Efeito “dreno” em cafeeiros

O efeito “dreno”, em ramos de café, foi observado como causa capaz de reduzir o tamanho dos frutos, aqueles das últimas floradas.
Frutos da primeira (amarelos) e da segunda florada (verdes), estes menores e, neste caso, com maior incidencia de grãos moca.

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 13h53

Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 13h53

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Autores

José Braz Matiellojb.matiello@gmail.com

Lucas Bartelega / Saulo Roque de Almeida Engenheiros agrônomos – Fundação Procafé

Gianno BrittoEngenheiro agrônomo e consultor

Carlos Henrique Siqueira Carvalho Pesquisador da Embrapa Café

Diego B. RochaTécnico agrícola – Coopadap

Frutos da primeira  (amarelos) e da segunda florada (verdes), estes menores e, neste caso, com maior incidência de grãos moca.

O efeito “dreno”, em ramos de café, foi observado como causa capaz de reduzir o tamanho dos frutos, aqueles das últimas floradas. Também pode causar a ocorrência de maior percentual de grãos do tipo moca.

O efeito “dreno” consiste na partição desigual das reservas da planta, em suas diferentes partes, com prioridade para aquelas que possuem maior facilidade de translocar essas reservas, em detrimento de outras partes.

Nos cafeeiros já é bem conhecido o efeito de drenagem de reservas, com preferência para os frutos, fazendo com que, no período de enchimento dos grãos, o desenvolvimento da vegetação da planta fique quase paralisado. Outro efeito, também esclarecido, é o que ocorre com floradas diferenciadas, onde os frutos maiores drenam as reservas e promovem a queda ou abortamento de frutos chumbinhos.

O que você ainda não sabe

Dois novos aspectos ligados ao efeito dreno são agora relatados, com base em observações e avaliações em campo, nas lavouras, nesse último ano. Verificou-se que os frutos da 2ª e 3ª floradas, portanto com crescimento atrasado, mostram menor tamanho final e maior percentual de grãos moca, quando comparados aos da 1ª florada. Na avaliação de lavoura no Alto Paranaíba, foi observado que a percentagem de frutos com grãos moca foi zerada na 1ª florada, subiu para 10-12% na 2ª e para 80-90% na 3ª florada.

Quanto à redução do tamanho dos frutos, o efeito dreno explica bem esse aspecto, pois os vasos do pedúnculo dos frutos mais velhos, mais desenvolvidos, possuem melhores condições de drenar as reservas, assim, os mais novos, quando não descartados ou abortados, ficam reduzidos no seu tamanho.

O que diz a pesquisa

Sobre a maior percentagem de grãos moca, não se tem, ainda, uma boa explicação, uma vez que o fenômeno está ligado à falta de fecundação em uma das lojas do fruto. Poderia ser, também, pelo efeito dreno, porém, não podem ser descartados outros fatores, de ordem climática ou fisiológica, provocando esse problema.

O efeito de partição de reservas, influindo no tamanho de frutos, é conhecido no caso de diferentes cargas dos cafeeiros – com altas produções sempre os frutos/grãos são menores. Também, pesquisa feita no ex-IBC mostra que, quando se eliminam alguns frutos por roseta, ocorre aumento de cerca de 15-20% no tamanho dos frutos que ficaram.

Por último, destacamos que o processo do cafeeiro de emitir várias floradas deve estar ligado à natureza, para a sobrevivência da planta. Veja que se houvesse apenas uma florada e ocorresse uma seca ou outro fenômeno que inviabilizasse os frutos, a planta teria dificuldades de se perpetuar na natureza.

Agora, como planta cultivada, o cafeeiro mantém essa característica e, para reduzir problemas com frutos menores ou mocas, por efeito dreno, a única coisa a fazer é dar um estresse hídrico quando se conta com irrigação, e então voltar a irrigar para uniformizar mais a florada.

Ressalta-se que isto já ocorre naturalmente nas regiões cafeeiras com inverno mais seco, condição em que as floradas são mais igualadas.

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