Silício: milho safrinha mais resistente às pragas

O silício atua como uma barreira física e estimula a planta a produzir substâncias que aumentam sua resistência a pragas e doenças.
Corn or maize field in organic land agriculture

Publicado em 7 de fevereiro de 2024 às 08h11

Última atualização em 7 de fevereiro de 2024 às 08h11

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O milho safrinha, um componente essencial na agricultura brasileira, enfrenta constantes desafios de previsões e doenças que podem comprometer sua produtividade.

Crédito: Shutterstock

Um aliado do produtor tem sido o silício, que atua no fortalecimento da resistência das plantas. Éder de Souza Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados, especialista no estudo de rochas silicáticas como fontes de nutrientes para a agropecuária, explica que o silício pode ser introduzido no solo ou nas folhas da planta.

“Naturalmente, cinzas vulcânicas transportadas pelo vento depositam silício no solo e nas folhas, mas em solos tropicais, especialmente no Brasil, a disponibilidade de silício é geralmente baixa. A utilização de fontes como silicatos derivados de escórias de siderurgia ou rochas silicatadas torna-se crucial”, esclarece.

Ele acrescenta que o processo envolve o intemperismo de minerais ricos em silício, liberando-o para o solo. Esse silício, ao ser transportado pelas raízes, atua como uma barreira física e estimula a planta a produzir substâncias que aumentam sua resistência a pragas e doenças. Tais mecanismos se tornam fundamentais para a proteção das plantas.

Eficácia do silício

Martins destaca que o silício não tem uma ação específica contra certos fungos ou insetos. No entanto, age como uma defesa eficaz no combate a insetos sugadores ou mastigadores, inibindo os danos que poderiam surgir, já que a mastigação ou sucção torna-se mais difícil devido à barreira física de silício.

“Quanto aos fungos, a aplicação de silício via raiz fortalece a resistência, enquanto a aplicação foliar atua como uma barreira física, ao cobrir as folhas, dificultando que os fungos encontrem os estômatos, que são comumente usados como ponto de entrada para infectar a planta. Esse manejo integrado contribui para o manejo eficaz de práticas e doenças”, diz.

O processo envolve o intemperismo do mineral rico em silício, liberando silício e outros elementos como cálcio, magnésio, potássio e sódio. O silício liberado entra nas plantas pelas raízes, depositando-se no espaço intercelular.

O pesquisador conta que esse silício tem dois efeitos principais: “um efeito físico, atuando como uma barreira protetora, e outro efeito de indução, estimulando a planta a produzir substâncias que aumentam sua resistência a pragas e doenças. Estes são os dois mecanismos fundamentais desse processo”.

Recomendações de aplicação

O pesquisador alerta que é crucial avaliar a disponibilidade de silício no solo antes da aplicação. “Se uma análise mostrar menos de 10 miligramas por quilograma de silício disponível no solo, a aplicação é recomendada. Nesse caso, torna-se necessário aplicar fontes de silício, como remineralizadores, especialmente aqueles mais ricos em cálcio e magnésio, e o silicato de cálcio e magnésio derivado da indústria siderúrgica, que apresentam elevada disponibilidade de silício”, indica.

Ele relata que não há uma dose específica recomendada, exceto para a aplicação de silicato de cálcio, que visa aumentar a disponibilidade de silício acima de 10 miligramas por quilograma no solo. No entanto, a dosagem dependerá das características específicas de cada caso.

O objetivo principal é garantir que a planta obtenha o silício e acumule nos tecidos vegetais, pois isso proporciona proteção à planta e reduz os efeitos adversos, como a perda de água. “A presença de silício contribui para a regulação da transpiração, protegendo assim a planta”, resume Martins.

Benefícios do silício

Sobre benefícios, Martins afirma que pode existir um impacto na produtividade e qualidade da lavoura relacionado a vários fatores associados ao silício. “Um desses fatores é a melhoria na arquitetura da planta em relação à eficiência da fotossíntese, uma vez que o silício atua como um componente estrutural, mantendo a planta mais ereta e reduzindo os efeitos do acamamento. Isso resulta em maior resistência da planta e aumento na eficiência da fotossíntese”, pontua.

Além disso, ele conta que o silício regula a entrada de nutrientes, inclusive de micronutrientes, o que é crucial para os mecanismos de absorção. Essa regulação beneficia a eficiência nutricional da planta, refletindo positivamente na qualidade, embora não necessariamente na produtividade.

Um indicador reconhecido pelos agricultores é o aumento do peso de mil sementes, indicando um aumento na densidade nutricional do grão.

Fontes ideais de silício

Ao considerar a adubação foliar com silício, é crucial avaliar a fonte do mesmo. “A terra de diatomáceas, por exemplo, é rica em silício e possui alta disponibilidade, especialmente por ser fina. Outras fontes, como rochas moídas, também podem ser eficazes, desde que sejam moídas a uma granulometria adequada para evitar obstruções nos bicos dos pulverizadores. A denominação “leite de pedra” é comumente usada para descrever esse processo de transformar rochas em uma suspensão coloidal para aplicação foliar”, esclarece o especialista.

Ainda segundo ele, a escolha da fonte deve considerar a capacidade de suspensão em água, e adicionar extratos vegetais, como o de babosa, pode contribuir para manter as partículas na superfície das folhas e prolongar a eficácia.

A possibilidade de combinar essas fontes com micronutrientes existe, embora mais pesquisas sejam necessárias para otimizar as formulações. No entanto, a aplicação foliar de silício, combinada com outros elementos, é viável e promissora, representando uma área que requer mais investigação.

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