Luíz Guilherme Malaquias da Silva
Cientista de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
lg.malqs@gmail.com
Giovanni Aleixo Batista
Engenheiro de Alimentos e mestrando em Ciência dos Alimentos (UFLA)
giovannialeixob@gmail.com
Carlos Alexandre Rocha da Costa
PhD. em Ciência dos Alimentos (UFLA)
alexandre.vitae@gmail.com
As embalagens produzidas a partir do bagaço de cana-de-açúcar têm se mostrado uma alternativa eficiente e sustentável para a conservação de hortifrutícolas durante o transporte e armazenamento, pois apresentam boa resistência mecânica, reduzindo danos físicos aos produtos, além de promoverem trocas gasosas equilibradas, o que contribui para retardar o amadurecimento e a deterioração.
Sua leve porosidade auxilia no controle da umidade interna, limitando o acúmulo de água e, consequentemente, a proliferação de microrganismos indesejáveis.
Por serem biodegradáveis e livres de compostos tóxicos, essas embalagens minimizam riscos de contaminação e atendem à demanda por soluções ecologicamente corretas, ao mesmo tempo em que preservam a qualidade visual e nutricional dos alimentos, reduzindo perdas pós-colheita, especialmente em produtos sensíveis como frutas vermelhas, tomates e folhosas.
Práticas responsáveis
As embalagens feitas a partir do bagaço de cana-de-açúcar influenciam positivamente a percepção dos consumidores em relação à sustentabilidade dos produtos hortifrutícolas, pois são associadas a práticas ambientalmente responsáveis e à redução do uso de plásticos convencionais.
Ao optarem por produtos embalados com materiais biodegradáveis e de origem renovável, muitos consumidores percebem um compromisso da marca ou produtor com a preservação ambiental, o que agrega valor ao produto e fortalece sua imagem no mercado.
Além disso, esse tipo de embalagem comunica visualmente uma proposta ecológica, o que pode aumentar a confiança do consumidor, influenciar decisões de compra e reforçar a preferência por alimentos considerados mais saudáveis e produzidos de forma ética.
Obstáculos
Os principais desafios enfrentados pelos produtores de hortifrúti para a adoção de embalagens sustentáveis, como as feitas a partir do bagaço de cana-de-açúcar, envolvem aspectos econômicos, logísticos, técnicos e culturais.
Um dos maiores entraves é o custo mais elevado dessas embalagens em comparação às convencionais de plástico, o que pode impactar diretamente a competitividade, especialmente para pequenos e médios produtores.
Além disso, há limitações na oferta e distribuição em larga escala dessas embalagens, dificultando o acesso em regiões mais afastadas dos grandes centros. Do ponto de vista técnico, a durabilidade e resistência das embalagens biodegradáveis ainda podem ser menores em comparação ao plástico tradicional, especialmente em condições de alta umidade ou transporte de longa distância.
Por fim, é fundamental ampliar a conscientização dos consumidores para que o valor ambiental dessas embalagens seja reconhecido e considerado um critério de escolha, mesmo diante de possíveis variações de preço.
Redução dos resíduos
A biodegradabilidade das embalagens impacta significativamente a redução dos resíduos no setor de hortifrúti ao permitir que os materiais descartados se decomponham naturalmente em um curto período, sem deixar resíduos tóxicos ou microplásticos no meio ambiente.
Diferente das embalagens plásticas convencionais, que podem levar centenas de anos para se degradar, as embalagens biodegradáveis — como as feitas de bagaço de cana-de-açúcar integram-se rapidamente aos ciclos biológicos, podendo inclusive ser compostadas junto com restos vegetais.
Isso reduz o volume de resíduos sólidos em aterros sanitários, diminui a poluição ambiental e contribui para práticas mais sustentáveis ao longo de toda a cadeia de produção e comercialização de frutas e hortaliças.
Exigências ambientais
As embalagens sustentáveis feitas a partir do bagaço de cana-de-açúcar contribuem significativamente para o cumprimento das exigências ambientais e regulatórias do setor hortifrutícola ao atenderem critérios relacionados à redução do impacto ambiental, à responsabilidade socioambiental e à economia circular.
Por serem biodegradáveis, compostáveis e provenientes de fontes renováveis, essas embalagens se alinham às diretrizes de políticas públicas que visam a diminuição do uso de plásticos de origem fóssil e o incentivo ao uso de materiais ecologicamente corretos.
