Como combater o estresse térmico no bananal?

O estresse térmico no bananal pode causar muitos prejuízos ao produtor.
Banana - Crédito: Shutterstock

Publicado em 13 de agosto de 2020 às 09h16

Última atualização em 13 de agosto de 2020 às 09h16

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Autor

Rodrigo Ariel Polizello Graduando em Agronomia – Universidade Federal de Lavras (UFLA) – rodrigo.polizello@estudante.ufla.br

Banana – Crédito: Shutterstock

O estresse térmico no bananal pode causar muitos prejuízos ao produtor. Visto isso, antes de implantar um bananal é necessário analisar as condições climáticas do local de plantio, pois, caso contrário, as variações do clima podem impedir as plantas de alcançarem o seu desenvolvimento potencial máximo.

A bananeira é uma cultura que se desenvolve bem em temperaturas médias anuais que variam entre 16 e 35°C, sendo a temperatura ótima para o desenvolvimento da planta em torno de 27ºC. Em temperatura de 34°C inicia-se o estresse térmico da bananeira, e quando atinge 38°C o seu crescimento é paralisado, devido, principalmente, à desidratação dos tecidos.

Por outro lado, em temperaturas abaixo de 16°C a emissão de folhas é paralisada (Robinson e Galán Saúco, 2010), além de diminuir a fotossíntese, danificar o sistema radicular e causar o amarelecimento das folhas.

Já em temperaturas abaixo de 15°C pode ocorrer um distúrbio fisiológico denominado chilling ou “friagem” (Marcolan et al., 2007), o que provoca diversos danos aos tecidos do fruto, principalmente o da casca, prejudicando o amadurecimento e, consequentemente, a qualidade para consumo.

Apesar de ser mais comum no campo, esse fenômeno também pode estar presente na pós-colheita, como no transporte dos cachos, na climatização ou logo após a banana adquirir a coloração amarela. De acordo com Borges et al., 2000, quando a temperatura de 18°C é atingida no campo por várias horas, também pode causar o chilling, com aparecimento dos sinais de coloração, geralmente, apenas 48h após a baixa temperatura. Ventos frios também provocam chilling.

Baixas temperaturas também provocam compactação da roseta foliar e o “engasgamento” da inflorescência. Esse fenômeno dificulta a saída do cacho e o mesmo fica deformado, inviabilizando a sua comercialização.

Há várias formas de prevenir o estresse por frio no bananal, por exemplo, evitar o plantio em áreas sujeitas a ventos frios, geadas e granizo e em áreas de grandes altitudes.

Solução

Como os ventos frios causam danos, a utilização de quebra-ventos pode ser muito útil. Além disso, o ensacamento do cacho pode proteger os frutos contra os ventos frios e proporcionar outros benefícios, como proteção contra poeira, insetos, pássaros e danos causados pela fricção das folhas com os frutos.

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Outra técnica importante que pode aumentar o conforto térmico no bananal é o aumento da densidade de plantio, pois essa técnica melhora a proteção contra o vento, diminui o excesso de radiação solar, melhora a refrigeração do bananal, reduz a evaporação de água do solo e aumenta a eficiência de uso da água, elevando assim a produtividade.

Também o sistema de irrigação de microaspersão permite maior refrigeração da planta e maior distribuição do sistema radicular, com mais raízes finas, relacionado à absorção de água e nutrientes, favorecendo o crescimento e o desenvolvimento da planta.

Além disso, na pós-colheita, o controle da temperatura dos frutos durante a aplicação de etileno, no transporte e armazenamento dos frutos, é extremamente importante. Em hipótese nenhuma a temperatura pode ser menor que 15ºC.

O combate ao estresse térmico do bananal se resume à escolha adequada do local de plantio, uso de quebra-ventos, aumento da densidade de plantio, irrigação por microaspersão e controle de temperatura na pós-colheita.

Na pós-colheita, por exemplo, Chen, et al. (2020) verificaram que o ácido salicílico aumentou a tolerância ao resfriamento em bananas que amadureceram normalmente abaixo de 15°C. Os autores verificaram que os frutos tratados com essa substância apresentaram várias mudanças fisiológicas, como metabolismo do açúcar e consumo de substâncias redutoras, para se adaptarem ao estresse pelo frio, e não houve lesão.

Se o produtor controlar bem o estresse térmico, terá maior produtividade e frutos de excelente qualidade, com consequente maior lucratividade.

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