Calagem favorece aproveitamento de nutrientes

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Publicado em 25 de abril de 2018 às 07h25

Última atualização em 25 de abril de 2018 às 07h25

Acompanhe tudo sobre Água, Boro, Calagem, Cálcio, Cerrado, Manganês, Matéria orgânica, Nitrogênio, Plantio direto, Zinco e muito mais!

Paulo Ricardo de Jesus Rizzotto Júnior

Luiza Elena Ferrari

Engenheiros agrônomos e mestrandos em Fitotecnia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Gerarda Beatriz Pinto da Silva

Pós-doutoranda em Fitotecnia ” UFRGS

gerardabeatriz@gmail.com

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A calagem é uma prática de manejo de solo que visa a obtenção de maiores e melhores produções agrícolas. Possui grande relevância pelo fato de que grande parte dos solos brasileiros apresenta limitações ao estabelecimento e desenvolvimento de culturas agrícolas, em decorrência dos efeitos da acidez. Para solos com pH abaixo de 5, característica presente na maioria dos solos cultiváveis no País, considera-se que a faixa ideal de pH para as culturas esteja entre 5,7 e 6,3.

A aplicação de calcário favorece o aproveitamento de nutrientes, diminuindo a acidez do solo e neutralizando o íon H+. Com a elevação do pH do solo, aumenta-se a absorção de água e insolubilizam-se elementos tóxicos como alumínio (Al) e manganês (Mn).

Ocorre o aumento da disponibilidade de macronutrientes como o fósforo (P), devido à redução da acidez e aumento do íon OH na solução do solo, além de elevar a disponibilidade de nitrogênio (N), pois favorece a mineralização da matéria orgânica.

O elemento enxofre (S) também sofre influência, sendo liberado para absorção das plantas pela decomposição da matéria orgânica quando o pH é elevado. Os micronutrientes boro (Bo) e molibdênio (Mo) têm disponibilidade promovida no solo devido à elevação do pH, além do fornecimento de cálcio (Ca2+) e magnésio (Mg2+) contidos no próprio corretivo.

Deve-se salientar que com a elevação excessiva do pH, principalmente acima de 6,5, ocorre a diminuição da disponibilidade de micronutrientes, como zinco (Zn), manganês (Mn), cobre (Cu) e ferro (Fe). Desta forma, há de se cuidar com aplicações excessivas de calcário (supercalagem), que podem levar à ocorrência de precipitações de P e à mineralização da matéria orgânica.

Aproveitamento

Devido à calagem, ocorrem trocas catiônicas desencadeadas pela aplicação dos corretivos. Por meio das reações químicas geradas no solo, formando íons OH-, a acidez ativa (H+) é neutralizada, causando a elevação do pH. Devido a esses processos, há a precipitação de elementos tóxicos como Al3+ e Mn2+. Também podem ocorrer a precipitação de outros micronutrientes metálicos, como Cu2+, Fe2+, Fe3+ e Zn2+, diminuindo a disponibilidade destes.

Outro fator de extrema relevância é que a calagem gera cargas negativas no solo, aumentando a capacidade de troca de cátions (CTC). Consequentemente, a retenção de cátions sofre aumento, principalmente para os macronutrientes de grande importância, e reduz a lixiviação de bases. Esta prática de manejo também favorece o aproveitamento de nutrientes no solo pelo fenômeno de troca catiônica, pelo fato dos corretivos possuírem Ca2+ e Mg2+, ocupando o lugar dos cátions de caráter ácido.

 A calagem tem efeito sobre microrganismos benéficos, que aumentam sua atividade no solo - Crédito Ana Maria Diniz
A calagem tem efeito sobre microrganismos benéficos, que aumentam sua atividade no solo – Crédito Ana Maria Diniz

Disponibilidade de fósforo

Com a elevação da CTC do solo, através da calagem, o principal nutriente disponível é o P, especialmente pela formação de fosfatos de cálcio. O fósforo tem grande importância, visto que está associado ao desenvolvimento e crescimento das raízes.

A calagem também tem um efeito sobre microrganismos benéficos, os quais aumentam sua atividade no solo, principalmente na presença de matéria orgânica. Desta forma, disponibiliza nutrientes essenciais, tais como o N e S, ambos de extrema relevância no processo de fotossíntese das plantas.

Critérios para uma calagem bem feita

A fim de se determinar a quantidade de calcário ou corretivo, com o objetivo de diminuir a acidez do solo e alcançar uma condição desejada, deve-se levar em consideração o tipo de solo, o sistema de produção a ser empregado (plantio convencional ou plantio direto) e as culturas que serão utilizadas. É de fundamental importância saber a sensibilidade da espécie a ser cultivada, visto que a maioria das plantas de interesse agropecuário já possui seu pH de referência definido.

Em relação ao tipo de solo e ao manejo empregado, há diversos métodos quepodem ser utilizados para definição da dose de calcário adequada. Salienta-se que esses métodos somente serão eficientes a partir de uma análise química prévia do solo, para que a recomendação seja baseada nos valores indicados na análise.

A recomendação de calagem também pode ser realizada com base no índice SMP, utilizado oficialmente nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O mesmo fundamenta-se no decréscimo de pH de soluções-tampão em laboratórios, cujos valores de necessidade de calcário já estão determinados, com PRNT (Poder Relativo de Neutralização Total) a 100%.

Já nas regiões sudeste e centro-oeste, principalmente o Estado de Minas Gerais e o Cerrado, utilizam o método da saturação por bases, com recomendações entre 30 e 70%, o qual leva em consideração o pH e a saturação por bases do solo.

Manejo da calagem

Recomenda-se aplicar calcário de três ou mais meses antes da semeadura da cultura, visando-se obter os efeitos esperados. Normalmente os corretivos de acidez do solo são aplicados de modo uniforme na superfície e incorporados.

Para cultivos anuais, o corretivo deve ser incorporado na camada de 0 a 20 cm, com posterior aração e gradagem. Já em cultivos permanentes (frutíferas e florestais), recomenda-se incorporar o calcário, preferencialmente, nas camadas mais profundas do solo.

No caso de áreas com plantio direto consolidado, a correção ocorre em camadas de 0 a 10 centímetros, pois presume-se que a área já tenha sido corrigida nas camadas mais profundas. Nesses casos, a aplicação do calcário ocorre de modo superficial ao solo.

Em ocasiões onde as doses de calcário necessárias são acima de cinco toneladas por hectare, recomenda-se o fracionamento da aplicação. Sugere-se que a metade da dose seja aplicada na superfície do solo e incorporada com uma grade pesada ou com aração após aplicação da segunda metade, que deve ser incorporada da mesma forma que a primeira, seguida de uma grade niveladora para melhor uniformizar a incorporação e o nivelamento do solo.

Essa matéria completa você encontra na edição de março/abril 2018  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua para leitura integral.

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