Ácidos húmicos auxiliam no arranque inicial da muda de morango

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Publicado em 26 de setembro de 2015 às 07h00

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h45

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Nilva Teresinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora do Curso de Engenharia Agronômica do Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal (UNIPINHAL)

nilva@unipinhal.edu.br

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Os ácidos húmicos e fúlvicos fazem parte das chamadas substâncias húmicas, que são as frações mais estáveis da matéria orgânica do solo – o denominado húmus. As substâncias húmicas formam aproximadamente 70 a 80% da matéria orgânica na maioria dos solos, e são compostas pelas frações:

  • Humina: insolúvel tanto em meio alcalino como em meio ácido e representam a matéria orgânica intimamente ligada à fração mineral do solo, e por isso insolúvel;
  • Ácidos húmicos: insolúvel tanto em meio alcalino e solúvel quanto em meio ácido;
  • Ácidos fúlvicos: alcalino-solúvel, que se mantém em solução após a remoção dos ácidos húmicos por acidificação.

Os ácidos húmicos são coloides orgânicos muito complexos, de elevado peso molecular (entre 10.000 a 100.000), com 50 a 60% de carbono, 45 a 50% de oxigênio e 3,5 a 5% de nitrogênio. Apresentam, ainda, muitos radicais orgânicos, como carboxílicos, fenólicos, hidroxifenólicos, hidroquinônicos, amínicos, amídicos, imídicos, porfirínicos e cor negra ou parda.

Atuação

Os ácidos húmicos têm ação coloidal sobre argilas do solo, alta capacidade de troca catiônica e grande capacidade de retenção de água. Já os ácidos fúlvicos apresentam-se com peso molecular relativamente baixo, entre 640 a 5.000, com 42 a 40% de carbono; com 30 a 36% de oxigênio e 2 a 4% de nitrogênio.

Apresentam, ainda, muitos radicais orgânicos como carboxí­licos, fenólicos, hidroxifenólicos, hidroquinônicos, amínicos, amí­dicos, imí­dicos, porfíricos e cor amarela clara; estrutura relativamente pouco estável; e média capacidade de troca iônica.

Os ácidos húmicos contêm na estrutura grupamentos auxí­nicos que ativam as bombas de H+-ATPase da membrana plasmática, o que acidifica o apoplasto e, assim, aumentam a plasticidade da parede celular, resultando no aumento do desenvolvimento radicular, principalmente estimulando a formação de raízes laterais.

A tabela 1 mostra alguns dos efeitos dos referidos ácidos no solo. Já a tabela 2 indica alguns dos benefícios dos materiais nas plantas.

Tabela 1 – Alguns dos efeitos das substâncias húmicas no solo

Propriedades

Substâncias húmicas

Resultados no solo

Efeito tampão

Função tamponante.

Ajuda a manter o equilíbrio da solução do solo.

Disponibilização de nutrientes

Desloca o fósforo da superfície das argilas.

Melhora a oferta de fósforo às plantas.

Biologia de solo

Fornece matéria orgânica e ativa o desenvolvimento dos microrganismos.

Melhora a microbiota do solo.

 

Tabela 2 ” Alguns dos efeitos das substâncias húmicas nas plantas

Processo

Substâncias húmicas

Resultados nas plantas

Absorção de água e de nutrientes

Aumenta a permeabilidade celular.

Melhoria da quantidade absorvida, da mobilidade dos nutrientes e transporte dos mesmos.

Fotossíntese

Incremento da taxa de formação das clorofilas.

Aumento da produção de açúcar e, em consequência, de proteínas e óleos.

Respiração

Estímulo da atividade das enzimas do ciclo do ácido tricarboxílico e da cadeia respiratória.

Maior geração de energia e de metabólitos intermediários importantes.

Divisão celular

Estimula a formação de auxinas naturais.

Estímulo à formação de tecidos meristemáticos.

Analisando o exposto e o incluso na tabela 1, conclui-se que a utilização dos ácidos húmicos e fúlvicos nos cultivos agrícolas pode melhorar as propriedades físicas, químicas e microbiológicas dos solos, beneficiando, assim, o enraizamento das plantas, seu desenvolvimento e produção.

Benefícios

 Efeitos diretos da aplicação de tais ácidos sobre o crescimento e metabolismo das plantas têm sido descritos, o que corrobora o resumo inserido na tabela 2. Relata-se que tais materiais aumentam a produção de clorofila e estimulam as enzimas do Ciclo de Krebs.

 Dados de literatura enfatizam o efeito sinergético da interação entre substâncias húmicas e fertilizantes minerais sobre o crescimento de plantas cultivadas em solução nutritiva e no campo, demonstrando que tal associação pode melhorar a disponibilidade e absorção de nutrientes pelas plantas.

Considera-se que tais materiais provocam o deslocamento dos íons retidos pelas partículas do solo, disponibilizando-os às plantas. Ressalta-se que os efeitos relacionados à disponibilidade de nutrientes às plantas pelas substâncias húmicas não ocorrem devido a nutrientes nelas contidos.

Colaboram, ainda, para a capacidade do solo em reter e disponibilizar nutrientes adsorvidos ao solo, principalmente com relação ao fósforo retido, influenciando, inclusive, na capacidade de troca catiônica do solo.

Analisando o exposto e o incluso na tabela 1, conclui-se que a aplicação dos ácidos húmicos e fúlvicos, nos cultivos agrícolas, pode melhorar as propriedades físicas, químicas e microbiológicas dos solos, beneficiando, assim, o enraizamento das plantas, seu desenvolvimento e produção.

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