

Lucas Rozendo de Lima Silva
Engenheiro agrônomo – pela Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos, mestres e doutorandos em Agronomia/Horticultura – UNESP, campus Botucatu/SP
O abacateiro é uma planta proveniente da América Central, pertencente à família Lauraceae, uma frutífera com frutos saborosos e nutritivos, tendo como característica marcante a exibição de copas altas e cheias.
Essa específica particularidade promove grandes limitações relacionadas ao avanço dos plantios em larga escala, visto que necessitam de grandes áreas para que haja um bom aproveitamento de seu potencial produtivo.


Para qualquer cultura, é essencial explorar ao máximo as possibilidades de espaçamentos existentes, tendo em vista que, dependendo da escolha, a rentabilidade e a produção podem ser beneficiadas.
Evolução do plantio
Os primeiros plantios de abacate no Brasil faziam a utilização do sistema tradicional de espaçamento, que consiste, basicamente, na utilização de grandes áreas para uma só árvore sem o manejo de copa, desenvolvendo assim um sistema de plantas muito produtivas, entretanto, com muitas dificuldades relacionadas à colheita, devido às dimensões da frutífera.
A determinação do espaçamento de abacateiro em campo depende principalmente da topografia, do clima, do solo, do manejo de poda e da cultivar que será utilizada para alcançar um equilíbrio entre adequada arquitetura de árvore e rendimento produtivo.
Caso a cultivar possua uma copa frondosa, mais espaço será requerido para o correto desenvolvimento da planta. Mas, se ela não for exigente quanto à copa, é possível promover maior adensamento entre as plantas, entretanto, maiores atenções e cuidados são requeridos quanto à poda e manejo sanitário.
Deve-se levar também em consideração as características físicas e químicas do solo às quais a planta está inserida. Um solo profundo, bem drenado e fértil apresentará abacateiros com melhor desenvolvimento de tamanho.
Recomendações
Atualmente, a forma mais recomendada de se produzir abacate é por meio de sistema semi-adensado, que abrange desde plantios de 8,0 x 6,0 m até 5,0 x 4,0 m, permitindo uma densidade de plantas variando de 200 a 400 plantas/ha. É mais comum o plantio de 8,0 x 6,0 m, com densidade de 208 plantas/ha.
Figura 1. Plantio de abacateiro em espaçamento 8,0 x 6,0 m (A) e 5,0 x 4,0 m (B).

Prós e contras
Pomares mais adensados permitem uma menor utilização de espaço e, consequentemente, um maior número de plantas por hectare. No entanto, é um sistema mais exigente quanto à poda e pode acarretar problemas no quesito de produção por planta e número de frutos.
A utilização de sistemas mais adensados no plantio do abacateiro se justifica caso sejam utilizadas cultivares mais precoces. Já pomares menos adensados permitem o bom desenvolvimento das plantas devido à pouca competição por espaço, bem como menores preocupações quanto às podas. Além disso, maiores distâncias entre linhas permitem a passagem de maquinário.
Sistemas consorciados com outras frutíferas também são possíveis com a utilização de espaçamentos maiores. As dificuldades desse sistema de espaçamento estão relacionadas principalmente ao tamanho que as plantas podem atingir, caso haja pouca atenção ao manejo e ao baixo potencial de retorno econômico enquanto as plantas são jovens.
O espaçamento de 7,0 x 4,0 m caracteriza-se como semi-adensado. Dado que a distância entre plantas em uma mesma linha é de apenas 4,0 m, deve-se escolher uma genética de abacateiro que não tenha desenvolvimento plagiotrópico forte.
Figura 2. Plantio de abacateiro em espaçamento 7,0 x 4,0 m.

Atenção!
Vale salientar, também, que o custo de um sistema mais adensado é maior, tendo em mente que mais mão de obra será necessária e mais insumos serão utilizados para realizar a manutenção do campo.
Portanto, esse espaçamento pode ser utilizado caso a variedade escolhida não tenha uma copa muito vigorosa e que a sua produção compense os custos a curto prazo.
O espaçamento pode influenciar significativamente em algumas condições ambientais específicas. O espaçamento mais adensado propiciará a formação de um microclima cuja aglomeração de folhas, bem como o sombreamento excessivo facilitará a reprodução e dispersão de patógenos entre plantas, bem como também irá promover a competição por luz entre os abacateiros.
Por conta disso, a poda em sistemas mais adensados tem como objetivo promover um maior aproveitamento de luz e eficiência produtiva.

Apenas deve-se tomar cuidado para não eliminar um grande número de gemas reprodutivas, assim inviabilizando a produção de frutos na planta. Já o espaçamento tradicional permitirá uma maior incidência de luz solar entre plantas e linhas o que, consequentemente, ocasionará numa maior incidência de plantas daninhas, maior circulação de ar e menor ocorrência de doenças.
Manejos complementares
Para além da poda, pode-se citar alguns outros manejos complementares para pomares com maior adensamento, entre eles: a utilização de porta-enxertos mais vigorosos e saudáveis e uso de fitorreguladores.
A enxertia é um método de propagação de plantas que permite a formação de pomares com genéticas e qualidades específicas, como: alta adaptabilidade a diferentes condições de solo, clima, resistência a doenças e boas características de estrutura.
Desse modo, para que o enxerto possa manifestar todas as suas melhores características, é vital que o porta-enxerto também esteja nas suas melhores condições e vigor.
Pesquisas
Atualmente, pesquisas relacionadas ao espaçamento do abacateiro são escassas e a maioria das informações são obtidas pela atividade de consultoria na área ou pela experiência dos próprios produtores rurais.
No entanto, existem trabalhos científicos que demonstram a validade do uso de espaçamento semi-adensado, como uma pesquisa realizada na Colômbia que identificou os espaçamentos variando de 333 a 400 árvores por hectare como sendo os mais rentáveis e com melhor qualidade de frutos para a cultura do abacateiro var. Hass.
Um pomar construído com o espaçamento correto terá sucesso em mesclar produção e lucratividade, portanto, para se verificar se o espaçamento escolhido está sendo suficiente, algumas práticas podem ser realizadas.
Em primeiro plano, deve-se verificar se as plantas em campo não apresentam sintomas de subdesenvolvimento ou doenças graves, fazer a análise de produção e produtividade do pomar, avaliar o tamanho e a qualidade dos frutos sendo produzidos, os custos de implantação, manutenção e colheita, calcular o retorno financeiro para verificar a rentabilidade do pomar e comparar com outras áreas com diferentes espaçamentos, para assim ter uma visão geral da efetividade do espaçamento escolhido ao longo do tempo.