Regina Maria Quintão Lana
Professora da UFU e sócia diretora da Agro R
Neuton José Ribeiro Neto
Mestre em Gestão de Projetos e sócio diretor da Agro R
Lorena Braz Carneiro
Doutoranda em Agronomia – Instituição de Ciências Agrárias da UFU
A dependência de fertilizantes minerais importados, provenientes de fontes não renováveis, tem elevado os custos de produção da cana-de-açúcar e aumentado a vulnerabilidade do setor agrícola.
Como alternativa, os fertilizantes organominerais surgem como uma solução sustentável, aliando os benefícios da matéria orgânica à eficiência dos nutrientes minerais. Essa abordagem não só reduz impactos ambientais, mas também melhora a fertilidade do solo e a produtividade dos canaviais.


Pesquisas apontam benefícios
Estudos demonstram que a adubação organomineral proporciona benefícios agronômicos significativos, entre os quais se destacam a melhoria na estrutura do solo, com redução da erosão, maior agregação de partículas e aumento da capacidade de retenção de água.
Além disso, promove eficiência nutricional, pois permite a liberação gradual de nutrientes, reduzindo a lixiviação de potássio (K), a volatilização de nitrogênio (N) e a fixação de fósforo (P).
Outro benefício importante é o estímulo à atividade biológica, favorecendo a microbiota do solo, que atua na solubilização de nutrientes e na decomposição da matéria orgânica. Por fim, os organominerais oferecem proteção contra estresses ambientais, como a menor variação térmica do solo e a redução da acidificação causada por fertilizantes minerais convencionais.
Esses fatores contribuem para a construção de solos mais férteis e resilientes, essenciais para sustentar altas produtividades em longo prazo.
A vertente orgânica e biológica na adubação
A nutrição da cana-de-açúcar tem evoluído significativamente com a incorporação de bioestimulantes e compostos orgânicos, os quais exercem um papel fundamental para potencializar o desenvolvimento vegetal e aumentar a tolerância a diversos tipos de estresse.
Dentre os múltiplos benefícios proporcionados por essas inovações, destaca-se o estímulo ao crescimento das plantas, mediado por hormônios vegetais como auxinas, citocininas e giberelinas presentes nos bioestimulantes, que atuam diretamente no enraizamento, no perfilhamento e no vigor geral das plantas.
Além disso, esses compostos orgânicos conferem maior resiliência ambiental à cultura, proporcionando resistência ampliada a condições adversas como secas prolongadas, temperaturas extremas e ataques de patógenos, fatores que garantem uma estabilidade produtiva mesmo em situações climáticas desfavoráveis.
Outro aspecto relevante é a contribuição para a sustentabilidade do sistema produtivo, uma vez que permitem a integração de resíduos agroindustriais – como a torta de filtro e a vinhaça – no processo de produção de fertilizantes.
O papel das substâncias húmicas



Os fertilizantes organominerais apresentam em sua composição uma fração orgânica rica em ácidos húmicos e fúlvicos, compostos bioativos resultantes da decomposição avançada da matéria orgânica.
Uma de suas principais ações é a quelação de nutrientes, processo que facilita a absorção de micronutrientes essenciais como ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn) e cobre (Cu) pelas plantas, aumentando significativamente a eficiência da adubação.
Paralelamente, atuam como condicionadores do solo, promovendo melhorias em duas dimensões críticas: elevam a capacidade de troca catiônica (CTC), o que potencializa a retenção de nutrientes, e melhoram a estrutura física do solo, favorecendo a formação de agregados estáveis que beneficiam a aeração, a infiltração de água e o desenvolvimento radicular.
Resultados de pesquisa
O fertilizante organomineral proporcionou maior produtividade de colmos em relação aos outros adubos (orgânico e mineral).
Para todas as doses de fertilizantes, maiores produtividades foram obtidas com a utilização da fonte organomineral, com ganhos de até 18 toneladas de colmos por hectare.


Agricultura evoluída
A adoção de fertilizantes organominerais e bioestimulantes representa um avanço na nutrição da cana-de-açúcar, alinhando produtividade, redução de custos e sustentabilidade.
Para maximizar seus benefícios, é essencial integrar essas tecnologias a práticas de manejo adequadas, como irrigação eficiente e controle integrado de pragas.
Pesquisas futuras devem explorar formulações personalizadas para diferentes regiões edafoclimáticas, garantindo a otimização do sistema produtivo.
