Doenças iniciais da soja colocam em risco o potencial produtivo de toda a safra

Produtor deve focar no manejo preventivo para manter a sanidade da lavoura nesta fase do ciclo, alerta especialista.
Figura 1 – Ferrugem asiática na soja (Phakopsora pachyrhizi)
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As doenças iniciais da soja estão entre os principais desafios para o bom estabelecimento da lavoura. Elas atacam a cultura ainda na germinação, emergência e primeiros estágios de desenvolvimento, fases em que qualquer perda pode se transformar em prejuízo irreversível. Neste momento, outro fator crítico é a alternância climática registrada em diversas regiões produtoras, com chuvas curtas seguidas por períodos de alta temperatura e baixa umidade, o que tem ampliado o risco de infecção por patógenos de solo.

Segundo Diego Braga, Consultor de Desenvolvimento de Mercado da Conceito Agrícola, os impactos vão muito além da aparência inicial da lavoura. “Quando as doenças aparecem no início da soja, o prejuízo é silencioso, porém definitivo. Plantas com baixa sanidade e vigor produzem menos ramos, menos nós produtivos e menor biomassa, o que reduz diretamente a capacidade de gerar vagens e grãos. Além disso, o sistema radicular fica limitado, a absorção de água e nutrientes reduz e a cultura passa a ser mais sensível aos estresses ao longo do ciclo. Na prática, esses fatores se traduzem em redução de produtividade. E o impacto não é apenas agronômico, é econômico. O produtor enfrenta replantio, aplicações extras de fungicidas e atraso de ciclo, o que compromete a rentabilidade da safra como um todo”, afirma.

Principais doenças iniciais

Entre as doenças mais prejudiciais está o tombamento (damping-off), causado pelo complexo de fungos de solo Rhizoctonia solani, Fusarium spp. e Pythium spp., que compromete tanto a germinação quanto a emergência. As sementes apodrecem antes da emergência ou as plântulas emergem, mas sofrem tombamento devido à necrose do colo, gerando falhas de estande que ficam evidentes apenas quando a lavoura já está instalada. Outro grupo relevante é o das podridões radiculares, que gera desenvolvimento lento e desuniforme.

A Phytophthora sojae também preocupa, especialmente em áreas mal drenadas ou com chuva localizada durante o plantio. Ela provoca a morte de plantas jovens, ocasionando grandes falhas no estande e, muitas vezes, necessidade de replantio. Já a antracnose pode atacar nos primeiros estádios vegetativos, resultando em desuniformidade e atraso no crescimento.

Doenças foliares precoces também têm ocorrido com maior incidência. Mancha-alvo (Corynespora cassiicola), mancha-parda (Septoria glycines), crestamento foliar de cercospora (Cercospora kikuchii) e míldio (Peronospora manshurica) reduzem a área fotossintética disponível e impactam diretamente o vigor e o ritmo de desenvolvimento da soja na fase mais sensível do ciclo. “Os primeiros 30 dias definem praticamente todo o teto produtivo. É nesse período que a cultura constrói o sistema radicular, a arquitetura foliar e todo o potencial que será convertido em produtividade na fase reprodutiva. Por isso, a fase inicial é considerada estratégica e merece máxima atenção”, completa o especialista.

O mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum), embora normalmente associado às fases mais avançadas da soja, tem estreita relação com decisões tomadas no início do ciclo. Alta umidade, histórico da área, elevada densidade de plantas e fechamento precoce do dossel favorecem a sobrevivência e germinação dos escleródios no solo, criando condições para infecções severas ao longo da safra. Assim, o manejo inicial exerce influência direta sobre o risco e a severidade da doença.

Além disso, a ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), apesar de se expressar visualmente com maior intensidade a partir do fechamento do dossel, pode iniciar infecções precoces assim que as condições ambientais são favoráveis. Plantas mal estabelecidas, com crescimento desuniforme e estressadas nos estádios iniciais tendem a apresentar menor capacidade de resposta fisiológica, o que antecipa o avanço da doença e compromete a eficiência do controle químico ao longo do ciclo.”

Acompanhamento técnico

Nesse contexto, erros comuns como plantar apenas ao primeiro sinal de chuva, ignorar o vigor real da semente, utilizar um tratamento de sementes (TS) inadequado ou incompatível e trabalhar com velocidade excessiva de plantio podem comprometer o estabelecimento do estande e reduzir o teto produtivo. O tratamento de sementes é a primeira linha de defesa da lavoura. Ele protege a semente e a plântula no exato momento em que elas estão em contato com o solo, fase em que patógenos encontram condições ideais para infecção.

A integração entre fungicidas químicos e biofungicidas à base de Bacillus spp. amplia o espectro de controle e prolonga o residual. O Tratamento de Sementes Profissional Blindado favorece o estabelecimento inicial da soja, com maior vigor e proteção. O resultado observado em campo é de estandes mais uniformes e lavouras que mantêm ritmo de crescimento mesmo sob condições desafiadoras. “O acompanhamento técnico feito desde o planejamento até o estabelecimento do estande permite identificar o melhor momento de plantio, ajustar recomendações de TS, orientar compatibilidade de produtos e antecipar possíveis problemas sanitários reduzindo perdas antes que elas possam se manifestar. O foco não é apenas corrigir falhas, e sim evitar que elas aconteçam”, conclui Braga.

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