Erva-mate na agenda global de discussões sobre o clima

A Embrapa Florestas e a Fundação Solidaridad estão desenvolvendo o projeto “Análise de sensibilidade ...
Erva-mate - Crédito: Shutterstock

Publicado em 13 de fevereiro de 2022 às 08h02

Última atualização em 13 de fevereiro de 2022 às 08h02

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Erva-mate – Crédito: Shutterstock

A Embrapa Florestas e a Fundação Solidaridad estão desenvolvendo o projeto “Análise de sensibilidade de sistemas de produção de erva-mate com ênfase para o balanço de carbono, produtividade e renda”, para estimar o balanço de carbono de dois sistemas produtivos de erva-mate: adensado e a pleno sol. Esse tipo de estudo é inédito para a cultura da erva-mate.

O objetivo é projetar cenários e identificar quais variáveis agronômicas exercem maior influência na mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) com os sistemas estudados, contribuindo para a adaptação e aumento da resiliência climática dos sistemas produtivos mais usuais para o cultivo da erva-mate, frente aos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Os estoques de carbono dos ervais avaliados também serão correlacionados às performances produtivas e de geração de renda por meio de uma análise de viabilidade econômica.

Iniciado em outubro de 2021, o projeto abrange propriedades rurais localizadas nos municípios de Cruz Machado e Bituruna, no Paraná. Todas as propriedades são de pequeno ou médio porte e implantaram o erval há mais de dez anos. Os demais critérios técnicos de seleção das propriedades estabelecidos foram o tipo climático, solo, posição da paisagem, declividade e sistemas de cultivo e manejo dos ervais.

Características próprias

Como explica Marcos Rachwal, pesquisador da Embrapa Florestas responsável pelo projeto, “cada sistema de produção tem características próprias que certamente influenciarão a emissão de gases de efeito estufa e o sequestro de carbono. Assim, será possível avaliar as fontes de emissão ou captura de carbono, considerando variáveis como a produção de biomassa; altura média das plantas de erva-mate; percentual de sombra; densidade de plantio; sistema de poda e destinação do resíduo; práticas de manejo do solo e utilização de insumos”.

Com isso, será possível quantificar o balanço de carbono do cultivo de erva-mate e entender como estes sistemas de produção podem contribuir no cenário das mudanças climáticas.

Segundo Josileia Zanatta, também pesquisadora da Embrapa Florestas, “existe demanda por um maior entendimento sobre a relação da produção da erva-mate com a mitigação de emissões de gases de efeito estufa, por meio do armazenamento de carbono, podendo ser também importante informação para gerar estratégias de agregação de valor a erva-mate num futuro breve”.

O engenheiro agrônomo Gabriel Dedini, coordenador de projetos da Solidaridad, complementa que “demonstrar o potencial agroclimático da erva-mate proporciona ao setor a possibilidade do desenvolvimento de estratégias e ações para atrair investimentos e projetos, dentro de perspectivas globais de atuação. Porém, ainda mais importante é a contribuição do estudo para demonstrar a viabilidade de modelagens agronômicas climaticamente mais eficientes, na mesma proporção que rentáveis, com o intuito de preservar o futuro, de uma dentre as mais importantes cadeias da nossa sociobiodiversidade”.

Produtividade e renda

A erva-mate é o principal produto florestal não madeireiro da região sul do Brasil. Segundo dados do IBGE, o Estado do Paraná, onde acontece o projeto, em 2019 foi responsável por praticamente 60% da produção de erva-mate do País. Do total de 939.580 toneladas, 559.408 foram produzidas no Estado.

Os sistemas com erva-mate também serão analisados financeiramente, com o objetivo de avaliar a viabilidade técnica e financeira de cada sistema de produção ao longo de 20 anos. Além de conhecer os principais indicadores financeiros, como valor presente líquido, tempo de retorno do investimento, relação benefício-custo, entre outros, o agricultor precisará organizar suas atividades de campo e planejar suas atividades de manejo e a melhor forma de comercialização.

Segundo o pesquisador Marcelo Arco Verde, da Embrapa Florestas, “após a realização das análises financeiras, os sistemas com erva-mate passarão por simulações de cenários onde o agricultor verá o comportamento da erva-mate diante de variações nos custos de mão de obra e insumos, variações nos preços de venda e variações na produtividade e perdas nas podas de colheitas. Após analisar as várias opções apresentadas, o agricultor poderá escolher como cultivar a erva-mate de acordo com seu perfil de trabalho”.

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