A renovação de cafeeiros em áreas contaminadas

A renovação de cafeeiros em áreas contaminadas
A renovação de cafeeiros em áreas contaminadas

Publicado em 27 de julho de 2019 às 09h34

Última atualização em 27 de julho de 2019 às 09h34

Acompanhe tudo sobre Ácaro, Água, Biológico, Café, Enxertia, Irrigação, Matéria orgânica, Nematoide, Nutrição, Plantio, Raízes, Semente orgânica, Solo, Viveiro e muito mais!

Autores

Jade Cristynne Franco Bezerra
Engenheira florestal e mestranda em Agronomia/Produção Vegetal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
jadefranco9@gmail.com
Claudia Maia Andrade 
Engenheira agrônoma – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
claudia.andrades@outlook.com
Ana Carolina Lyra Brumat
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Produção Vegetal – UFPR
anacarolinalb08@hotmail.com
Gustavo Antônio Ruffeil Alves
Engenheiro agrônomo e doutor em Ciências Agrárias – UFRA
gustavo.ruffeil@ufra.edu.br

Créditos Luize Hess

Os nematoides são vermes que atacam o sistema radicular dos cafeeiros, dificultando a capacidade de absorção de água e nutrientes essenciais, podendo ocasionar o baixo desenvolvimento, atingindo a produtividade da planta, comprometendo a capacidade de produção total e a qualidade da lavoura.

Meloidogyne incognita, M. paranaensis e M. exigua estão entre os nematoides formadores de galhas mais frequentemente encontrados em culturas agrícolas, destacando-se a espécie M. exigua por ser a mais frequentemente encontrada em grandes quantidades em áreas de lavouras mais antigas.

A espécie M. exigua está amplamente distribuída em grandes regiões produtoras de café arábica do Brasil. Eles são responsáveis por atacar as raízes finas da planta, limitando a absorção de nutrientes e água. Em plantas adultas, que têm um sistema radicular profundo e bem estruturado, é possível conviver com os nematoides sem ocasionar danos significativos.

No entanto, quando o plantio de mudas é realizado em áreas infestadas, onde as mudas ainda têm um pequeno e sensível sistema radicular, os danos podem ser aparentes e irreversíveis, quando não se tem nenhuma medida de prevenção e controle.

Manejo

É recomendado o descanso da área por um período, bem como a rotação de cultura com plantas não hospedeiras, a exemplo o milho e algumas leguminosas. A adição de matéria orgânica na cova antes do plantio é uma forma de reduzir a população do nematoides no solo, além de melhorar a nutrição das plantas, auxiliar na estrutura química do solo e favorecer o crescimento de microrganismos possíveis predadores dos nematoides patogênicos.

Na maioria dos casos, o controle de nematoides é ineficiente, sendo que tanto o controle químico quanto o biológico ainda não são alternativas economicamente viáveis. Desse modo, existe uma técnica de renovação por meio de mudas enxertadas em porta-enxertos tolerantes, viabilizando o cultivo de cafeeiro em áreas antes infestadas (Matiello et al., 2012).

O objetivo da enxertia em café surgiu exatamente para minimizar os problemas com nematoides na cultura, e tem garantido resultados satisfatórios. A enxertia é realizada quando as mudas estão no estágio palito, podendo ser pela garfagem ou encostia, utilizando como porta-enxerto a variedade de café conilon (Apoatã-IAC-2258) e o enxerto com a variedade arábica.

Importante levar em consideração que a combinação de enxerto e porta-enxerto necessita de estudos prévios, pois pode haver problemas de incompatibilidade genética do material.

Esta técnica é recomendada e a mais utilizada na redução de nematoides, pois, além de possuir características favoráveis, como produtividade uniforme, fácil adaptação ao clima e solo, resistência a outras pragas e doenças; também melhora a qualidade do solo, diminuindo a infestação e aumentando a produtividade, pois o cafeeiro terá maior capacidade de absorção de água e nutrientes (Barbosa, et al 2014).

Por isso a qualidade do porta-enxerto deve ser levada em consideração, pois com a utilização de cultivares resistentes pode-se observar o bom desenvolvimento da parte aérea e radicular do enxerto, aumentando a produtividade e tornando mais eficaz a absorção de nutrientes (Ferreira et al., 2010).


Cuidados fundamentais

A opção pela resistência genética é imprescindível para o eficaz estabelecimento da lavoura ou renovação do cafeeiro. Portanto, deverão ser escolhidas espécies resistentes ou tolerantes aos nematoides M. exigua para o porta-enxerto, que possuam alta adaptabilidade ao clima, ao solo e bom desenvolvimento do sistema radicular. Já para enxerto deverão ser escolhidas cultivares de alto potencial econômico e produtivo, tendo em vista as características buscadas pelo produtor e mercado final (Ferreira et al., 2010).

Para a realização de um controle adequado dos nematoides, é necessário realizar uma amostragem para avaliar o grau de infestação e as diferentes formas de manejos que poderão ser empregadas, a depender da condição da lavoura e situação econômica do produtor.

Se possível, sempre optar por áreas isentas de infestações, utilizar mudas sadias isentas de nematoides e ter cuidado especial com as estufas e viveiros, incluindo a água utilizada para irrigação e os equipamentos utilizados para manutenção e manejo da área a ser cultivada, pois estes são agentes disseminadores de nematoides.

Tais cuidados irão proporcionar ao produtor menor custo com remediação e evitar possíveis perdas de produtividade (Marcuzzo et al., 2000).


Custo

O custo de produção de lavouras infestadas com o M. exigua serão maiores quando comparado com lavouras isentas da doença. As mudas enxertadas possuem uma alta eficiência em campo, porém, são de maior custo quando comparadas com mudas de semente e estaquia, além de outros custos adicionais, como produtos químicos e biológicos que serão utilizados.

No entanto, os nematoides, uma vez presentes na área, são impossíveis de erradicar, então, a única alternativa é a utilização do manejo integrado e técnicas preventivas de controle para minimizar os danos e atingir uma produtividade satisfatória.

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