Além disso, muitas normas e certificações voltadas à rastreabilidade e sustentabilidade da cadeia de alimentos, como os protocolos de boas práticas agrícolas e certificações ambientais exigidas para exportação, valorizam ou exigem o uso de embalagens que não causem danos ao meio ambiente.
Inovação tecnológica
Uma das principais inovações tecnológicas incorporadas às embalagens feitas de bagaço de cana-de-açúcar é a adição de revestimentos ativos ou funcionais, como filmes com propriedades antimicrobianas, antioxidantes ou hidrofóbicas, que contribuem para prolongar a vida útil dos hortifrutícolas durante o transporte e a exposição no ponto de venda.
Além disso, avanços na engenharia de materiais têm permitido o desenvolvimento de embalagens com melhor resistência mecânica e térmica, mantendo a integridade dos produtos mesmo sob condições adversas de logística.
Algumas soluções também envolvem designs estruturais otimizados, com aberturas estratégicas que favorecem a ventilação e reduzem o acúmulo de umidade. Em conjunto, essas inovações não só melhoram a conservação dos alimentos, como também reforçam o apelo sustentável e funcional das embalagens no mercado.
Sustentabilidade e inovação: Soluções DaColheita para o agronegócio
O conceito de sustentabilidade, especialmente no que diz respeito ao meio ambiente, ocupa hoje um papel central nas estratégias de empresas e indústrias. Mais do que uma tendência, tornou-se uma exigência crescente da sociedade.
Essa abordagem abrange também as dimensões social e econômica, promovendo o equilíbrio entre as necessidades do presente e a responsabilidade com as futuras gerações.
Nesse contexto, o uso de matérias-primas renováveis e o reaproveitamento de resíduos por meio da reciclagem ganham cada vez mais relevância. É com esse foco que a Termotécnica se destaca, desenvolvendo soluções inovadoras com foco na redução do impacto ambiental.
Embalagens biodegradáveis com fibras vegetais
Uma das mais recentes novidades da Termotécnica é a linha DaColheita Bio, uma embalagem biodegradável voltada ao segmento de frutas, legumes e verduras (FLV) orgânicos.
Produzida com fibras vegetais extraídas do bagaço de cana-de-açúcar, resíduo abundante e renovável no Brasil, a linha é fruto de uma abordagem de economia circular, que transforma subprodutos da agroindústria em soluções ecológicas para o agronegócio.
As bandejas DaColheita Bio são biodegradáveis, compostáveis (tanto em ambientes domésticos quanto industriais) e foram desenvolvidas para preservar o frescor dos alimentos, resistindo à umidade e ao manuseio. “A DaColheita Bio é o primeiro passo de um plano estratégico de médio e longo prazo para diversificar nossa matriz de materiais”, afirma Albano Schmidt, presidente da Termotécnica.
Clientes já adotam com sucesso essa solução
A receptividade do mercado tem sido positiva, especialmente entre produtores e varejistas do setor orgânico. “Utilizo as bandejas DaColheita Bio e consigo armazená-las em um espaço muito menor. Hoje, uso menos de um terço do espaço necessário para outras bandejas. Elas também resistem bem à umidade da câmara fria, sem deformar ou perder firmeza”, destaca Airton Bueno, proprietário da Frutas Luma.
Além da funcionalidade, as embalagens sustentáveis também contribuem para o reposicionamento de marca, agregando valor junto a consumidores cada vez mais atentos ao impacto ambiental de suas escolhas.
Selo “Sou Reciclável” incentiva a economia circular
Poucas pessoas sabem que o EPS/isopor* é um plástico e, como qualquer outro plástico, pode ser totalmente reciclado. Com a finalidade de potencializar a reciclagem do EPS das embalagens pós-consumo, a Termotécnica possui o portal Sou Reciclável (soureciclavel.com.br).
Este portal traz informações da importância de reciclar esse material, como reciclar e, muito importante, onde encontrar os pontos de descarte mais próximos em todo o país.
Para ampliar essa rede de parceiros, empresas e entidades que quiserem se juntar ao Programa Reciclar EPS podem fazer o cadastramento diretamente no site. No portal também são apresentados mitos e fatos sobre a reciclagem do EPS e os números do programa.
Além disso, o selo Sou Reciclável também está incluído nas embalagens das conservadoras DaColheita da Termotécnica com o QR Code “Acesse e Recicle”. Dessa forma, as pessoas já têm facilmente em mãos todas as informações para destinação correta das embalagens.
*Isopor é uma marca registrada por terceiros.
