Mancha púrpura do alho e relação com inoculantes

Você sabe se inoculantes comerciais apresentam diferença no comportamento de progresso temporal da mancha púrpura do alho? E outras doenças?

Publicado em 11 de janeiro de 2023 às 07h00

Última atualização em 11 de janeiro de 2023 às 07h00

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Crédito: Eduardo Sekita

Leandro Luiz Marcuzzo
leandro.marcuzzo@ifc.edu.br
Rodrigo Rosa
Pesquisadores – Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul

A ocorrência de doenças é um fator limitante para a produção do alho (Allium sativum L.) no Brasil. Entre as doenças, a mancha púrpura, causada por Alternaria porri (Ellis) Cif., tem sido considerada uma das mais destrutivas nas condições de temperatura elevada no Brasil.

O uso de inoculantes bacterianos pode ser uma das formas de manejo dessa doença, porém, é necessária a avaliação do comportamento temporal da doença entre eles. Entre as formas de caracterizar o desenvolvimento da doença, a curva de progresso temporal é a melhor representação de uma epidemia.

A interpretação do formato dessas curvas e seus componentes, como a taxa e a severidade final, são fundamentais para realizar o manejo de epidemias.

Como não se dispõe de informação sobre o assunto, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o progresso temporal da mancha púrpura do alho em função do uso de diferentes inoculantes comerciais.

Pesquisa

O trabalho foi conduzido no Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul, no município de Rio do Sul (SC), durante o período de 13 de junho a 7 de novembro de 2022.

Bulbilhos de alho da cultivar Chonan foram vernalizados a 4ºC por 50 dias e após tratamento das sementes foram microbiolizadas durante uma hora com os inoculantes comerciais à base de Azospirillum brasilense; Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens; Bacillus licheniformis; Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens, B.pumilus e de Rhizophagus intraradices e testemunha com água.

Logo em seguida foram semeados a campo em três repetições constituídas de uma área de 1,3 x 1,25 m utilizando cinco linhas com espaçamento de 0,25 m entrelinhas e 10 cm entre plantas, totalizando um estande final de 65 plantas em cada repetição (equivalente a 400.000 plantas.ha-1).

Dez plantas em cada repetição foram previamente escolhidas e demarcadas aleatoriamente para a avaliação da doença. A calagem, a adubação e os tratos culturais seguiram as normas da cultura.

Para que houvesse inóculo na área, plantas adultas de alho-poró (Allium porrum L.) infectadas naturalmente com A. porri e apresentando sintomas nas folhas foram transplantadas entre cada parcela ao redor do experimento no dia do plantio.

A severidade da doença foi avaliada pela escala diagramática proposta por Axevedo (1997) em cada folha presente na planta a intervalos regulares de sete dias.

Resultados

O modelo logístico representado por: y=ymax/(1+exp(-ln(yo/(ymax-yo)-r*x)), onde y é a intensidade final de doença; ymax, intensidade máxima da doença; ln(yo/(ymax-yo) refere-se à função de proporção da doença na primeira observação; r corresponde à taxa; e x, ao tempo em semanas após o início da doença apresentou o melhor ajuste quanto à curva de progresso da doença e foi escolhido para representar o progresso da mancha púrpura na avaliação dos inoculantes (Tabela 1).

Tabela 1. Parâmetros estimados pelo modelo logístico ajustado aos dados da mancha púrpura do alho e taxa de infecção aparente (r) com diferentes inoculantes comerciais. IFC/Campus Rio do Sul, 2022

TratamentoParâmetros do modelo logístico*r
ymaxyorR2 
10,0263601,6225540,3106280,9373510,013 ns
20,0246681,8731730,2596350,9620540,015
30,0240321,4876290,1655820,90019800,018
40,0281601,4551160,1415500,9038320,018
50,0260841,4357610,2293010,9197130,012
Testemunha0,0240003,3398100,3121400,9777160,025
CV(%)    32,05
*ymax: intensidade máxima da doença; yo refere-se a função de proporção da doença na primeira observação; r corresponde à taxa; R2: coeficiente de determinação; r é a taxa de infecção aparente. CV- coeficiente de variação. ns – não significativo pelo teste F. Tratamento: 1) Azospirillum brasilense; 2) Azospirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens; 3) Bacillus licheniformis; 4) Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens, B.pumilus; 5) Rhizophagus intraradices e testemunha com água.

Foi verificado que o inoculante à base de Azospirillum brasilense apresentou a maior taxa (0,31) de progresso, enquanto que a mistura de Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens, B. pumilus a menor taxa(0,14), mas na taxa de infecção aparente o menor valor (0,12) foi com Rhizophagus intraradices (Tabela 1).

Constatou-se que a mistura de Bacillus subtilis, B. amyloliquefaciens e B. pumilus apresentou o pico máximo da severidade com 2,8%, enquanto que Bacillus licheniformis teve o menor acúmulo da doença com 2,4%.

É uma diferença de apenas 0,4% na severidade máxima entre esses inoculantes, porém, todos superiores à testemunha (Tabela 1).

A baixa intensidade da doença deve-se às condições ambientais de temperatura, que foram desfavoráveis para o desenvolvimento da doença.

Conclui-se que os inoculantes comerciais avaliados não apresentaram diferença no comportamento de progresso temporal da mancha púrpura do alho.

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