Biológico no controle do bicho-mineiro

A principal praga que compromete a produção e a produtividade do café é o bicho-mineiro ...
Folha - Crédito: Paulo Rebelles

Publicado em 25 de agosto de 2021 às 10h44

Última atualização em 25 de agosto de 2021 às 10h44

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Suzeth Carvalho SousaGraduanda em Agronomia – Unicerradosuzecarvalho10@gmail.com 

Pauletti K. RochaEngenheira agrônoma, mestra em Agronomia e diretora do curso de Agronomia – Unicerrado paulettirocha@unicerrado.edu.br

Folha – Crédito: Paulo Rebelles

A principal praga que compromete a produção e a produtividade do café é o bicho-mineiro (Leucoptera coffeella), que está presente em todas as regiões produtoras, sendo de grande importância a sua rápida detecção nas lavouras e, consequentemente, o seu controle afim de minimizar os prejuízos.

O bicho-mineiro expressa um elevado potencial de agressividade, caso não seja controlado adequadamente. O inseto é uma mariposa de tamanho reduzido, com metamorfose completa, ou seja, seu ciclo de vida passa pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto, onde cada mariposa oviposita em torno de 36 ovos em um período de até 35 dias, demonstrando assim sua severidade, pois devido ao ciclo curto, a infestação da praga é rápida e intensa.

De hábitos noturnos, os insetos se abrigam nas folhagens durante o dia e ao entardecer realizam suas atividades e a oviposição. O nome do bicho-mineiro é devido ao fato de as larvas adentrarem as folhas e se alimentarem do parênquima paliçádico, causando lesões e deixando um vazio entre as duas epidermes da folha, conhecidas como “minas”.

Danos

Na região atacada ocorre a formação de manchas escuras e necróticas, as quais reduzem a capacidade fotossintética da planta, comprometendo assim o seu desenvolvimento vegetativo e consequentemente a redução na produção da cultura. Outro dano ocasionado pela praga é a queda das folhas, o que também afeta a formação dos botões florais, assim como a florada.

Conforme a intensidade do ataque, pode ocorrer severa desfolha no cafeeiro, iniciando-se no terço superior e evoluindo para as regiões baixeiras da planta, comprometendo a produção do ano e também a safra seguinte, em razão dos danos causados ao metabolismo das plantas, onde o ramo vegetativo terá seu crescimento reduzido e uma baixa produtividade no segundo biênio.

Esses prejuízos ocasionam drásticas perdas de produção nas lavouras e nos lucros, bem como um aumento com gastos para recuperação das plantações, o que pode perdurar até dois anos.

Condições que favorecem a praga

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Um dos fatores que influenciam o ataque dessa praga é o clima, em que as regiões com temperaturas mais altas, associadas às estiagens e umidade relativa baixa, são mais favoráveis à sua ocorrência.

Há outros fatores que também contribuem para o aumento da incidência do bicho-mineiro, como o excessivo uso de inseticidas não seletivos que interferem no equilíbrio dos inimigos naturais, adubações incorretas, deixando as plantas mais suscetíveis ao ataque dos insetos e largos espaçamentos na cultura, os quais proporcionam uma maior circulação do vento, sendo esse um fator de disseminação do inseto.

Com o intuito de impedir a incidência ou amenizá-la, é de suma importância que o agricultor ou responsável técnico realize o monitoramento da área, observando se há presença ou não de ovos e larvas nas folhas das plantas, bem como do adulto na lavoura.

Controle

A partir dos dados obtidos nesse levantamento, as formas de controle serão adotadas, a fim de reduzir o nível de infestação e o melhor manejo do inseto a ser definido. Os métodos de controle mais utilizados na cafeicultura são o químico, o cultural, o genético e o biológico, sendo que este último vem apresentando resultados significativos e eficazes no controle do bicho-mineiro.

O controle químico é feito através do uso de inseticidas registrados para a cultura aplicados em pulverizações foliares ou via solo. No Agrofit (Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários) estão relacionados diversos produtos, como avermectinas, neonicotinoides, piretroides, carbamatos, espinosinas, entre outros, ressaltando-se que todos devem ser aplicados conforme a recomendação do fabricante.

Pesquisas

O controle genético corresponde à utilização de cultivares que sejam resistentes ao ataque de L. coffeea. Várias pesquisas estão sendo conduzidas em diversas regiões com o objetivo de desenvolver esses tipos de cultivares, e recentemente a Fundação Procafé lançou a cultivar Siriema AS1, a qual possui alelos que proporcionam resistência ao ataque desse patógeno.

O método cultural mais utilizado no controle desta praga é a implantação de plantios intercalares e de quebra-ventos, sendo que ambos diminuem a ocorrência do inseto nas lavouras cafeeiras.

O uso do biológico surge como uma opção inovadora e eficaz no manejo de pragas, a qual traz benefícios ao produtor, como a redução nos gastos com defensivos químicos e eficiência no controle dos insetos que causam prejuízos às lavouras de café, além de serem inócuos à saúde humana e ao meio ambiente.

O controle do bicho-mineiro é exercido por predadores e parasitoides, os quais são capazes de diminuir a população do mesmo. De acordo com Moscardini (2018), cerca de 18 espécies de vespas parasitas e crisopídeos, como o bicho-lixeiro (Chrysoperla externa), estão relacionados ao controle biológico de L. coffeea, sendo que em algumas áreas, até 30% das larvas e pupas desse inseto podem ser infestadas por parasitoides.

Na região de Minas Gerais, o controle realizado pelas vespas sociais chegou a 70% e na área da Zona da Mata, relatos demonstram até 90% de controle.

Uma das espécies aplicadas no controle biológico do bicho-mineiro são os crisopídeos (Chrysoperla spp). Suas larvas são predadoras ativas, as quais apresentam esse comportamento em toda sua fase, a qual é composta por três instares, sendo as de primeiro instar mais ativas, desempenhando alta capacidade de busca por presas, podendo citar como preferência pequenas lagartas e ovos de lepidópteros, entre eles os do bicho-mineiro.

Manejo

O sucesso do controle biológico está diretamente vinculado às práticas de manejo em campo. Moscardini (2018) ressalta que a identificação dos insetos de interesse e adoção de medidas para manutenção e aumento das populações dos mesmos são fatores significativos para garantir a eficiência desse controle.

O fornecimento de abrigos por meio da utilização de plantas hospedeiras dos inimigos naturais, como é o caso da braquiária na entrelinha do cafeeiro, é uma alternativa que favorece a sobrevivência e atuação dos predadores e parasitoides.

Além disso, o uso de inseticidas seletivos e a preferência pela aplicação dos sistêmicos via solo na época chuvosa.

Crisopídeos

No Brasil, ainda não existe registro junto ao MAPA para a comercialização desses predadores, porém, empresas brasileiras já estão na disputa pelo registro dos mesmos. Atualmente, os crisopídeos são liberados nos cafeeiros em aproximadamente 1.600 ha por mês, todavia, após o registro no MAPA esses predadores poderão ser comercializados no País, tendenciando um aumento da área beneficiada pela ação dos mesmos.

Pesquisas recentes na Universidade de Franca mostraram resultados positivos de controle após a liberação de Chrysoperla externa, mantendo a população de L. coffeea abaixo do nível de dano econômico.

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