Aplicação simultânea de calcário e gesso aprofunda sistema radicular

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Publicado em 22 de junho de 2018 às 07h02

Última atualização em 22 de junho de 2018 às 07h02

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Ronaldo Cabrera

Engenheiro agrônomo, doutor e consultor em Agronomia

ronaldocabrera@yahoo.com.br

 

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O crescimento radicular depende de alguns fatores:

_Físicos: ausência de compactação;

_Químicos: pH corrigido, fósforo, boro, cálcio, magnésio e ausência de alumínio tóxico.

Para melhorar as condições químicas, a gessagem e a calagem são as práticas mais importantes, seguidas pela fosfatagem e uso de boro.

Um a um

O gesso agrícola fornece cálcio e enxofre, neutraliza o alumínio tóxico, e por ter alta mobilidade no perfil do solo, melhora a distribuição dos nutrientes catiônicos no perfil e neutraliza o alumínio em profundidade. O gesso não altera o pH do solo.

O grande diferencial do gesso agrícola é a correção em profundidade. Devido a sua mobilidade, distribui o cálcio e neutraliza o alumínio verticalmente no solo. Esta distribuição do cálcio em todo o perfil é de vital importância para o crescimento radicular em profundidade.

Como a redistribuição do cálcio no interior da planta é muito baixa, por ter baixíssima mobilidade no floema, este nutriente não consegue atingir a ponta da raiz (coifa) via floema, então a ponta da raiz tem que interceptar o cálcio no solo, para que seja absorvido e atue nos meristemas de crescimento localizados na coifa, promovendoassim o crescimento radicular vertical, conhecido como geotropismo positivo das raízes induzido pelo cálcio.

A calagem corrige o pH, fornece cálcio e magnésio e neutraliza o alumínio tóxico. Ao corrigir o pH, melhora a disponibilidade e as condições de absorção de fósforo e boro.

O maior problema da calagem é a baixa mobilidade do calcário no solo no curto e médio prazo, portanto, sua atuação fica localizada superficialmente e/ou na região incorporada. Em sistemas de plantio direto, onde a calagem é superficial, sua região de ação se restringe ainda mais.

Então, o uso simultâneo de calcário e gesso agrícola tem um sinergismo muito forte. O calcário fornece cálcio e magnésio, corrige o pH, neutraliza o alumínio, não fornece enxofre, e sua ação se restringe ao ponto de aplicação/incorporação.

O gesso agrícola fornece cálcio e enxofre, neutraliza o alumínio tóxico, não altera o pH, não fornece magnésio, porém, tem elevada mobilidade vertical no perfil do solo. Estas duas práticas são sinérgicas, ou seja, se complementam.

Culturasbeneficiadas

Dentre as principais culturas, existem algumas diferenças genéticas quanto à tolerância à acidez do solo e exigência em fertilidade química do solo. Mas, pode-se afirmar que a maioria ou quase todas as espécies cultivadas com fins comerciais no Brasil são fortemente beneficiadas pela calagem e gessagem.

Manejo

A base para uso de calcário e gesso agrícola é a análise de solo. Para o calcário, a análise vai indicar a dosagem, a profundidade de incorporação e o tipo de calcário. Para o gesso, a análise de solo indica a dosagem recomendada.

Então, o processo inicia com uma boa amostragem de solo, uso de laboratório credenciado, recomendação por profissional qualificado, aquisição de insumos que possuam garantias dentro dos padrões preconizados pelo Ministério da Agricultura, uma boa regulagem de equipamentos, aferição da qualidade da aplicação e termina com a avaliação da colheita.

Ronaldo Cabrera, consultor em Agronomia - Crédito Arquivo pessoal
Ronaldo Cabrera, consultor em Agronomia – Crédito Arquivo pessoal

Custo

O custo é muito variável, pois depende da dosagem recomendada e da distância da fazenda em relação à origem do calcário e do gesso agrícola. Neste caso, a logística influencia muito no custo destes insumos.

Importante saber que essas são as práticas mais baratas que se tem na agricultura, e a base de todas em termos de fertilidade do solo. Portanto, justifica tecnicamente e economicamente seu uso. É praticamente impossível produzir sustentavelmente, nas condições de solo e clima do Brasil, sem as práticas de calagem e gessagem.

São elas que determinam se o produtor vai colher bem ou não, no longo prazo. A correção do solo é base para ter uma agricultura competitiva e sustentável.

Erros

Os principais erros estão na dosagem aplicada, que tem influência direta da qualidade da amostragem do solo e dos equipamentos utilizados, assim como as regulagens dos aplicadores. A escolha do calcário quanto a sua concentração, granulometria e reatividade também influenciam na eficiência e eficácia desta prática.

Os corretivos na forma de óxidos são muito mais reativos que os calcários convencionais na forma de carbonatos, que não passaram pelo processo de calcinação.

Estes erros são evitados quando existe qualificação de mão de obra, desde os colaboradores no campo até o profissional que faz as recomendações e orientações. O uso de equipamentos de qualidade, que não necessariamente precisam ser novos, porém, com as manutenções em dia, permite a qualidade na operação.

Existem equipamentos no mercado com duas caçambas e sistema de aplicação independente (“dual“), que aplica com qualidade insumos de granulometria e densidade diferentes. Assim, pode-se aplicar simultaneamente gesso agrícola e calcário na mesma operação.

Outro equipamento que agrega é o subsolador/aplicador de corretivo, que elimina a camada compactada e aplica calcário e gesso em profundidade numa única operação.

Essa matéria você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar.

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