Algas proporcionam morangos mais saborosos

As algas marinhas melhoram o crescimento radicular, aumentam a produção de flores, a frutificação e a indução de resistência a pragas e doenças, além de estimular as respostas às condições de estresse, principalmente o hídrico.
Fresh tasty ready for harvest ripe red and unripe green strawberries growing on strawberry farm in greenhouse
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Foto: Shutterstock

Paula Almeida Nascimento
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia/Produção Vegetal – Universidade Federal de Lavas (UFLA)
paula.alna@yahoo.com.br

O morangueiro é uma hortaliça pertencente à família Rosaceae, subfamília Rosoideae, tribo Potentilleaea e gênero Fragaria. A espécie Fragaria x ananassa Duch., o morangueiro cultivado, é constituído por plantas de característica herbácea, que apresentam porte baixo (15 a 30 cm de altura) e formação de touceiras.

A propagação vegetativa, promovida pela emissão de estolões, é a principal forma de reprodução do morangueiro, que é um pseudofruto. O fruto verdadeiro não é a parte carnosa vermelha de sabor levemente cítrico e doce (polpa), mas os pequenos aquênios, que são popularmente chamados de sementes.

Valor nutricional

No grupo das frutas vermelhas, o morango é a espécie de maior importância econômica mundial. Apresenta grande valor nutricional, rico em vitaminas (principalmente vitamina C), minerais (cálcio, potássio e ferro) e fibras.

A planta tem preferência por climas mais frios, sendo assim cultivado em regiões de clima temperado a subtropical. Destaca-se por seu sabor agradável e aspecto atraente.

Seu consumo se dá in natura (70%) ou industrializado (30%), podendo ser processado de diversas formas. O morangueiro apresenta importância na comercialização de frutos para consumo in natura ou destinado à industrialização, com destaque para a produção de geleias, balas, sorvetes, vitaminas, sucos, bolos e iogurtes.

Importância do morangueiro

O plantio da cultura no Brasil tem muita importância, porque está relacionado com o desenvolvimento socioeconômico do País. Desta forma, grande parte das áreas de cultivo estão em bases de agricultura familiar.

O Brasil é um dos maiores produtores do mundo, com produção de mais de 100 mil toneladas. Então, mais de 90% da produção dos morangueiros no País é destinada ao comércio interno, na forma in natura.

O Estado de Minas Gerais se destaca nesta produção e a região que mais produz é o Sul de Minas. E, para obtenção de maiores produtividades, é necessário muito conhecimento no manejo da cultura e, principalmente, das características fisiológicas e botânicas da planta.

Condições para o cultivo

O número de frutos por planta, tamanho do fruto e desenvolvimento varia entre as cultivares e suas condições genéticas. O morangueiro produz melhor em solos areno-argilosos, bem drenados, que tenham fácil acesso e água disponível para irrigação.

Embora o morango seja muito apreciado pelos consumidores, há uma preocupação em relação ao consumo de frutos com resíduos químicos e se são produzidos de forma ambientalmente correta.

Assim, o cultivo de morangueiro apresenta alta contaminação pelo uso exagerado de produtos químicos para controle fitossanitário, sendo prejudicial à saúde humana quanto à sua produção e consumo.

Desta forma, os pesquisadores têm desenvolvido pesquisas e tecnologias visando aumentar a produtividade e qualidade dos produtos agrícolas pelo uso de insumos menos agressivos ao meio ambiente e à saúde do consumidor.

Solução

O cultivo orgânico tem como objetivo a produção de alimentos livres de contaminação. Os biofertilizantes e estimulantes caracterizam-se como uma alternativa à suplementação de nutrientes em hortaliças, podendo ser aplicados via solo, via sistemas de irrigação ou pulverização foliar.

O uso de formulações de biofertilizantes é recomendável pelo baixo custo, composição variada e a existência de boas quantidades de nutrientes.

Foto: Shutterstock

Os biofertilizantes são utilizados em aplicações foliares como ativador de crescimento vegetal e auxiliar no controle de pragas e doenças. No Brasil, o uso de biofertilizantes e bioestimulantes aumenta anualmente e a alga marinha Ascophyllum nodosum é uma das espécies mais pesquisadas no mundo para fins agrícolas.

Em sua composição há micro e macronutrientes, além de fitohormônios e outras substâncias benéficas ao metabolismo vegetal. Além disso, possui efeito bioestimulante, aumentando a produtividade e qualidade pós-colheita de frutos.

Qualidade

O desenvolvimento de cultivares com maior produtividade exige vários fatores, como mudas com alta qualidade genética e fitossanitária, emprego de cobertura artificial no canteiro com plásticos de polietileno (“mulch”), túnel baixo com plásticos transparentes ou leitosos, sistema de irrigação por gotejamento e fertirrigação, além de uso de tecnologias empregadas para melhor eficiência da produção.

