Brucelose Bovina: entenda os prejuízos e a eficácia da revacinação no controle da doença

Gado precisa ser prevenido da Brucelose Bovina
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Doença causada principalmente pela bactéria Brucella abortus, a brucelose bovina é responsável por altos prejuízos na cadeia produtiva. Um estudo publicado em 2013 demonstra que as perdas derivadas da brucelose no Brasil foram estimadas em R$420,12 e R$226,47 para cada fêmea infectada acima de 24 meses de idade em rebanhos de leite e corte, respectivamente. Os cálculos incluem gastos relacionados com as ocorrências de abortos, natimortos, subfertilidade, descartes involuntários, mortalidade, intervenções veterinárias e diminuição da produção de leite e de carne.

A porta de entrada mais importante da bactéria é pelo trato digestivo, conforme detalha o médico-veterinário Rafael Luiz, gerente de mercado de Gado de Leite na MSD Saúde Animal. “A infecção se inicia quando um animal suscetível ingere água ou alimentos contaminados. Além disso, um animal pode adquirir a doença ao cheirar fetos abortados, pois a bactéria pode entrar pelas mucosas do nariz e dos olhos. E as fêmeas prenhes ainda podem infectar suas crias no útero, durante ou logo após o parto.”

O impacto da doença para bezerros é relevante. Rafael explica que a manifestação clínica mais comum e de maior impacto são os abortos. Eles ocorrem geralmente no terço final da gestação, o que resulta na perda direta de bezerros, impactando negativamente a taxa de natalidade dos rebanhos. Ainda, caso o aborto não ocorra, como as vacas infectadas podem parir bezerros prematuros ou muito fracos, com menor viabilidade e maior susceptibilidade a outras doenças, aumenta a taxa de mortalidade neonatal.

Também é importante entender que, na maioria das vezes, na primeira gestação após a infecção, o animal aborta. Entretanto, o aborto é muito menos frequente na segunda gestação após a infecção e muito raro a partir da terceira gestação após a infecção, devido ao desenvolvimento de imunidade celular. “Isso pode causar a falsa ideia de que o animal está curado, criando uma situação preocupante, pois o animal infectado continua a disseminar a infecção durante os partos normais, mesmo sem apresentar sintomas”, destaca Rafael.

O médico-veterinário ainda pontua que a infecção pode levar à morte do bezerro logo após o parto e causar infertilidade temporária ou permanente nas fêmeas, resultando em menor taxa de prenhez e, consequentemente, menor número de nascimento de bezerros.

Protocolo de vacinação da Brucelose Bovina

Para reduzir a prevalência e os impactos da brucelose na cadeia produtiva, a vacinação de fêmeas bovinas e bubalinas é uma medida obrigatória e essencial do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT). A prevenção contra infecções causadas por Brucella abortus em bovinos é feita por meio da imunização com as vacinas B19 e RB-51, e revacinação com RB-51.

A vacina B19 é uma amostra de B. abortus lisa, que pode ser aplicada em fêmeas bovinas de três a oito meses de idade, sem possibilidade de revacinação ou de vacinação após os oito meses. Ela induz a formação de anticorpos específicos, podendo interferir no diagnóstico sorológico da brucelose, gerando um falso positivo em animais de até 24 meses.

Já a RB-51 é a vacina com a cepa rugosa da Brucella abortus, que pode ser aplicada também de três a oito meses de idade ou a partir dos oito meses. Por possuir a cepa rugosa, não gera resultados falso positivo e permite a realização de exames sorológicos antes dos 24 meses. Além disso, diferentemente da B19, permite realizar a revacinação dos animais e, com três doses de Bovilis® RB-51, é possível ter uma proteção de 97% dos animais contra a brucelose, conforme estudo realizado pela MSD Saúde Animal.

“A vacina viva atenuada Bovilis® RB-51 se destaca por propiciar o controle e uma possível erradicação da doença na fazenda em curto período, justamente pela possibilidade de revacinação. Outro diferencial é a possibilidade da realização de exames sorológicos a partir de oito meses de vida do animal, ou depois dos 24 meses (quando se usa a B-19), já que não leva à formação de anticorpos”, diz Rafael.

Impacto em humanos

Um problema de saúde pública, a brucelose bovina é transmitida aos seres humanos principalmente por meio do contato direto com animais infectados ou suas secreções, como placentas, fetos abortados, leite contaminado e até mesmo a carcaça. Outra fonte importante de contaminação é a ingestão de alimentos provenientes de animais infectados, a partir do consumo de leite cru, seus derivados não pasteurizados e da carne mal passada.

“A brucelose possui caráter ocupacional, envolvendo principalmente trabalhadores que manejam animais e da cadeia de produção de laticínios, carnes e seus derivados. Por isso, o manuseio das vacinas com o uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPI’s) é fundamental, assim como o cuidado com a cocção dos alimentos”, ressalta o especialista da biofarmacêutica.

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