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Citros de mesa: tecnologia que muda o sabor do futuro

Da irrigação de precisão à biotecnologia, as novas tecnologias estão transformando o cultivo de citros e desafiando produtores a repensarem seus pomares.
Crédito: Simonetti Citrus
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A busca por maior produtividade, qualidade dos frutos e resiliência frente às mudanças climáticas e aos desafios fitossanitários tem estimulado um conjunto diversificado de inovações na citricultura.

Segundo o pesquisador Dirceu de Mattos Júnior, do Instituto Agronômico (IAC), essas inovações — agronômicas, biológicas, digitais e operacionais — vêm se consolidando como respostas prioritárias aos principais gargalos do setor, especialmente quando combinadas com soluções baseadas em inteligência artificial (IA).

Porta-enxertos e bioinsumos: base para pomares mais saudáveis

Entre os avanços mais significativos está a utilização de porta-enxertos tolerantes a estresses bióticos e abióticos, que oferecem maior eficiência nutricional, controle de vigor e adaptabilidade a diferentes ambientes.

Esses materiais contribuem para a longevidade dos pomares e para a regularidade da produção, refletindo diretamente na qualidade interna e externa dos frutos.

A aplicação crescente de bioinsumos — como inoculantes, biofertilizantes, promotores de crescimento e agentes de controle biológico — favorece o manejo sustentável de solo e planta, reduzindo o uso de químicos e promovendo sistemas mais equilibrados, com frutos uniformes e mais saudáveis.

Natural fresh lime with cut in half and water droplets isolated on white background. Clipping path.

Agricultura de precisão e genética: tecnologia posta à prova

Ferramentas de agricultura de precisão e sensoriamento remoto, incluindo drones, sensores de solo e imagens multiespectrais, permitem mapear a variabilidade espacial dos pomares e aplicar insumos de forma localizada.

Quando combinados a modelos de IA, esses dados fortalecem a tomada de decisão em tempo real, aumentando a eficiência operacional.

Do ponto de vista genético, o desenvolvimento de cultivares com maior tolerância ao HLB, adaptação edafoclimática e atributos comerciais diferenciados — como rendimento de suco e perfil sensorial — amplia as possibilidades de renovação e diversificação dos pomares.

Sistemas de irrigação de precisão, integrados a sensores e modelos preditivos, possibilitam ajustes finos no manejo hídrico, mitigando os efeitos do déficit de água sobre produtividade e qualidade.

Paralelamente, plataformas digitais de gestão agrícola integram dados operacionais, econômicos e ambientais, oferecendo rastreabilidade e inteligência estratégica para o setor.

Sustentabilidade como diferencial competitivo

Práticas agroecológicas, como cobertura vegetal, consórcios, incentivo à polinização e mecanização seletiva, complementam essas inovações, promovendo sustentabilidade e viabilidade econômica.

O alinhamento dessas práticas com plataformas baseadas em IA generativa, como a iniciativa CCD–Smart B100, representa um novo estágio de integração técnico-científica.

A plataforma oferece recomendações robustas e independentes para calagem e adubação, incorporando critérios agronômicos do solo-planta-ambiente, com mais precisão, agilidade e eficiência no uso de insumos.

Novas variedades de citros: aliadas contra clima e pragas

Nos últimos anos, a citricultura tem enfrentado desafios crescentes, principalmente devido às mudanças climáticas e ao aumento na incidência de pragas e doenças, como o greening (HLB). O clima instável, com períodos prolongados de seca ou excesso de chuvas, impacta diretamente a produtividade e a rentabilidade dos pomares.

Segundo a pesquisadora Mariângela Cristofani-Yaly, do Instituto Agronômico (IAC), o desenvolvimento e a adoção de novas variedades de citros mais resistentes surgem como estratégia essencial para garantir a sustentabilidade do setor.

Essas cultivares são frutos de anos de pesquisa e melhoramento genético, com foco em tolerância ao estresse hídrico, temperaturas elevadas e resistência a pragas e doenças.

