A adoção em larga escala de produtos biológicos pelos agricultores ainda enfrenta desafios culturais e técnicos, que variam de acordo com a cultura agrícola e a região do país. Álefe Borges, gestor de produtos da Bionat Soluções Biológicas, comenta que a estratégia para ampliar o uso desses produtos está voltada à difusão de conhecimento técnico. “Nossa abordagem, voltada à conscientização e educação do setor, permite gerar confiança e criar uma conexão sólida com produtores e parceiros”, diz.
Segundo Álefe, no ambiente interno da empresa, a Bionat investe em capacitação contínua de seus colaboradores. Externamente, com o programa Biológico Não É Tudo Igual, promove workshops, palestras, cursos e outros eventos, buscando explicar conceitos fundamentais do controle biológico, visando melhorar a capacidade de escolha do setor para as mais de 750 tecnologias registradas apenas para controle biológico.
Ele explica que existe um desconhecimento sobre biológicos no mercado, o que pode levar a interpretações equivocadas sobre o funcionamento e a dosagem a ser aplicada. “Para os biológicos, por exemplo, não se deve balizar os produtos somente pela precificação, sem considerar dose adequada ou manejo agrícola correto. Essa prática pode levar à subutilização ou desqualificação de produtos mais eficazes”, alerta.
Além disso, lembra que medir o efeito de produtos biológicos nem sempre é simples. Enquanto o controle de pragas pode ser observado de forma direta, os efeitos sobre crescimento e produtividade vegetal exigem comparações criteriosas, o que exige acompanhamento técnico. “O foco da Bionat é combinar educação técnica, suporte contínuo e acompanhamento no campo para ampliar a adoção pelo agricultor e garantir que os produtos biológicos entreguem os resultados esperados”, afirma.
Defensivos Químicos ou Biológicos?
O posicionamento da Bionat em relação aos defensivos químicos envolve uma compreensão realista do mercado e do potencial dos produtos biológicos. Muitas vezes, há uma interpretação equivocada sobre a participação do segmento biológico no setor agrícola, especialmente quando se faz uma comparação direta com o valor total do mercado dos produtos químicos.
Álefe Borges afirma que essa comparação, não é adequada, pois os portfólios são distintos. Enquanto os defensivos químicos contam com herbicidas consolidados, ainda não existem bioherbicidas disponíveis comercialmente. Isso distorce a percepção sobre a relevância dos biológicos, levando a uma participação de cerca de 5% do mercado total de defensivos, equivalente a cerca de R$ 6 Bi. “Entretanto, excluindo os herbicidas, essa participação se aproxima de 10% considerando fungicidas, nematicidas e inseticidas. Isso é relevante, visto que há menos de uma década a representatividade era em torno de 1%”, afirma.
Álefe Borges, Gestor de Produtos da Bionat, explica que a empresa enxerga essas diferenças como oportunidades estratégicas e direciona esforços para o desenvolvimento de bioherbicidas, investindo em tecnologias da primeira à terceira geração em insumos biológicos. “Nosso posicionamento é oferecer soluções eficazes, seguras e sustentáveis, capazes de gerar resultados consistentes em campo e fortalecer a confiança dos produtores, ampliando a adoção dos biológicos na agricultura”, conclui.