Ácidos húmicos otimizam o enraizamento das plantas

Os ácidos húmicos aumentam a velocidade de germinação e da brotação da soja - Crédito Shutterstock

Publicado em 28 de novembro de 2017 às 07h39

Última atualização em 28 de novembro de 2017 às 07h39

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Nilva Terezinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

Os ácidos húmicos aumentam a velocidade de germinação e da brotação da soja - Crédito Shutterstock
Os ácidos húmicos aumentam a velocidade de germinação e da brotação da soja – Crédito Shutterstock

Os ácidos húmicos melhoram a germinação e o desenvolvimento de raízes e da parte aérea das plantas. Estudos realizados sobre os efeitos dessas substâncias no crescimento das plantas, em condições de nutrição mineral adequada, têm demonstrado aumento no comprimento e estimulação do desenvolvimento de raízes secundárias.

Muitas vezes seu uso tem levado ao crescimento das raízes proporcional à elevação das concentrações de ácidos húmicos. Tais efeitos foram observados tanto nos casos de uso via solo como foliar.

Substâncias húmicas

As substâncias húmicas são derivadas da decomposição (química e enzimática) de resíduos orgânicos, promovida pelaatividade da biota do solo.Sãoestruturas complexas, estáveis, de coloração escura, elevado peso molecular e se classificam em:

ðHumina– fração insolúvel em álcalis ou ácidos diluídos, sendo pouco reativa.

ðÁcidos húmicos-fração escura solúvel em meio alcalino, precipitando-se em forma de produto escuro e amorfo em meio ácido. Quimicamente são muito complexos, com alto peso molecular e elevada capacidade de troca catiônica.

ðÁcidos fúlvicos – fração colorida solúvel em meio alcalino ou em meio ácido diluído. Quimicamente são constituídos, sobretudo, por polissacarídeos, aminoácidos, compostos fenólicos, etc. Apresentam alto conteúdo de grupos carboxílicos e seu peso molecular é menor que o dos ácidos húmicos.

As substâncias húmicas do solo têm dimensões coloidais e, portanto, alta superfície específica, o que lhes confere alta reatividade. Tal característica permite quebeneficie a capacidade de troca de cátion (CTC) e a capacidade de troca de ânions (CTA)dos solos, o que melhora a retenção e disponibilidade de nutrientes às plantas, diminuindo as perdas por lixiviação e fixação.

As substâncias húmicas ligam-se e retêm ânions, como o NO3-, SO4²-, H2PO4-, HPO4²-, etc., que são assimiláveispelas plantas, o que pode otimizaro emprego defertilizantes.

Ação

As substâncias húmicas são agentes cimentantes que permitem a agregação das partículas e, consequentemente, a estruturação do solo. Há uma interação entre os coloides orgânicos e inorgânicos do solo, formando complexos estáveis que favorecem a estruturação de solos argilosos e arenosos.

Outro aspecto relevado é a capacidade das substâncias húmicas de reterem água no solo. A agregação das moléculas pelas ligações covalentes com o hidrogênio originam estruturas esponjosas, com grandes espaços vazios, retendo grandes quantidades de água no solo e liberando-a lentamente para a planta.

As substâncias húmicasrepresentam fonte de energia e de nutrientes para os microrganismos que mantêm o solo como corpo dinâmico e contribuem para o enriquecimento da fertilidade do perfil.

Enraizamento

Os ácidos húmicos e fúlvicos estimulam o desenvolvimento radicular(pela sua ação na multiplicação celular),a respiração vegetal(ciclo do ácido cítrico e cadeia respiratória), os teores e clorofila e a taxa fotossintética (e assim a formação dos açúcares) e o transporte de açúcares nas plantas.

Pode-se inferir, portanto, que os ácidos húmicos e fúlvicos influenciam positivamente as propriedades físicas, biológicas e químicas dos solos e, ainda, o metabolismo das plantas, oque, sem dúvida, se refletirá no enraizamento, no desenvolvimento e produtividade das culturas.

Ensaios em solução nutritiva têm demonstrado em cultivos como trigo, tomate, melão, abóbora, feijão, soja, milho e alface que os ácidos húmicos e fúlvicos aumentaram o crescimento das raízes, a velocidade de germinação e da brotação.

 

Na dose certa

Os teores de ácidos húmicos e fúlvicos ideais para os cultivos ainda é um tema pouco estudado. Contudo, alguns trabalhos indicam que as culturas respondem à ação dessas substâncias até determinado nível. Para a maioria das culturas, a maior resposta das plantas para os ácidos húmicos e fúlvicos ocorre entre 10 a 300 mg.L-1 na solução do solo.

O grupo de estudos de Nutrição de Plantas do Curso de Engenharia Agronômica do Unipinhal estudou os efeitos da inclusão dos ácidos húmicos e fúlvicosemalgumas espécies vegetais.

Em cana-de-açúcar cultivada em vasos e em areia e solução nutritiva elesobservaram o desenvolvimento de raízes e da parte aéreacomo uso de ácidos húmicos (20 L.ha-1 de formulado comercial contendo 10,5% de ácidos húmicos e 10,5% de ácidos fúlvicos).

Os resultados mostraram quea adição de tais ácidos promoveu, em média, 50%de aumento, considerando-se a massa verde de raízes e departe aérea, comprimento de raízes e altura de plantas, avaliadosaos 50 dias após o início de brotação dos toletes.

Em soja, também cultivada em vasos, areia e solução nutritiva,estudaram-se os efeitos de doses crescentes de formulado comercial contendo ácidos húmicos e fúlvicos. Os resultados mostraram que a aplicação de 15 L.ha-1, por fertirrigação e no plantio, foi a melhor opção, proporcionandoaumentosde 15,2% na germinação (avaliação aos sete dias após a semeadura), de 36,4% no comprimentoe 56,5% na massa seca deraízes, 27,4% na altura de plantas e 36,8% na massa seca de raízes.

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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