Ácidos húmicos potencializam o desenvolvimento da cebola

Os ácidos húmicos são verdadeiros aliados no desenvolvimento saudável da cebola, proporcionando nutrientes essenciais e estimulando seu crescimento vigoroso.
The onion is grown on the soil in the plots. Productivity of Thai farmers.

Publicado em 29 de maio de 2023 às 11h30

Última atualização em 29 de maio de 2023 às 11h30

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Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal)
nilvatteixeira@yahoo.com.br

A cebola é, ao lado do alho, o condimento mais utilizado na culinária e cultivado no mundo. Contém compostos benéficos à saúde, vitaminas do complexo B e sais minerais, como magnésio, potássio, cálcio, ferro e cálcio, além de poucas calorias. É uma Aliácea, assim como o alho, a cebolinha e o alho-poró.

Onde cultivar

O maior produtor de cebola do mundo é a China, seguido da Índia. O Brasil ficar em décimo lugar. Dentre os Estados brasileiros, o destaque fica para Santa Catarina, que responde por 30% da produção nacional. No Brasil, a cebola é a terceira hortaliça mais importante em termos econômicos.

A espécie em questão pode ser cultivada em todo o território brasileiro. A época de plantio e colheita variam com a região: no Sul, de novembro a abril; no Centro-Oeste, de julho a setembro; no Sudeste, de julho a novembro; e no Nordeste de maio a julho.

Grande parte da produção nacional é proveniente da agricultura familiar.

Fotos: Shutterstock

Manejo fundamental

No cultivo da cebola, a correção do solo pela calagem (quando necessária) e a adubação são fundamentais. E os fertilizantes (quando o sistema é convencional) envolvem orgânicos e minerais.

Assim, os organominerais são excelentes opções: têm na composição matéria orgânica e nutrientes minerais. A literatura deixa evidente os benefícios encontrados na produtividade da cebola e nos atributos do solo, quando se introduz no sistema os organominerais.

Porém, o que é um adubo organomineral? Trata-se de fertilizante que apresenta em sua composição matéria orgânica e mineral. A primeira é composta por resíduos vegetais, animais, compostos microbianos e húmus, enquanto a segunda é formada por compostos químicos inorgânicos.

Devido à sua solubilização gradativa, o adubo organomineral pode ser aplicado ao longo de todo o ciclo de uma cultura.

Benefícios dos organominerais

Empregar no cultivo os organominerais trazem os seguintes benefícios:

– Aumento da matéria orgânica e da atividade microbiana no solo;

– Elevação da capacidade de troca de cátions (CTC);

– Aumento de disponibilidade de nutrientes (como de fósforo);

– Redução de perdas de nitrogênio;

– Alternativa para destinação correta de resíduos animais;

– Redução do emprego de adubos minerais;

– Aporte de carbono orgânico no sistema, que produz os ácidos húmicos e fúlvicos substâncias húmicas), os quais apresentam vários efeitos positivos no solo.

Os ácidos húmicos e fúlvicos

As substâncias húmicas contribuem de diversas maneiras para melhorar a relação solo-planta e apresentam alta atividade fisiológica e bioquímica. Podem, assim, melhorar os efeitos de fertilizantes minerais e orgânicos.

No solo, os benefícios das substâncias húmicas incluem melhorias na estrutura, por agregar partículas do solo, atenua variações de pH, incrementa a aeração do solo e a disponibilidade de fósforo às plantas – formam substâncias fosfohúmicas, que são aproveitadas pelas plantas e combinam com os óxidos de Fe e de Al, argilas e outros compostos orgânicos, liberando o fósforo por eles retidos.

Há troca do fosfato ligado às partículas do solo pelo humato, liberando o primeiro para a absorção pelas plantas. Os sesquióxidos (fixadores de fósforo no solo) são revestidos pelas substância húmicas, o que reduz a capacidade de retenção de tal nutriente em forma não assimilável no solo.