Muitos cultivos de morango são realizados com a utilização de produtos químicos. Infelizmente, são várias pulverizações com agrotóxicos durante o ciclo da cultura. Além da contaminação de frutos por produtos químicos, o cultivo convencional pode gerar resíduos, sendo eles depositados diretamente no meio ambiente.

O uso de insumos naturais visando o fornecimento de nutrientes às plantas e o manejo de fitopatógenos tem sido bastante divulgado entre as propriedades rurais que utilizam o sistema orgânico de produção.

Vantagens das algas

As algas marinhas melhoram o crescimento radicular, aumentam a produção de flores, a frutificação e a indução de resistência a pragas e doenças, além de estimular as respostas às condições de estresse, principalmente o hídrico.

Algumas algas marinhas são comercializadas com foco bioestimulante e fertilizante, na forma seca ou de extrato líquido. Sua ação permite o aumento da resistência das plantas a doenças, estresse hídrico e geadas.

As algas possuem em sua composição nutrientes, aminoácidos, vitaminas, citocininas, auxinas e ácido abscísico (ABA), que atuam como promotores do desenvolvimento vegetal. Elas possuem atividade direta na proteção vegetal contra fitopatógenos, e promovem a produção de moléculas bioativas capazes de induzir a resistência nos vegetais.

A espécie de alga Ascophyllum nodosum (L.) Le Jolis é a mais pesquisada na agricultura. Ela apresenta características de elevar o crescimento vegetal, pois os extratos derivados dessa alga, utilizados como bioestimulantes, são constituídos por auxinas, citocininas, giberelinas, entre outros hormônios vegetais.

Hormônios

Além de nutrientes, o extrato da alga Ascophyllum nodosum contém um complexo de compostos reguladores vegetais que apresentam efeito hormonal em plantas cultivadas, sendo compostos por auxinas (ácido indol acético), giberelinas (GA3 e GA4), citocininas (trans-zeatina ribosídeo, dihidrozeatina, dihidrozeatina ribosídeo) e ácido abscísico; bem como aminoácidos, ácidos orgânicos, carboidratos e vitaminas, extraídos da própria alga.

Os produtos comerciais que têm como base o extrato da alga Ascophyllum nodosum apresentam 13,0 a 16,0% de matéria orgânica, 1,01% de aminoácidos (alanina, ácido aspártico e glutâmico, glicina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, tirosina, triptofano e valina), carboidratos e concentrações importantes dos nutrientes N, P, K, Ca, Mg, S, B, Fe, Mn, Cu e Zn.

Apresentam, ainda, hormônios de crescimento (auxinas, giberelinas, citocininas, ácido abscísico), e auxiliares do transporte de micronutrientes, estimulando o crescimento vegetal e a melhoria da qualidade dos frutos, que se expressam em tamanho uniforme, cores mais intensas, mais resistentes ao transporte e com maior durabilidade pós-colheita.

Manejo

No cultivo do morangueiro, a aplicação de produtos comerciais à base de extrato de algas é recomendada na fase do transplante de mudas, na pré-floração e na formação dos primeiros frutos da planta. A dose recomendada é de 2,0 a 2,5 L ha-1 em cada aplicação.

De acordo com a literatura consultada, observou-se que o uso dos biofertilizantes tem se mostrado uma alternativa para o alcance de melhor produtividade e qualidade superior das plantas.

Os benefícios são vários e permitem a uniformização e aumento da germinação de sementes, emergência de plântulas, melhor desenvolvimento do sistema radicular, maior aproveitamento de nutrientes, obtenção de flores e frutos de tamanho uniforme e com cores mais intensas.

O uso de extrato de algas na agricultura é muito popular nas diversas regiões do mundo, com o objetivo de aumentar a produtividade e a produção de alimentos. As algas têm interações benéficas como os microrganismos presentes no solo.

Resultados comprovados

Vários pesquisadores já avaliaram o efeito benéfico do composto à base de extrato de algas comercial sobre a produtividade e qualidade dos frutos do morangueiro. Assim, os tratamentos promoveram aumento do tamanho de frutos e no teor de antocianina dos frutos.

Neste sentido, observa-se que o sucesso do extrato de algas marinhas na produção agrícola é dependente de diversos fatores, incluindo as condições de cultivo, espécie analisada, concentração da alga presente na formulação, composição do produto formulado, bem como o modo de aplicação (via solo ou foliar), sendo, portanto, dependente da cultura e das condições ambientais locais.

No Brasil, o uso de extrato de algas é permitido como agente quelante/complexante ou aditivo natural em formulações de fertilizantes foliares, biofertilizante, condicionador de solo e no manejo animal, desde que originado de extração legal.

Como já citado, os bioestimulantes são substâncias de origem orgânica que favorecem o potencial genético das plantas mediante alterações nos processos vitais e estruturais, promovem o equilíbrio hormonal e estimulam o desenvolvimento do sistema radicular.

Muitos desses produtos aumentam a absorção de água e de nutrientes pelas plantas, bem como sua resistência aos estresses hídricos e aos efeitos residuais de herbicidas no solo, fazendo com que seu uso na agricultura seja crescente.

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