Cultivo de seringueira para produção de borracha natural

Descubra como o cultivo de seringueira pode ser viável para a produção de borracha natural e conheça suas características únicas, como elasticidade e resistência.
Rubber latex of rubber tree.
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Crédito Freepik

Fernanda Aparecida Nazário de Carvalho
Engenheira florestal
fernandacarvalhonaz@gmail.com
Kamilla Crysllayne Alves da Silva
Engenheira florestal e mestranda em Recursos Florestais – Universidade de São Paulo (USP)
kamilla.alves@usp.br
Gabriela Mayrinck Fontes Cupertino
Engenheira florestal, mestra e doutoranda em Ciências Florestais – Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
gabriela.mayrinck01@gmail.com
Ananias Francisco Dias Júnior
Engenheiro florestal, doutor em Recursos Florestais e professor – UFES
ananias.dias@ufes.br

A espécie arbórea Hevea brasiliensis, popularmente conhecida como seringueira, é originária da região amazônica (dos países Brasil, Peru, Bolívia e Venezuela). Popularmente conhecida pela fabricação do látex, estudos apontam que existem cerca de 11 espécies de seringueira do gênero Heveae, com características muito semelhantes entre si, na Floresta Amazônica.

Mas, apesar da abundância de espécies, somente algumas conseguem produzir em qualidade e quantidade o famoso látex. O látex é uma seiva leitosa produzida na casca da planta que possui grande valor comercial e econômico para o País.

É a partir do látex que se produz a borracha natural, que apresenta características únicas, como: elasticidade, flexibilidade e resistência. Essa borracha é a matéria-prima para a fabricação de mais de 50 mil produtos industrializados, como calçados, materiais bélicos, adesivos, couro vegetal, materiais cirúrgicos, pneumáticos e muitos manufaturados.

Contexto histórico e produção nacional

Apesar da origem amazônica da seringueira, a implantação de um monocultivo dessa espécie redundou em fracasso nos seringais de Fordlândia (PA) em 1928. Os problemas desse cultivo foram atribuídos a fatores como: a quebra do ambiente natural, os elevados níveis de umidade, temperatura e pluviosidade no decorrer de todo ano.

Essas condições foram favoráveis para o desenvolvimento de fitopatógenos, como o fungo causador do mal-das-folhas (Microcyclus ulei), que provoca desfolhas e pode levar à falência da espécie.

Nesse sentido, problemas de natureza fitotécnica foram os principais motivos para que o cultivo da seringueira fosse estendido para outras áreas de escape. Nessas áreas, as condições ambientais são propícias para o desenvolvimento dos seringais, reduzindo os problemas com a ocorrência de enfermidades fúngicas.

Dessa forma, a produção se estendeu para os Estados de São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Norte do Paraná, Maranhão e Rio de Janeiro. Destes Estados, São Paulo se transformou no maior produtor de borracha natural no Brasil, alcançando uma boa performance da cultivar.

Viabilidade

O monocultivo de seringueira tende a prover retorno econômico consideravelmente rápido, em cerca de 6,0 – 7,0 anos a espécie está apta para a sangria. Além disso, essa espécie permite que culturas intercalares sejam associadas a ela (consórcios), como o café, abacaxi, mamão, feijão, hortaliças e uma grande variedade de espécies, permitindo que o produtor tenha fontes de renda alternativas durante a janela produtiva.

A heveicultura, sob tratos silviculturais corretos, pode produzir látex até 35 anos e ao final do seu ciclo produtivo pode receber outras destinações na indústria madeireira, servindo de matéria-prima para a fabricação de móveis, taboados, forros, portas e caixotarias; podendo também contribuir para a matriz energética.

Além dos ganhos financeiros, o cultivo de seringueiras exerce importante papel prestando serviços ao ecossistema, estocando o carbono atmosférico em grandes quantidades, contribuindo para a preservação do solo e dos corpos d’água.

Produção de borracha natural

Crédito Depositphotos

O cultivo de seringueira para extração de borracha natural tem se tornado, cada vez mais, uma boa opção de renda para os produtores, em que diversas pesquisas indicam um mercado crescente e promissor.

Isso mesmo, aqueles que produzirem vão encontrar mercado, o que se constituirá em uma boa oportunidade para o incremento da produção nacional.

Mercado crescente

O látex é considerado um produto estratégico para a economia devido a sua diversa aplicabilidade na indústria. Ele é fonte de matéria-prima na confecção de vários produtos, como: pneus, brinquedos, preservativos, utensílios de cozinha e materiais hospitalares.

Desse modo, o mercado da seringueira tende a crescer, principalmente após a pandemia de Covid-19, em que a utilização de luvas, máscaras, seringas e entre outros materiais tornou-se crescente.

Custo da produção

Os custos da produção são definidos em classes. Os custos fixos totais são os que não variam de acordo com a quantidade produzida, como os impostos fixos.

Os custos variáveis totais, como o próprio nome diz, são aqueles que variam de acordo com o nível de produção, como por exemplo, adubo e combustíveis. E, por fim, o custo médio, dado pela divisão do custo total pelo número de unidades produzidas. Desta forma, o custo médio inclui as parcelas dos custos fixos e custos variáveis.

Para realizar os cálculos, é necessário obter um conjunto de informações, sem as quais essa tarefa de determinar os custos de produção se torna quase impossível. Assim, as informações que irão auxiliar nesta atividade são: operações agrícolas gerais, operações agrícolas efetuadas por meio de empreita, materiais de consumo, componentes de custos indiretos da produção, insumos, preços das máquinas, mão de obra e preço de venda dos produtos.

Com todas as informações coletadas, é o momento de calcular os custos para a atividade de produção, que deve seguir uma estrutura pré-estabelecida. Primeiro item a ser calculado são as despesas com operações. Aqui, o produtor irá considerar todos os fatores de produção por hectare e multiplicar por seu referente preço.

As despesas com operações realizadas por empreita são feitas por unidade de produto ou hectare e devem ser somadas aos gastos com operações. Despesas com material consumido são a somatória de todo material utilizado por hectare e multiplicado por seu preço.

O Custo Operacional Efetivo (COE) é a somatória dos itens anteriores. Os outros custos operacionais têm a finalidade de alocar parte das despesas gerais da empresa agrícola e dispõe de alguns itens: depreciação de máquinas, depreciação do seringal, encargos diretos e encargos financeiros.

Por fim, se calcula o Custo Operacional Total (COT), que é a somatória do COE e dos outros custos operacionais.

Custo-benefício

O cultivo de seringueira proporciona benefícios econômicos, sociais e ambientais. A atividade de extração do látex é uma atividade manual que exige uso da mão de obra, assim gerando trabalho e renda para a comunidade.

A seringueira apenas inicia o processo de extração na sua fase adulta com cerca de seis a sete anos, sendo um período longo para iniciar as atividades. Entretanto, os agricultores afirmam que o cultivo dessa espécie traz diversos benefícios.

No período em que a árvore está crescendo, o pequeno produtor pode obter renda extra com a diversidade de produção. Com a questão ambiental é possível melhorar a qualidade ambiental das áreas degradadas, ao mesmo tempo que contribui com o desenvolvimento local mais sustentável, além de ajudar na fixação do carbono.

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