Investir em pesquisa e ampliar o acesso a essas variedades permite que os produtores preservem os pomares, mantenham a produtividade e entreguem frutas de qualidade, mesmo diante dos desafios ambientais e fitossanitários.

Novos genótipos: inovação genética a serviço da citricultura

A avaliação extensiva de novos genótipos tem possibilitado a seleção de cultivares de copa e porta-enxertos aptos a atender tanto à citricultura industrial quanto ao mercado de frutas frescas.

Genótipos submetidos a estresse abiótico (como seca) e biótico (pragas e doenças) têm revelado elevado potencial genético, ampliando as possibilidades de inovação na produção.

Após décadas de cruzamentos, hibridações e seleção no Banco de Germoplasma de Citros (BAG Citros), o Centro de Citricultura vem lançando novas variedades de copas e porta-enxertos.

Entre os destaques estão os citrandarins, híbridos oriundos do cruzamento entre a tangerina Sunki e o Poncirus trifoliata Rubidoux, registrados no RNC/MAPA e com excelente desempenho agronômico.

A tendência de plantas de menor porte, mas com alta produtividade, aliada ao uso de porta-enxertos ananicantes, indica grande potencial para cultivo em altas densidades, reforçando a importância do investimento em materiais promissores.

Crédito: Simonetti Citrus

Porta-enxertos em destaque

Citrandarin IAC 3010 Pindorama: induz à limeira ácida Tahiti porte vigoroso, com boa qualidade de fruta, alta tolerância à seca e excelente produtividade. Favorece maiores colheitas no segundo semestre, ampliando a rentabilidade.

Citrandarin IAC 3128 Guanabara: induz copa semi-vigorosa, ótima qualidade de fruta, tolerância à seca superior ao citrumelo Swingle e compatível com a laranja Pera, promovendo elevada produtividade.

Citrandarin IAC 3152 Itajobi: ideal para cultivo adensado de limeira Tahiti e laranjas Pera e Valência. Induz copa semi-ananicante e apresenta tolerância à seca superior ao trifoliata Flying Dragon e à tangerina Sunki.

Citrandarin IAC 3299 Muriti: copa semi-vigorosa, boa produtividade e tolerância à seca, indicado para laranjas Valência, Pera e tangerina Fremont.

Materiais introduzidos e selecionados

Além das cultivares do Programa de Melhoramento de Citros (PMC), o Centro de Citricultura mantém citrandarins introduzidos do USDA na década de 1980, conservados no BAG Citros e avaliados em condições ambientais do Estado de São Paulo:

– Citrandarin Changsha x English small IAC 1710: tolerante à tristeza e ao declínio, resistente à gomose e ao nematoide, com alta produtividade e compatível com laranja Pera.

Citrandarin IAC 1600: alta tolerância à seca, menor incidência de HLB, qualidade de frutos consistente e indicado para manejo nutricional eficiente.

Citrandarin IAC 1711: bom índice tecnológico, excelente relação açúcar/acidez e produtividade estável, com menor incidência de HLB.

Citrandarin IAC 3222: copa vigorosa e frutos de boa qualidade, com tolerância à seca e ao HLB, indicado para laranja Valência.

Tecnologia e inovação garantem competitividade

O investimento contínuo em pesquisa genética e melhoramento de citros permite que o setor enfrente os desafios climáticos e fitossanitários, ao mesmo tempo em que oferece alternativas de alta produtividade e qualidade.

Com essas novas variedades e porta-enxertos, os citricultores podem cultivar de forma mais sustentável, eficiente e competitiva, assegurando a viabilidade econômica da citricultura brasileira.

Plantio adensado: aproveitando melhor cada hectare

O sistema de plantio adensado surge como uma estratégia eficaz para maximizar a produção nos pomares de citros. De acordo com Ana Carolina Arantes, pós-doutoranda do Instituto Agronômico (IAC), a lógica é simples: menor espaçamento entre as plantas significa mais unidades por hectare e, consequentemente, maior produção por metro quadrado.

