Fisiologia do trigo

O trigo é o cereal que há milênios vem compondo a base da agricultura mundial.
Trigo - Foto: Ronnie Pereira

Publicado em 27 de julho de 2021 às 09h34

Última atualização em 15 de maio de 2025 às 16h06

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Ronnie Tomaz Pereiraronnie@educarpv.com

Jaíne Cristina de Jesus jaine.cristina.jesus@gmail.com

Engenheiros agrônomos e analistas Nagro Crédito Agro

Trigo – Foto: Ronnie Pereira

O trigo é o cereal que há milênios vem compondo a base da agricultura mundial. As plantas que temos hoje são resultado de muito tempo de adaptação e domesticação da espécie ao longo da nossa história. Essa seleção resultou em eficiência produtiva e qualitativa sobre esse produto agrícola, de forma que atualmente temos uma produção mundial de aproximadamente 800 milhões de toneladas.

Apesar do cenário, em que se destacam os países do hemisfério norte, o Brasil vem crescendo e melhorando sua produção ano a ano por meio do desenvolvimento tecnológico e do conhecimento do comportamento da planta no nosso território tropical.

Nesse sentido, o conhecimento da fisiologia da planta e seu comportamento nos diferentes ambientes produtivos é fundamental para o produtor estabelecer uma estratégia que torne a atividade sustentável e rentável em todos os sentidos.

Diversidade ambiental

A diversidade de ambientes produtivos no Brasil é enorme, principalmente quando se trata de aspectos climáticos. Apesar disso, pode-se definir, para a cultura do trigo, três macrorregiões: região sul, centro sul e região central (cerrado). Cada uma delas implica em maior ou menor influência nos eventos específicos do desenvolvimento fisiológico da cultura.

Esses eventos podem ser divididos em basicamente três fases: vegetativa, reprodutiva e enchimento de grãos, de forma que ações do ponto de vista prático podem ser determinantes para o sucesso da atividade. O momento de semeadura, por exemplo, se for demasiadamente antecipado, pode elevar muito o risco de danos por geada em regiões com essa ocorrência nos meses de desenvolvimento da cultura, prejudicando o rendimento final.

Ferramentas úteis para momentos decisivos

Muitas vezes precisamos fazer difíceis escolhas, pressionados pela imprevisibilidade do tempo. Para diminuir os riscos na tomada de decisões, podemos nos apoiar nos boletins técnicos e no zoneamento agroclimático regionais, que trazem orientações específicas para cada região.

O zoneamento ajuda a entender o comportamento da cultura em determinado clima. Na fase vegetativa, por exemplo, o principal evento diz respeito à expansão da área foliar, que será fundamental nas fases seguintes, determinando o rendimento final. Nessa fase a variação da temperatura e fotoperíodo podem acelerar ou retardar o ciclo.

Para essa etapa, o produtor deve estar atento à densidade de semeadura e espaçamento entrelinhas, ou seja, o arranjo das plantas para aproveitamento máximo da luz e prevenção contra o acamamento.

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Materiais genéticos

A escolha de cultivares adequadas às condições climáticas da região e a diversidade de cultivares numa mesma área, aliadas a uma condição correta de fertilidade, são importantes ações de manejo.

Sobre as fases reprodutiva e de enchimento de grãos, pode-se definir um período crítico de 30 dias, concentrado entre 20 dias pré-floração e 10 dias pós-floração, sendo importante também a produção de afilhos.

Nesse período é definido o potencial produtivo, ou seja, o número de espigas por unidade de área e o número de grãos por espiga. Para que todo o ciclo seja bem-sucedido, além da atenção à variação no tempo, deve-se ter em mente a nutrição com todos os nutrientes essenciais a se fornecer, destacando-se a larga exigência em nitrogênio e fósforo, que normalmente encontram-se em patamares inferiores quando comparados ao potássio nas áreas. Há de se destacar, ainda, o enxofre, importante constituinte de proteínas para os grãos.

Questões nutricionais

Problemas, ainda, em relação a alguns micronutrientes podem ser encontrados, com destaque para o zinco e o boro, dada a condição de alto desgaste e baixa matéria orgânica dos solos brasileiros.

Assim, o produtor pode lançar mão de análises prévias de solo e amostragens para análises foliares pontuais nos períodos críticos de desenvolvimento, como a fase inicial de estabelecimento, quando se pode corrigir as deficiências com efetividade. 

Pensando na sustentabilidade da atividade e no melhor aproveitamento da área, o engenheiro agrônomo  e professor na  Universidade Federal de Uberlândia– Campus Monte Carmelo Odair José Marques, acredita que é preciso uma visão integrada do sistema produtivo, podendo-se optar pelo uso do trigo na rotação de culturas, ou ainda como construtor de fertilidade do solo, pela incorporação de matéria orgânica, dada a excelente relação C/N da cultura.

Ele destaca ainda a extrema versatilidade de uso da cultura e seu ótimo comportamento fisiológico frente a ambientes de restrição.

Aceitação

A escolha do trigo como atividade principal tem atraído alguns produtores da região central, como Triângulo Mineiro e Sul de Minas, que vem se destacando pela qualidade e produtividade crescentes, optando seja pelo sistema irrigado, seja em sequeiro.

O diferencial de qualidade obtido nessas regiões é também explicado pelo comportamento fisiológico da planta em interação com o ambiente, que promove maior manutenção da força de glúten no grão, dadas as condições climáticas no enchimento de grãos e na colheita.

 A atenção em relação à interação planta-ambiente é, então, crucial para a definição das estratégias de manejo, devendo ser amparada em informação regional de qualidade, para que se possa atingir rentabilidade financeira e perenidade do sistema produtivo.

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