Como as plantas respondem às SH

Entre os efeitos das substâncias húmicas sobre o metabolismo das plantas, observa-se a influência positiva na absorção iônica, transporte de íons aumento da taxa respiratória e da velocidade das reações enzimáticas do ciclo de Krebs, resultando em maior produção de ATP e aumento do conteúdo de clorofila, o que beneficia a fotossíntese, entre outros aspectos.

Os organominerais têm na sua constituição as substâncias húmicas (que são produzidas naturalmente pela estabilização da matéria orgânica presente), potencializando o seu aproveitamento.

Melhor ainda é associar à sua composição os ácidos húmicos e fúlvicos preparados industrialmente, que somam os benefícios de ambos no cultivo de qualquer cultura. A germinação de sementes, o pegamento, o enraizamento, o desenvolvimento e a produtividade podem ser sensivelmente melhorados com a introdução dos referidos insumos.

Em relação à cebola, pode-se dizer que todos os benefícios citados ocorrem.

Pesquisas

Resultados de pesquisa indicam efeitos positivos da aplicação associada de organominerais e ácidos húmicos, melhorando a produtividade e, também, a qualidade da cebola.

Resultados indicam aumentos de cerca de 12% em massa de bulbos e redução de perdas após a colheita, com a inclusão nos cultivos do referido fertilizante. Qualquer cultura pode se beneficiar do uso dos organominerais associado aos ácidos húmicos e fúlvicos.

Uma alternativa de aplicação é no plantio, tanto em semeadura direta como nas mudas, ou, ainda, nos bulbilhos. A introdução na semeadura direta vai auxiliar na germinação, no enraizamento e no desenvolvimento inicial, garantindo melhor estande e formação das raízes.

Raízes mais vigorosas e abundantes vão propiciar maior desenvolvimento e produtividade. A aplicação em mudas, além de promover maior enraizamento, leva ao melhor pegamento delas.

Já através de bulbilhos, o enraizamento e a brotação serão beneficiados. Assim, infere-se que nas três maneiras de instalação da cultura os efeitos são benéficos. Pode-se considerar, também, a aplicação em cobertura, que beneficia o desenvolvimento e a formação dos bulbos.

Os ácidos húmicos incrementam aeração do solo
Foto: Shutterstock

Recomendações

Há duas espécies básicas de organominerais: os sólidos, que podem ser solúveis em água ou não, e os fluidos. No caso de os sólidos não serem solúveis, a aplicação é via solo: pode ser a lanço ou no sulco de plantio, na instalação da cultura.

Quando em cobertura, recomenda-se aplicar ao lado das plantas. No caso dos sólidos solúveis, pode-se valer da fertirrigação ou via foliar.

A época de aplicação em cobertura depende do sistema de plantio: quando nas mudas, aos 20 a 30 e aos 45 a 55 dias após a instalação. Quando por semeadura direta e por bulbilhos, aos 25, 40, 55, 70 e 85 dias após a emergência das plantas.

Quando da aplicação de nutrientes em cobertura por fertirrigação, recomenda-se aumentar o número de parcelamento das doses de nutrientes, adequando-as ao estado nutricional da cultura e adicionando nas diferentes fases de desenvolvimento. Preferencialmente, monitorar com análise foliar.

A aplicação foliar deve cobrir as fases de maior exigência da cultura: desenvolvimento vegetativo e formação dos bulbos.

Quanto às doses a se empregar, depende do produto escolhido e dos resultados da análise de solo e, no caso de cobertura por fertirrigação e foliar, dependerá da análise foliar.

Viabilidade

Os benefícios dos organominerais associados aos ácidos húmicos e fúlvicos vão além de alimentar as plantas e aumentar a produtividade naquela safra agrícola. Elas terão efeito nas próximas safras, pela melhoria do solo: química, física e biológica.

Entretanto, seu emprego nos cultivos deve ocorrer com orientação técnica, já que não resolve todos os problemas do campo. Porém, o uso adequado apresentará excelente relação custo-benefício, quando houver indicação técnica.

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