental conhecer a resposta dos diferentes clones quando submetidos à diferentes sistemas de sangria, nos diferentes ambientes. Alguns estudos demonstram maiores produtividades com o aumento da frequência de sangria para os clones IAN 873 e RRIM 600.

Demanda

[rml_read_more]

Porém, os sistemas de alta frequência de sangria apresentam o problema de maior demanda por mão de obra. Desta forma, sistemas de baixa frequência de sangria podem ser utilizados principalmente como forma de otimizar a mão de obra no seringal, com significativa redução nos custos de produção. Porém, este tipo de sistema pode não drenar o volume potencial de látex da árvore, devido ao menor número de sangrias no ano.

Uma das formas de superar esta limitação de menor produtividade nos sistemas de baixa frequência de sangria é o uso combinado destes com estimulantes da produção, como o ethephon.

Este estimulante, quando aplicado no painel de sangria, desencadeia o hormônio vegetal gasoso denominado etileno. Pesquisas mostram que o etileno liberado possui a capacidade de manter os vasos laticíferos com paredes mais rígidas e espessas, de evitar a oclusão dos vasos rompidos no corte de sangria, de inibir a coagulação do látex e de promover a ativação de enzimas que desempenham papel importante na biossíntese da borracha.

Fique atento

Conforme já exposto, existem diferenças no metabolismo de produção de látex dos diferentes clones e, de uma forma geral, a resposta à estimulação é baixa em clones considerados de alta produção, enquanto que em clones de baixa produção são observados aumentos significativos de produção.

Vários pesquisadores e técnicos citam que alguns clones, dentre eles o PB 235, produzem muito bem sem estimulação e não respondem a ela, porque possuem um metabolismo muito ativo. A característica de boa produtividade do clone PB 235 provavelmente é devido ao bom fluxo e ao eficiente mecanismo de regeneração do látex. Diversos autores também observaram uma resposta não muito acentuada do clone GT 1 à estimulação.

Desta forma, há necessidade do desenvolvimento e adaptação de novas tecnologias de produção, incluindo o sistema de sangria. Os estudos locais sobre o comportamento de cada clone em função dos sistemas de sangria com a utilização de estimulante são fundamentais e permitem alcançar recomendações mais precisas e obter vantagens no seringal sob o ponto de vista fisiológico e econômico.

Na Tabela 1 é apresentada uma sugestão de sistemas de sangria para a região do planalto paulista e, embora não seja uma recomendação oficial, é baseada em resultados de pesquisas recentes.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Mecplant®: qualidade e inovação para a cacauicultura

2

J.Assy redefine eficiência: discos, sensores e dosadores inovadores

3

Plantio perfeito: a revolução da plantabilidade

4

Brasil: o novo protagonista do cacau global?

5

Canibalismo em suínos pode levar à perda de carcaças no abate

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Foto: Diego Vargas/Seapa

Mapeamento florestal pioneiro no país começa em Minas Gerais

WhatsApp Image 2025-07-22 at 7.35.30 AM (1)

Jiffy: substratos de alta performance para cultivos florestais

Área plantada do Projeto RECA nos sistemas agroflorestais

Projeto RECA: 40 anos de produção sustentável na Amazônia

Balsas de garimpo ilegal operando no Rio Madeira próximo a áreas protegidas

Garimpo ilegal no Rio Madeira se intensifica e ameaça áreas protegidas e comunidades