Café e os custos energéticos dos estresses

José Donizeti Alves, professor e consultor da FisioCafé Consultoria e Palestras Ltda, produziu um material para a Revista Campo & Negócios os processos energéticos do café.

Publicado em 21 de novembro de 2022 às 12h00

Última atualização em 21 de novembro de 2022 às 12h00

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Crédito Marcelo Linhares

José Donizeti Alves
Professor e consultor – FisioCafé Consultoria e Palestras Ltda
fisiocafeconsult@gmail.com

Pela fotossíntese das folhas, o cafeeiro produz glicose que serve como substrato para a respiração (glicólise, ciclo de Krebs e cadeia de transporte de elétrons mitocondrial), que tem como uma das funções produzir energia na forma de ATP (36 ATPs/glicose).

O “pool” de Adenosina Tri Fosfato (ATP) serve como um depósito temporário de energia, que é prontamente utilizável pela célula na realização de suas funções, entre elas: fazer a planta crescer, produzir e sobreviver.

Para cada um desses processos, é requerida uma certa quantidade de energia que, em termos bioquímicos, é definida como custo energético de construção ou preservação.

Sob condições normais de clima e com um manejo adequado, a maior fração dessa energia é carreada para atender os processos de crescimento e produção e uma pequena parte é utilizada no combate aos estresses do dia a dia.

Por outro lado, sob condições de clima adverso ou de manejo inadequado, a maior parte da energia é desviada para montar estratégias de sobrevivência e não para os processos de crescimento e produção.

Atenção

É importante destacar que ao contrário do que muitos pensam, aceitar a bienalidade não é negar o papel central da produção de grãos pelo cafeeiro, mas sim reconhecer que a produção de biomassa, como um meio de produzir e armazenar energia, é uma estratégia que o cafeeiro utiliza para deixar mais descendentes (sementes) no próximo ano.

Este raciocínio leva a concluir que a alta produtividade, pelo alto custo metabólico na produção de um grande número de sementes, queiramos ou não, é fator de estresse para o cafeeiro, que ele contorna com a alternância de produção entre os anos.

Sem defesas

Reconhecido o estresse, no cafeeiro, quando murcham as folhas apenas nas horas mais quentes do dia, aumenta a respiração (consome mais glicose) para produzir mais energia a ser utilizada, por exemplo, na síntese de ABA (para fechar os estômatos) e de etileno (para inibir o crescimento), ativação de sistemas antioxidantes e produção de outras moléculas sinalizadoras.

Na sequência, quando o estresse já está instalado e é perceptível pelas folhas murchas ao amanhecer, e já ressecadas, a planta aumenta ainda mais a produção e gasto de energia.Com a intensificação do estresse, a pressão ambiental rompe as barreiras de defesas e inicia-se a morte de radicelas, queda de estruturas reprodutivas, ramificações e ramos ladrões, modificações celulares como cavitação no xilema, disparo na síntese de etileno, aumento na toxidez das EROS e paralização na síntese de antioxidantes que em conjunto, dá início à senescência geral da planta.

Finalmente, como golpe final, há o esgotamento das reservas e da energia das plantas com o iminente colapso de todas as funções fisiológicas do cafeeiro. Como resultado, a produção é mínima (catação) e o replantio é a única solução para a continuidade da atividade cafeeira.

De maneira bastante resumida, tentei mostrar os custos energéticos dos estresses do cafeeiro e como eles desviam a energia que poderia ser utilizada para os crescimentos vegetativo e reprodutivo.

Percebe-se que os custos energéticos aumentam com a intensidade e duração do estresse.

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