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A situação dos fertilizantes no Brasil

Finished paper in paper mill

Publicado em 31 de março de 2022 às 17h22

Última atualização em 31 de março de 2022 às 17h22

Acompanhe tudo sobre Crise, Fertilizante, Fósforo, Nitrogênio, nutrição de plantas, Potássio e muito mais!
Crédito Shutterstock

Efraim Cekinski 

Professor do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)

O atual consumo brasileiro de fertilizantes é próximo a 45 milhões de toneladas por ano, o que nos torna o quarto maior consumidor, tendo à nossa frente apenas os Estados Unidos, a Índia e a China. A grande diferença entre o Brasil e os demais grandes consumidores é que, aqui, 85% do consumo são importados, e esses outros países produzem a maior parte do que consomem.

Os principais nutrientes necessários para a agricultura são nitrogênio, fósforo e potássio, cujos teores são expressos em N, P2O5 e K2O. A taxa de importação para esses três nutrientes é diferente. O Brasil importa cerca de 75% de nitrogênio, 55% de fósforo e surpreendentes 95% de potássio. Metade do potássio importado vem da Rússia e da Bielarus. Além disso, importamos também da Rússia 15% dos fertilizantes fosfatados e 20% dos fertilizantes nitrogenados.

Na década de 1980, o Brasil era quase autossuficiente em fertilizantes. Desde então, não houve mais estímulos de recursos abundantes e baratos por parte do governo e,  em consequência, os investimentos em descobertas de novas jazidas de fosfato e potássio, bem como de construção de novas indústrias de fertilizantes foram diminuindo. Enquanto isso, a produção agrícola aumentava, e essa diferença entre o consumo e a produção fez com que a importação aumentasse cada vez mais, até chegar aos dias de hoje com as taxas acima descritas.

Reservas brasileiras de fósforo e potássio

Atualmente, as reservas oficiais brasileiras de fosfato são da ordem de 5,2 bilhões de toneladas, correspondentes a 460 milhões de toneladas de P2O5 contido, porém a reserva lavrável é de 2,9 bilhões de toneladas, o que compreende 317 milhões de toneladas de P2O5 contido. Isso significa que, com investimentos em indústria, o País pode ser autossuficiente nesse nutriente, pois o consumo anual é de cerca de 10 milhões de toneladas, e já são fabricados cerca de 5 milhões de toneladas por ano.

O Brasil explora potássio atualmente em Sergipe, em uma mina relativamente pequena; possui 2,3 milhões de toneladas de K2O, se comparada com as grandes reservas do Canadá e da Rússia, por exemplo. Existe uma jazida conhecida no Estado do Amazonas, a uns 100 km de Manaus (Reserva de Autazes) que contém 800 milhões de toneladas de potássio. O problema é que a exploração dessa reserva traz muitos problemas ambientais. Desde a década de 1980, a Petrobras tenta explorar essa reserva, mas sempre esbarrou nesses problemas.

Outra reserva importante de potássio slocaliza-se em Minas Gerais, porém, diferentemente do potássio de Sergipe e do Amazonas, que é solúvel e apresenta cerca de 60% de K2O (essa é a forma de mostrar o teor de potássio), as reservas minerais são de potássio insolúvel proveniente de rochas silicáticas, com um teor de cerca de 10% de K2O. Portanto, além desse menor teor inicial, ainda é necessária uma etapa industrial, para transformar esse potássio insolúvel em solúvel.

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Nitrogênio 

No Brasil, o setor de fertilizantes nitrogenados utiliza o gás natural como matéria-prima. Com o gás natural, produz-se amônia e/ou ureia. Existem atualmente quatro fábricas no País. O preço desse fertilizante está fortemente associado ao preço do gás natural, portanto a evolução da indústria do gás natural ao longo do tempo influenciará a produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil.

Outra fonte de nitrogênio, utilizada principalmente na soja, é o nitrogênio do ar, por meio da sua fixação biológica. Isso é feito com a inoculação de microrganismos na planta. Infelizmente, no estágio atual de desenvolvimento, essa técnica não pode ser utilizada em todas as culturas.

Perspectivas

Pode-se dividir essas perspectivas em etapas clássicas e de inovação tecnológica. As etapas clássicas para diminuir a dependência dos fertilizantes referem-se à prospecção de novas reservas de fósforo e potássio e à exploração das reservas conhecidas e ainda não exploradas. 

A inovação nesse setor passa por utilizar a biotecnologia e a nanotecnologia, para desenvolver novos produtos, e por processos que podem melhorar a absorção dos nutrientes pelas plantas ou fixar o nitrogênio do ar, pela utilização de fertilizantes orgânicos e organominerais, reciclagem de resíduos das indústrias produtoras de fosfato e pelo desenvolvimento de processos para melhor aproveitamento dos fertilizantes potássicos com origem em rochas silicáticas, entre outros.

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