Adubos fosfatados e calcário: aplicação no sulco de plantio do cafeeiro

Os desafios da aplicação do calcário e adubos fosfatados no sulco de plantio dizem respeito ao uso de uma quantidade adequada.
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José Braz Matiello
Engenheiro agrônomo – Mapa/Procafé
jb.matiello@gmail.com

Foto: Luize Hess

O fósforo, oriundo da aplicação de adubos fosfatados, é um dos nutrientes mais importantes na formação das mudas, no plantio e formação do cafezal, quando afeta o desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas.

O nível foliar adequado situa-se entre 0,12 e 0,15% (5% do teor de N). O problema de falta de P em plantas novas de café tem origem em falhas na distribuição ou mistura irregular do adubo fosfatado, aplicado no sulco/cova de plantio.

Aquelas plantas que ficam sem adubo disponível, por essas falhas na adubação, apresentam os sintomas de fraqueza. Ao examinar o sistema radicular das plantas deficientes, verifica-se que ele se apresenta pouco desenvolvido, com as raízes primárias sem problemas, porém, com poucas raízes finas. Amostras de solo tomadas junto às plantas com problemas mostram teores de P muito baixos.

O calcário

A calagem, por meio da aplicação do calcário, favorece o desenvolvimento e a produção do cafeeiro, com os seguintes benefícios: a) promove a neutralização do alumínio trocável (tóxico) e insolubiliza o manganês; b) fornece cálcio e magnésio, exigidos pelo cafeeiro; c) melhora o aproveitamento das adubações químicas, pela elevação do pH; d) aumenta a atividade microbiana do solo, acelerando a decomposição da matéria orgânica, sendo liberados os nutrientes; e) aumenta as cargas dependentes do pH e, consequentemente, eleva a capacidade de troca de cátions (CTC).

Assim, vão ser corrigidos, pelo calcário, os problemas de acidez elevada, associada a altos teores de alumínio e/ou manganês, e aos baixos teores de cálcio e magnésio, presentes na maioria dos solos usados para a cafeicultura, o que torna a calagem/correção do solo uma prática imprescindível ao cultivo racional dos cafezais.

Principais desafios

Os desafios da aplicação do calcário e adubos fosfatados no sulco de plantio dizem respeito ao uso de uma quantidade adequada, normalmente sendo usados 400 g de calcário e igual dose de superfosfato, por metro de sulco. Outra coisa a cuidar é a boa distribuição, em profundidade, em mistura com a terra de enchimento do sulco.

Crédito: José Braz Matiello

A aplicação do calcário e dos adubos fosfatados no sulco ou covas de plantio do café vaia conforme a área seja ou não mecanizável. Nas áreas onde o trabalho é mecanizado, a distribuição desses insumos é feita com uma calcariadeira adaptada, para jogar o calcário e o adubo fosfatado de forma mais localizada, sobre a terra do sulco aberto.

Depois, passa-se um equipamento batedor de sulco ou um subsolador, com hastes juntas, para fazer a mistura com a terra e, ao mesmo tempo, cobrir o sulco. Nas áreas manuais, a distribuição dos insumos é feita pelos trabalhadores, jogando as doses junto à terra solta que fica fora da cova.

Após, mistura-se com enxada e logo se coloca essa mistura para dentro da cova.

Produtividade

A boa formação do sistema radicular, por efeito de uma adequada aplicação de calcário e adubo fosfatado, pode representar um acréscimo de cerca de 10% nas produções iniciais dos cafeeiros, quando comparado com um plantio sem esses insumos.

Pode-se observar o resultado da calagem em experimentos diversos realizados pela equipe do ex-IBC em variadas regiões, nas tabelas 1.e 2 em seguida. Verificam-se bons retornos produtivos com a calagem e o melhor modo de aplicação foi na aplicação em área total mais a aplicação nas covas/sulcos de plantio.

Tabela 1– Aumentos de produtividade obtidos com a prática de calagem em cafezais, em diferentes regiões cafeeiras. Resultados extraídos de parcelas experimentais (Pesquisa/IBC).

RegiõesCaracterísticas das lavourasTipos de soloProdução média ( sc/ha)Aumento em %
Sem calagemCom calagem (melhor dose)
Bandeirantes-MSCatuaí amareloLVA10,523,1+120
Patrocínio – MGCatuaí amareloLVE14,926,2+75
Capelinha-MGCatuaí amareloLVH11,018,0+63
V.Conquista-BACatuaí vermelhoLVA10,921,1+93
Varginha -MGCatuaí amareloLVA10,727,9+160
Realeza -MGMundo NovoLVH15,029,3+95
Média12,124,3+ 100

Tabela 2- Modo de aplicação de calcário na formação do cafeeiro em solo LE Cerrado – Patrocínio-MG – 1985 – Catuaí 4 x 2m.

Erros e acertos

Os erros mais frequentes observados na prática são o uso de doses baixas de adubos fosfatados ou calcário ou, no caso do calcário, em área já corrigidas, onde foram lavouras velhas, aplicar uma nova dose, alta, e isso vai provocar deficiência de micronutrientes.

Também tem havido erros quando se utiliza fontes de P pouco solúveis e em doses baixas. No caso do calcário, ocorre ainda erro ao usar o tipo de calcário calcítico com baixo ou nulo teor de magnésio.

Investimento x retorno

O custo da aplicação dos adubos fosfatados no sulco ou covas de plantio pode ser avaliado da seguinte forma. Cerca de 1.300 kg de superfosfato simples por hectare, ou o equivalente em outra fonte de fósforo solúvel, e igual dose de calcário.

O adubo fosfatado está por cerca de R$ 4.000,00 por tonelada e o calcário, posto na fazenda, por cerca de R$ 200,00 por tonelada, teríamos um custo total R$ 5.460,00. Tem-se mais o custo da aplicação, que pode ficar em mais 4,0 h de trator por hectare, correspondente a cerca de R$ 400,00/ha.

O benefício é muito grande, pois as plantas com sistema radicular pouco desenvolvido vão apresentar problemas de produtividade durante muitos anos.

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