Para que o sistema funcione de forma eficaz, é necessário utilizar plantas com copas menores, conhecidas como ananicantes ou semi-ananicantes, que permitem reduzir o espaçamento sem comprometer a formação e o desempenho do pomar.

Esse ajuste garante que cada planta receba luz, água e nutrientes suficientes, mantendo a produtividade mesmo com alta densidade de plantio.

Podas estratégicas: saúde e produtividade andam juntas

As podas nas plantas de citros são manejos direcionados a situações específicas, fundamentais para equilibrar crescimento vegetativo e produção de frutos. Segundo Ana Carolina, existem três tipos principais:

Poda de formação: remoção de ramos para moldar a copa das plantas jovens.

Poda severa: corte drástico dos ramos de plantas adultas para renovar a copa.

Poda de produção: retirada de ramos “ladrões”, que competem por luz, nutrientes e água, prejudicando a frutificação.

Quando realizadas de forma estratégica, as podas contribuem para a sanidade das plantas, eliminando ramos não saudáveis ou excessivamente vegetativos, e permitem que os ramos produtivos recebam luz e recursos adequados. O resultado é um pomar mais equilibrado, com maior produtividade e qualidade dos frutos.

Integração de plantio adensado e poda estratégica

A combinação do plantio adensado com podas estratégicas representa uma abordagem inteligente para os citricultores modernos. O uso de copas menores em alta densidade, aliado à poda correta, permite otimizar espaço, reduzir competição entre plantas e aumentar a eficiência produtiva.

Essa integração é essencial para enfrentar os desafios atuais da citricultura, garantindo pomares mais saudáveis, uniformes e produtivos.

Colheita escalonada: frutos o ano todo e melhor planejamento

Outro manejo estratégico que tem ganhado destaque é a colheita escalonada. Segundo Ana Carolina, ela permite que os citricultores tenham frutos disponíveis ao longo de todo o ano, eliminando o chamado período de entre safra.

“Essa prática é possível graças ao plantio de variedades com diferentes ciclos de produção, como precoces, de meia estação e tardias. Cada variedade entra em produção em um momento diferente, garantindo fornecimento contínuo de frutas e otimizando o trabalho no campo”, detalha.

No aspecto comercial, a colheita escalonada reduz a variação de oferta de frutos no mercado, proporcionando uma renda mais constante ao produtor. No planejamento operacional, é necessário organizar o manejo para que todas as variedades sejam colhidas no período correto, equilibrando esforço de colheita e logística de produção.

Inteligência artificial na citricultura: uma revolução no manejo

A integração da inteligência artificial (IA) ao manejo da citricultura está transformando a maneira como os produtores tomam decisões, utilizam recursos e enfrentam desafios produtivos.

Segundo Dirceu Júnior, do IAC, a IA permite o uso de dados em tempo real para prever riscos, otimizar insumos e personalizar o cuidado com os pomares, resultando em ganhos expressivos de produtividade, sustentabilidade e competitividade.

Detecção precoce e intervenções precisas

Na prática, ele explica que sensores, drones e imagens de satélite podem identificar com precisão sintomas de pragas, doenças como o HLB, deficiências nutricionais ou estresses hídricos.

Esses dados alimentam modelos que antecipam problemas, orientando intervenções antes que os danos se tornem visíveis. Com isso, o manejo se torna mais eficiente, reduzindo perdas e custos operacionais.

Recomendações personalizadas e uso racional de insumos

Algoritmos de IA permitem gerar recomendações específicas por talhão, levando em conta características do solo, clima, variedade e estágio de desenvolvimento das plantas.

Essa precisão favorece a aplicação localizada de fertilizantes, defensivos e irrigação, promovendo o uso racional de insumos e reduzindo impactos ambientais. Além disso, o pesquisar conta que estimativas de pegada de carbono e água podem ser calculadas, reforçando a sustentabilidade do sistema produtivo.

