Desmatamento cai em todos os biomas do Brasil em 2024

Relatório indica redução de 32,4% no desmatamento em todo o Brasil.
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Pela primeira vez desde o início da série histórica do MapBiomas Alerta, iniciada em 2019, todos os biomas brasileiros apresentaram, no mesmo ano, redução ou estabilidade na área de desmatamento. O dado é um dos destaques da nova edição do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), lançada em 15 de maio de 2025.

Segundo o levantamento, em 2024 houve uma redução de 32,4% na área total desmatada em comparação com 2023, totalizando 1.242.079 hectares de vegetação nativa suprimidos, distribuídos em 60.983 alertas validados.

Este é o segundo ano consecutivo de queda no desmatamento no país — em 2023, a redução foi de 11% em relação a 2022.

Cerrado e Amazônia concentram quase 90% do desmatamento

O Cerrado manteve a liderança como o bioma mais desmatado do Brasil, com 652.197 hectares, representando 52,5% de toda a área desmatada em 2024. Apesar disso, o número representa uma queda significativa de 40% em relação ao ano anterior.

A região do Matopiba (abrangendo Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentrou 75% do desmatamento no Cerrado e cerca de 42% de toda a perda de vegetação nativa no país. O Maranhão novamente liderou como o estado que mais desmatou em 2024, com 218.298 hectares, seguido pelo Pará. Juntos, estes dois estados foram responsáveis por mais de 65% do desmatamento nacional.

Na Amazônia, foram desmatados 377.708 hectares — o menor número da série histórica do RAD. A região da Amacro (Acre, Amazonas e Rondônia) registrou queda pelo segundo ano seguido. Contudo, o Acre apresentou um aumento de 30% no desmatamento em 2024.

Destaques em outros biomas brasileiros

Na Caatinga, foram desmatados 174.511 hectares, com um fato alarmante: o maior alerta individual já registrado pelo MapBiomas Alerta desde 2019 — 13.628 hectares desmatados em uma única propriedade no Piauí, em apenas três meses.

O Pantanal foi o bioma com a maior redução proporcional: 58,6% a menos do que em 2023. Em seguida, destacam-se o Pampa com uma queda de 42,1% e o Cerrado, com 41,2%.

Já na Mata Atlântica, o desmatamento se manteve estável após uma forte redução de quase 60% em 2023. No entanto, os eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul elevaram as perdas de vegetação nativa no estado em 70%.

As formações savânicas continuaram liderando a perda, com 52,4% do total, seguidas pelas formações florestais, com 43,7%.

Queda também nas Unidades de Conservação e Terras Indígenas

Nas Unidades de Conservação, o desmatamento caiu 42,5% em relação a 2023, totalizando 57.930 hectares. A Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo do Xingu, no Pará, liderou com 6.413 hectares desmatados.

Nas Terras Indígenas, houve registro de desmatamento em apenas 33% delas, com queda de 24% em relação ao ano anterior. A Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, no Maranhão, liderou com 6.208 hectares, um aumento preocupante de 125%.

Estados com maior e menor desmatamento

O Maranhão se destacou novamente como o estado que mais desmatou em 2024. Por outro lado, o Goiás apresentou a maior redução proporcional, com 71% a menos que em 2023. Reduções superiores a 60% também foram observadas no Paraná, Espírito Santo e no Distrito Federal.

O impacto acumulado do desmatamento no Brasil

Apesar dos avanços em 2024, o cenário ainda preocupa: desde 2019, o Brasil perdeu quase 10 milhões de hectares de vegetação nativa, uma área equivalente ao território da Coreia do Sul.

A agropecuária segue como a principal responsável, associada a mais de 97% dessa perda. O garimpo concentrou 99% da sua destruição na Amazônia, enquanto 93% da perda relacionada a empreendimentos de energia renovável ocorreu na Caatinga. O Cerrado também respondeu por quase metade do desmatamento ligado à expansão urbana em 2024.

Avanços e desafios

A redução do desmatamento em todos os biomas é um sinal positivo e demonstra o impacto de políticas públicas, fiscalização e mudanças no comportamento produtivo. Entretanto, o desafio de manter e ampliar essa redução persiste, especialmente frente à pressão de atividades como a agropecuária e o garimpo.

O Relatório Anual do Desmatamento reforça a necessidade de ações contínuas e integradas para a proteção dos biomas brasileiros e a promoção de uma economia mais sustentável.

Texto original disponível aqui.

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