Cadeia produtiva discute novos rumos para o trigo paulista

São muito positivas as perspectivas de avanços no mercado do trigo em São Paulo. O Estado, maior mercado consumidor de farinha de trigo do Brasil, quase triplicou a produção do cereal nos últimos cinco anos – de 90 mil de toneladas em 2013 para 250 mil toneladas em 2017 –, mas o principal benefício foi o aumento de 200% em produtividade por conta do avanço do melhoramento genético e, principalmente, pelo alinhamento entre os diferentes elos da cadeia.

Publicado em 10 de maio de 2019 às 13h01

Última atualização em 10 de maio de 2019 às 13h01

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São muito positivas as perspectivas de avanços no mercado do trigo em São Paulo. O Estado, maior mercado consumidor de farinha de trigo do Brasil, quase triplicou a produção do cereal nos últimos cinco anos – de 90 mil de toneladas em 2013 para 250 mil toneladas em 2017 –, mas o principal benefício foi o aumento de 200% em produtividade por conta do avanço do melhoramento genético e, principalmente, pelo alinhamento entre os diferentes elos da cadeia.

Segundo a Câmara Setorial do Trigo de São Paulo, dois fatores impactaram neste avanço: a restrição do número de cultivares no mercado para apenas as que atendem a demanda local e a chegada de cultivares mais produtivas e resistentes às doenças.

Inserido neste cenário, aconteceu no dia 19 de fevereiro o 1º Seminário Técnico do Trigo de São Paulo. Promovido pela Biotrigo Genética e apoiado pela indústria sementeira, moageira e pelos principais cerealistas do Estado, o evento reuniu no Espaço Verde Michetti, em Itapeva (SP), cerca de 150 pessoas entre produtores de sementes, multiplicadores, cerealistas, técnicos, moinhos e triticultores do Estado. A cidade, localizada no sudoeste paulista, é a maior produtora do cereal do estado, com 65% da área cultivada.

Entre os temas em debate, o resultado do avanço em pesquisas realizadas para combater doenças de difícil controle; dinâmica da formação do preço do cereal e impactos do mercado internacional; qualidade industrial na visão da cadeia produtiva; cultivares recomendadas para região e os impactos positivos que a produção do trigo pode trazer para toda a cadeia produtiva de São Paulo.

“O seminário é um momento para atualizar sobre as demandas do mercado, mas também uma oportunidade para fortalecer as relações entre os diferentes segmentos da cadeia do trigo, reforçando a integração do campo com a indústria, mediados pelo melhoramento genético e a Câmara Setorial do Trigo, em prol da melhoria da qualidade das cultivares oferecidas aos produtores, do grão para a indústria e da farinha aos consumidores finais”, ressaltou Fernando Michel Wagner, gerente Regional Norte (PR, SP, Cerrado, Paraguai e Bolívia) da Biotrigo Genética.

Avanços na qualidade industrial

Christian Saigh, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), disse que o evento foi importante para todo o setor paulista, pois uniu os elos da cadeia e apresentou variedades de trigo que garantem produtividade no campo e que agradam a indústria moageira.

“É muito importante a realização desse Seminário em nosso estado, na cidade de Itapeva, que representa uma região de muito trigo. Aqui estão as quatro maiores cooperativas do Estado, que representam mais de 70% da comercialização do cereal. Sem dúvida, foi uma excelente oportunidade, tendo em mente que daqui a poucos dias os produtores estarão escolhendo o que vão plantar”, destaca.

Para o presidente da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo, Mauricio Ghiraldelli, o salto de qualidade do trigo paulista aconteceu quando o mercado começou a enxergar que a pesquisa está extremamente ligada à produção. “No passado tivemos grandes problemas com a falta de liquidez na venda do trigo, porque geralmente os trigos não atendiam a demanda da indústria local. Nos últimos anos quando a pesquisa, em especial a Biotrigo, focou seu programa de melhoramento na qualidade industrial dos materiais e nas demandas de consumo, o trigo paulista mostrou seu potencial e a produtividade do cereal aumentou 200%. Isso aconteceu também porque, em 2013, quebramos um paradigma e reduzimos de mais de 60 cultivares disponíveis no mercado para menos de 10. Agora somente recomendamos o cultivo daquelas aptas para oferecer um grão melhor para os moinhos e, consequentemente, um produto final de maior qualidade para o consumidor”, disse.

A estimativa da entidade é que o Estado tenha um potencial de produzir pelo menos meio milhão de toneladas a mais do que se produziu em 2017. Esse acréscimo reduziria a dependência pelo trigo argentino em 40% e abasteceria o mercado interno. “Atualmente, importamos 60% do nosso consumo de outros países, basicamente da Argentina, pela característica do produto final que o consumidor exige e pela facilidade logística. No entanto, se aumentarmos mais a área em São Paulo com cultivares de qualidade, as indústrias paulistas absorveriam certamente este volume internamente”, reforçou.

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