CCD–Smart B100: IA a serviço da calagem e adubação

Um exemplo concreto dessa transformação é o projeto CCD–Smart B100, coordenado pelo Centro de Citricultura (IAC). A plataforma, baseada em IA generativa, auxilia no manejo da calagem e adubação, integrando critérios agronômicos do solo, planta e ambiente em decisões ágeis, robustas e independentes.

“O objetivo é aumentar a eficiência do uso de insumos, beneficiando desde grandes produtores até agricultores familiares e promovendo maior competitividade para o setor”, esclarece Dirceu.

Crédito: Simonetti Citrus

Precisão, rastreabilidade e conformidade

Com máquinas inteligentes e decisões baseadas em dados, os produtores ganham em precisão, agilidade e economia. Plataformas com IA também facilitam a rastreabilidade da produção e a conformidade com exigências de mercados mais rigorosos, apoiando certificações e ampliando o acesso a nichos de maior valor agregado.

Potencializando o conhecimento humano

A IA não substitui o conhecimento do produtor ou do agrônomo, mas o potencializa. Ao transformar dados em inteligência acionável, amplia a capacidade de compreender os sinais do campo e agir estrategicamente.

Essa convergência entre ciência agronômica e tecnologias digitais cria um novo paradigma para a agricultura tropical, com impactos concretos na resiliência, produtividade e competitividade da citricultura brasileira.

Pesquisas do IAC impulsionam inovação na citricultura

Rodrigo Marcelli Boaretto, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), explica que o Grupo de Nutrição dos Citros conduz pesquisas focadas no desenvolvimento de estratégias nutricionais que aumentam a produtividade e a resiliência dos pomares. Segundo ele:

“A incorporação de fósforo na linha de plantio, antes da implantação do pomar, mostrou-se essencial. É a única oportunidade de distribuir o nutriente por todo o perfil do solo.”

Micronutrientes: zinco e cálcio como aliados da produtividade

Boaretto destaca ainda que o fósforo pode ser associado à aplicação de zinco, otimizando o aproveitamento desde as fases iniciais do cultivo.

“Além disso, a fertirrigação surge como ferramenta estratégica. Estudos demonstram que ela pode aumentar em até 25% a eficiência de utilização de nutrientes quando comparada ao manejo com fertilizantes sólidos.”

O pesquisador ressalta o papel do cálcio fornecido via fertirrigação: “O cálcio melhora a estrutura dos tecidos vegetais, tornando-os mais resistentes à ação mecânica e reduzindo a suscetibilidade a doenças.”

Nutrição como ferramenta de sanidade e resiliência

A relação entre nutrição adequada e sanidade das plantas é direta, especialmente frente a estresses abióticos como seca e calor intenso. Boaretto enfatiza:

“O manejo nutricional adequado não apenas protege contra doenças, mas também prolonga a vida útil dos pomares, assegurando produtividade constante ao longo dos anos.”

Ele reforça que a suplementação preventiva de micronutrientes, especialmente em pomares jovens, é crucial para atender à alta demanda inicial da cultura.

Sistemas modernos exigem atenção ao magnésio

Nos pomares voltados a altas produtividades desde os primeiros anos, Boaretto observa que o magnésio proveniente do calcário nem sempre supre totalmente as necessidades da planta: “É necessário complementar com fontes específicas para garantir o crescimento adequado e a eficiência produtiva.”

Pesquisa aplicada para uma citricultura mais competitiva

Cada estudo desenvolvido pelo Grupo de Nutrição dos Citros do IAC fortalece a base técnica que sustenta uma citricultura eficiente, sustentável e competitiva.

“Nosso objetivo é fornecer informações e práticas que permitam ao setor responder rapidamente aos novos desafios, garantindo produtividade e qualidade ao longo de toda a vida do pomar,” conclui Boaretto.

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