Ácido bórico no controle da ferrugem do cafeeiro

A ferrugem do cafeeiro é a doença mais importante da cultura em termos de controle, devido ao ...
Fungicidas e ácido bórico melhora eficiência no controle da ferrugem - Crédito: Daniel Vieira

Publicado em 17 de março de 2022 às 07h43

Última atualização em 17 de março de 2022 às 07h43

Acompanhe tudo sobre Ácido bórico, Café, Cafeeiro, Ferrugem e muito mais!

Suzeth Carvalho SousaEngenheira agrônomasuzecarvalho10@gmail.com

Fungicidas e ácido bórico melhora eficiência no controle da ferrugem – Crédito: Daniel Vieira

A ferrugem do cafeeiro é a doença mais importante da cultura em termos de controle, devido ao patógeno comprometer o vigor e a produtividade das lavouras. Causada pelo fungo Hemileia vastatrix, essa enfermidade está presente no Brasil desde a década de 1970, com o primeiro registro no Sul da Bahia, sendo logo disseminada para todas as regiões produtoras do País.

O sintoma característico da doença é a presença de uma massa pulverulenta de esporos de coloração amarelo-alaranjado na face inferior das folhas, ocasionando uma mancha clorótica na face superior. O fungo é do tipo biotrófico, ou seja, se alimenta das células vivas da planta, adentrando-se pelos estômatos, onde germina e se desenvolve sem matar as células.

Condições para a doença

Fatores como alta umidade, temperaturas entre 21 e 25°C, baixa altitude e pouca luminosidade favorecem o desenvolvimento de Hemileia vastatrix. Em lavouras adensadas a ferrugem apresenta maior severidade devido ao microclima propício para o crescimento do fungo, ocorrendo logo a queda das folhas, menor vingamento da florada e dos frutos na fase de chumbinho, indução à desfolha por ocasião da colheita e seca dos ramos, acarretando sérios prejuízos às lavouras de café.

A fim de controlar a ferrugem, existem alguns métodos que devem ser utilizados pelos produtores, dentre eles o emprego de variedades resistentes e pulverizações com fungicidas protetores e sistêmicos, mediante monitoramento para tomada de decisão, ou aplicados em datas preestabelecidas.

Prevenção e cura

O monitoramento do avanço da doença em campo é fator primordial para estimativa de danos e escolha do melhor controle, podendo ser ele protetivo, protetivo curativo via foliar e preventivo-curativo via solo.

Atualmente, a aplicação de fungicidas via solo para o manejo da ferrugem vem se tornando uma prática comum nas propriedades cafeeiras, devido à maior facilidade, rendimento e melhor eficiência dos produtos de ação sistêmica na planta.

A época de controle, por meio das aplicações via solo, coincide com a época de fornecimento de boro, o que se torna uma opção viável na diminuição dos custos com mão de obra desses processos.

Boro

[rml_read_more]

O boro está associado diretamente à produtividade do cafeeiro, uma vez que ele é o micronutriente responsável pela germinação do grão de pólen, crescimento do tubo polínico, de meristemas, sistemas enzimáticos e estruturação da parede celular dentro dos vegetais. Por esse motivo, sua aplicação está relacionada com o pegamento da florada do café, tornando-se crítico nessa fase de desenvolvimento da cultura.

Em função da sua imobilidade, ou seja, por ser um nutriente que não se transloca pelo floema, a aplicação de boro atinge maior eficiência quando é realizada via solo. Assim sendo, os sintomas de deficiência, como crescimento deformado e tamanho reduzido, são notados nas folhas mais novas.

Além disso, ramos laterais se tornam mais longos que a altura da planta, fazendo com que ela apresente um aspecto de nanismo quando ainda jovem.

Na literatura, a aplicação de boro é recomendada em solos com teores inferiores a 0,6 mg/dm³, porém, na prática está sendo aplicado quando esse apresenta teor abaixo de 1,0 mg/dm³ no solo.

Nessa hora, deve-se tomar cuidado com a escolha da fonte a ser aplicada, pois o ácido bórico é solúvel em água, estando prontamente disponível para a planta. Porém, é muito suscetível à lixiviação, não sendo suficiente para manter os teores adequados por muito tempo, por isso, é recomendado em casos de extrema deficiência.

Uma outra fonte é a ulexita, uma rocha fonte de boro, a qual possui liberação gradual, sendo usada também para suprir as necessidades desse nutriente, proporcionando um período maior de fornecimento para a planta.

Pesquisas

De acordo com Mendes 2019, um estudo realizado em lavoura de Catuaí Vermelho IAC 144 comprovou que o controle químico com a utilização de fungicidas, associado ao ácido bórico, promoveu diminuição no número de aplicações, propiciando 82 a 90 dias sem infestação maior que o nível de controle, sendo esse 5%.

Nas áreas onde não foi realizada nenhuma aplicação foram apenas 59 dias sem verificar a infestação das plantas e já nas regiões em que o ácido bórico foi aplicado na forma sólida e sem associação de fungicida, notou-se também um tempo mais extenso para a doença atingir o nível de controle, apresentando resultados semelhantes às áreas em que se utilizou fungicidas.

Custo-benefício

Portanto, pode-se afirmar que o boro, quando aplicado em conjunto ou não com fungicidas, reduz de maneira eficiente a ferrugem do cafeeiro. Além disso, no mercado são comercializadas embalagens em quilo de ácido bórico, cujos preços iniciam com R$ 8,82, possibilitando uma maior viabilidade econômica ao produtor, juntamente com uma maior produtividade, em função do controle da doença.

Qualquer dúvida, procure sempre um engenheiro agrônomo para recomendar o melhor método de controle para sua lavoura.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Exportações de carne de MT crescem 67% no 3º trimestre de 2025 e devem superar recorde de 2024

2

Incertezas econômicas e clima irregular desafiam produtores e exigem gestão mais estratégica

3

Brasil pode gerar 370 milhões de toneladas de créditos de carbono até 2030

4

Tomate cereja BRS Iracema: sabor adocicado e tolerância a doenças

5

HGS Bioscience: substâncias húmicas são o combustível do solo

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Foto 01 A (Pequeno)

HGS Bioscience: substâncias húmicas são o combustível do solo

Aplicativo da Embrapa para monitorar cascudinho na avicultura com inteligência artificial

Simpósio da FACTA discutirá custo, desempenho e saúde intestinal na nutrição animal em Foz do Iguaçu (PR)

Propriedade Cafesul - Muqui (ES) ok

Cafeicultores do Comércio Justo unem forças para enfrentar mudanças climáticas

ROME, ITALY - NOVEMBER 06: Winner of the Best of the Best Award pose on stage during the Ernesto Illy International Coffee Award 2025 at Palazzo Colonna on November 06, 2025 in Rome, Italy. (Photo by Lorenzo Palizzolo/Getty Images for illy)

Anunciados os vencedores do Prêmio Internacional de Café Ernesto Illy 2025