Ataque fatal aos pomares citrícolas de Gomose de phytophthora

Ataque fatal aos pomares citrícolas de Gomose de phytophthora
Ataque fatal aos pomares citrícolas de Gomose de phytophthora

Publicado em 24 de julho de 2019 às 08h31

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h41

Acompanhe tudo sobre Água, Citros, Clone, Irrigação, Laranja, Maquinário, Matéria orgânica, Nitrogênio, Orgânicos, Plantio, Raízes, Solo e muito mais!

Autores

Gustavo Ruffeil
Doutor, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), campus Paragominas (PA) e líder do Grupo de Pesquisa Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais
gustavo.ruffeil@ufra.edu.br
Aline Bittencourt Nunes 
Professora de Agronomia – UFRA e membro do Grupo de Pesquisa Estudos em Manejo de Doenças de Plantas Tropicais

Créditos Citrus Killer

A cadeia citrícola brasileira vem ganhando cada vez mais destaque no agronegócio, dado que o Brasil desempenha função fundamental neste setor, sendo o maior produtor mundial de citros e o maior exportador de suco de laranja (Zullian et al., 2013).

Contudo, Feichtenberger & Spósito (2004) afirmam que a citricultura está suscetível a mais de 50 enfermidades que interferem negativamente na produção, dentre as quais destaca-se a gomose de Phytophthora como uma das patologias citrícolas mais importantes do mundo.

A etiologia desta doença abrange um complexo de espécies de Phytophthora, contudo, a mesma é causada principalmente pela espécie que predomina nas principais regiões produtoras do Brasil, a Phytophthora parasitica Dastur, sinonímia Phytophthora nicotianae (Breda de Hann) (Tucker) var. parasitica (Dastur) Watherh (Siviero et al., 2002).

A incidência e severidade desta enfermidade nos citros tem aumentado exponencialmente nos últimos anos, podendo essa se expressar das mais variadas formas. O patógeno pode causar infecção nos troncos, ramos, raízes e radicelas (Feichtenberger et al., 2005).

Condições para a doença

O ambiente favorável para a infecção e desenvolvimento deste patógeno no hospedeiro envolve, sobretudo, altos teores de umidade no solo, umidade relativa do ar e temperatura (Feichtenberger, 2001).

Feichtenberger (2001) afirma que este pode ocasionar perdas significativas nos pomares cítricos brasileiros. Estima-se que de 10 a 30% da produção citrícola mundial seja perdida pelo desenvolvimento da doença, causada pela ação dos fungos do gênero Phytophthora (Erwin & Ribeiro, 1996).

Sintomas

De acordo com Feichtenberger (2001), os sintomas iniciais da doença se evidenciam pela presença de lesões escurecidas e a morte de pequenas seções da casca da base, galhos e raízes inferiores do hospedeiro, bem como exsudação de goma pelo fendilhamento da casca. Observa-se, ainda, uma coloração pardacenta no interior da casca da mesma.

O desenvolvimento da gomose de Phytophthora sem o devido controle pode ocasionar o apodrecimento dos tecidos, e quando a lesão envolve toda a circunferência do tronco a planta entra em rápido declínio, devido à dissipação do floema, limitando o escoamento de seiva elaborada da copa para o sistema radicular, ocasionando assim a morte do vegetal (Davis, 1988; Santos Filho, 1991; Feichtenberger, 1990; 2001).

Controle

O manejo desta patologia inclui uma série de medidas preventivas e curativas, dentre as quais tem destaque as medidas de prevenção, nas quais os principais tipos são controle genético, com a utilização de mudas sadias enxertadas e o emprego de porta-enxertos resistentes ao agente etiológico, considerado o método mais eficaz para o controle de tal patologia (Feichtenberger, 2001).

Além destes, tem-se como relevante o controle cultural, com o plantio em solos bem drenados, profundos, não sujeitos a encharcamento e erosão, uso de adubos orgânicos e manejo de irrigação, controle físico com boa aeração do solo e medidas que impossibilitem o excesso nos teores de água, matéria orgânica, nitrogênio e demais substâncias químicas no solo (Feichtenberger, 2001; Boava et al., 2003).

Já como forma de medida curativa, após o diagnóstico da doença no pomar, tem-se o controle químico. Feichtenberger et al., (2005) afirma que, por intermédio do produto fosetyl-Al, as lesões incidentes sobre os troncos e ramos podem ser controladas de forma eficaz.

Já para o controle de podridões de raízes e radicelas, recomenda-se a aplicação de metalaxyl (via solo) ou fosetyl-Al (via foliar). O autor ressalta ainda que ambos são considerados eficientes e somente podem ser aplicados na época chuvosa. No entanto, Bettiol et al. (2009) relatam que atualmente o produto fitossanitário metalaxyl não é mais registrado no País.

Inovações

Técnicas e produtos inovadores surgem no mercado como medida de controle da doença. Além disso, os pesquisadores investem em novas variedades de copas e porta-enxertos. O Programa IAC de melhoramento de variedades de copa e porta-enxerto de citros vem realizando vários experimentos visando frutos de qualidade e um vegetal resistente à patologia (IAC, 2017).

Estima-se que 90% dos citros cultivados no Brasil sejam as laranjas e, segundo o pesquisador do IAC, atualmente há uma pequena diversidade genética de variedades de copa e de porta-enxerto para esta cultura (IAC, 2017).

Visando a reversão desse cenário, o Instituto trabalha no desenvolvimento de novas cultivares de citros, tanto de copa como de porta-enxertos, e as transfere para os citricultores. Os resultados preliminares desses estudos foram apresentados no 11º Dia do Porta-Enxerto e demonstraram a Trifoliata Flying Dragon como resistente à gomose (IAC 2017).

De acordo com os estudos e experimentos de Carvalho (2000) e Feichtenberger (2001), a Citrange ‘Carrizo’, laranja ‘Azeda’ e limoeiro ‘Cravo’ são classificados como resistentes e/ou moderadamente resistentes à gomose.

Herculano et al. (2003), analisando a resistência de clones e híbridos de porta-enxertos de citros à gomose de tronco causada por Phytophthora parasitica, verificaram que os trifoliatas são porta-enxertos resistentes à gomose de Phytophthora, e os resultados obtidos pelo autor corroboram com Carvalho (2000) e Feichtenberger (2001), ao afirmar que o porta-enxerto de laranja ‘Azeda’ se revelou como resistente à patologia.

Custo

Estima-se que o custo de combate da doença com produto químico seja de 1.500 l ha-1, já que o produto químico Fosetil-Al (Registro MAPA nº 0028870) custa, em média R$ 75,00 (250 g), sendo a dose de aplicação comercial de 250 g para cada 100 L de água e o volume de calda média de 1.500 l ha-1.

Logo, para cada hectare serão necessários 15 fungicidas, totalizando R$ 1.125,00 com gastos por hectare para os produtos químicos (Agrofit, 2014). Deve-se levar em consideração que valores com maquinários agrícolas e trabalhadores são variáveis.

Já os custos para prevenção são dependentes da cultura e das variedades utilizadas, porém, é notório que estes custos são muito inferiores, se comparados aos custos de combate, já que ao realizar o controle preventivo e o manejo correto haverá um aumento significativo de produtividade.

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