Manejo da raiz rosada em cebola

Solos alcalinos, ou de pH mais elevado, favorecem a ocorrência desse patógeno.

Publicado em 13 de dezembro de 2023 às 15h48

Última atualização em 13 de dezembro de 2023 às 15h48

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Jean de Oliveira Souza
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Produção Vegetal
jeanosouza2030@gmail.com

A raiz rosada, causada pelo fungo Setophoma terrestris (sin. Pyrenochaeta terrestris; Phoma terrestris), é uma das doenças de maior importância socioeconômica na exploração da cebola, podendo ser também de grande relevância em outras culturas, como cebolinha-verde e outras aliáceas.

Sintomas de raiz rosada em cebola
Crédito: Igor S Pereira 

 Sua maior ocorrência tem sido verificada em épocas de temperaturas elevadas e em regiões de clima quente. As condições ótimas de temperatura para o desenvolvimento da doença estão entre 24 e 28°C. Já a umidade do solo não é um fator essencial para o estabelecimento da doença.

Sintomas

A doença é caracterizada por manchas púrpuras nas raízes. A coloração rosada é decorrente do pigmento micelial do fungo presente na raiz infectada, sendo que os sintomas podem ser observados em qualquer fase do crescimento da planta.

Porém, é de mais fácil observação em plantas na fase adulta próximo à colheita. Essas manchas podem evoluir de acordo com a intensidade e/ou agressividade da infecção do patógeno, mudando da coloração púrpura para preta, que consiste no apodrecimento dos tecidos acometidos pelo fungo.

Esse ataque aos tecidos das raízes da cebola induz também ao aparecimento de sintomas na parte aérea das plantas, como os sintomas de déficit hídrico e/ou deficiência nutricional.

No campo, é possível identificar áreas que possam ser menos predispostas ao ataque de raiz rosada em cebola/cebolinha-verde, como por exemplo, aquelas com pH por volta de 5.5 a 6.0.

Solos alcalinos, ou de pH mais elevado, favorecem a ocorrência desse patógeno. Já solos bem estruturados e com elevado teor de matéria orgânica, bem como adequado suprimento hídrico, tem levado à menor incidência da doença.

Solução

A aquisição de bulbos-semente para implantação da cultura também garante sucesso no estabelecimento das plantas no campo. Essas mudas podem ser adquiridas de empresas idôneas que produzem e comercializam mudas de elevada qualidade genética e sanitária.

O manejo adequado do solo para a redução da incidência da raiz rosada em cebola é a rotação de cultura. A monocultura de cebola no Brasil, caracterizada pelo cultivo sucessivo na mesma área, tem favorecido os aumentos da ocorrência do fungo (Setophoma terrestris) e de outros fitopatógenos.

A rotação ideal seria com espécies botânicas diferentes da cebola e/ou plantas não hospedeiras. A técnica quebra o ciclo biológico dos patógenos que estão associados às plantas hospedeiras e, dessa forma, não há o estabelecimento do patógeno no campo.

A rotação de culturas é recomendada por, no mínimo, três anos, visando reduz o inóculo presente no solo e o desenvolvimento da doença, apesar de não erradicar o patógeno.

Solarização

Em adição ao manejo do solo por meio da rotação, a solarização também tem proporcionado redução de 73 até 100% na incidência da doença.

A solarização, que consiste na aplicação de um filme plástico sobre a área de cultivo 30 dias antes do plantio, vem despontando com uma alternativa viável de prevenção à ocorrência da saia rosada.

Porém, sua indicação tem sido mais adequada para pequenas áreas de cultivos, não sendo muito recomendada para grandes áreas devido aos custos mais elevados.

Controle químico

Outra estratégia de controle seria o químico. Embora não exista defensivo agrícola registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para o manejo dessa doença em cebola, o uso de fungicidas não registrados para o controle vem se mostrando pouco eficiente, pois as estruturas sobrevivem no solo por muitos anos e são muito agressivas.

Manejo biológico

O controle biológico é considerado ecologicamente correto e ambientalmente adequado ao manejo de fitopatógenos.

No entanto, o uso de fungos antagônicos (Trichoderma sp, Clonostachys rosea e Bacillus subtilis), embora tenha se mostrado bastante eficiente no controle de diversos patógenos associados a doenças de solo, sobre a raiz rosada esse biocontrole, assim como o químico, também não tem sido eficiente até o momento.

Uma vez que a doença se instale no campo, o controle torna-se mais difícil e oneroso, reduzindo as chances de sucesso para um manejo adequado. Por isso, as medidas preventivas e a facilidade de adoção delas pelos agricultores podem tornar o manejo mais eficiente, minimizando os danos provocados pela doença.

Práticas culturais

Entre as práticas culturais específicas, estão: adubação equilibrada com base em análise química do solo; adubação orgânica condicionando o pH do solo à faixa de melhor tolerância das plantas ao patógeno; melhor estruturação do solo por meio do cultivo mínimo e da cobertura verde.

Também tem sido eficiente o uso de cultivares tolerantes/resistentes à raiz rosada, uma vez que a maioria dos materiais utilizados nacionalmente são suscetíveis.

A densidade de plantio adequada para propiciar um bom desenvolvimento da planta e o manejo adequado da irrigação para evitar estresse hídrico podem reduzir significativamente as perdas decorrentes da raiz rosada, que chegam a 60 – 80% da produção, dependendo do nível de infecção da doença no campo.

Não obstante, as medidas preventivas têm sido mais eficazes na proteção fitossanitária do que as medidas curativas de controle da raiz rosada (Setophoma terrestris) em cebola e cebolinha-verde.

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