Algas e aminoácidos no tratamento de sementes

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Publicado em 30 de setembro de 2017 às 07h35

Última atualização em 30 de setembro de 2017 às 07h35

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Nilva Terezinha Teixeira

Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)

nilvatteixeira@yahoo.com.br

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O uso de produtos à base de formulados com aminoácidos e algas marinhas no tratamento de sementes está se disseminando no Brasil. O emprego de tal técnica pode proporcionar resultados excelentes quando acompanhado de assistência especializada, com conhecimento e adequadamente. Para se entender o porquê da possibilidade de êxito, é preciso que se analisem as duas ferramentas citadas.

Partindo do princípio

Muitas espécies de algas marinhas são utilizadas na agricultura há muitos anos como bioestimulantes e fertilizantes naturais. Diversos compostos extraídos de macroalgas que apresentam atividades protetoras de plantas pertencem à classe dos polissacarídeos, importantes por apresentarem uma enorme variação estrutural, podendo conter raros carboidratos e grupamentos sulfatos.

O feijoeiro é uma das culturas beneficiadas pela técnica - Crédito Shutterstock
O feijoeiro é uma das culturas beneficiadas pela técnica – Crédito Shutterstock

Os polissacarídeos extraídos de algas marinhas são substâncias naturalmente ativas e possuem importantes aplicações. Ágar, carragenanas e fucoidanas são bem conhecidos por terem vasta aplicação na indústria alimentícia, farmacêutica e biotecnológica e, mais recentemente, na agricultura.

O vasto grupo de macroalgas representa uma fonte de muitas substâncias valiosas a partir do ponto de vista da fisiologia da planta, que particularmente auxiliam os vegetais a se adaptarem às condições de estresse.

Agora, quais são as razões desses efeitos positivos da inclusão das algas marinhas no cultivo? Vamos relembrar do que tais organismos contêm: expressivas quantidades de macro e micronutrientes, estimulantes naturais (citocininas, auxinas…) que promovem a divisão celular, fundamental em todas as etapas do desenvolvimento vegetal, destacando-se os efeitos nas etapas de enraizamento, floração e formação da produção.

São fontes naturais de aminoácidos (alanina, ácido aspártico e glutâmico, glicina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina, prolina, tirosina, triptofano e valina). Além de tais fatores, tem que se lembrar dos efeitos importantes que as algas apresentam na resistência a agentes externos, como: déficit hídrico, temperaturas desfavoráveis e como desintoxicante.

As algas marinhas melhoram o arranque inicial das plantas - Crédito Shutterstock
As algas marinhas melhoram o arranque inicial das plantas – Crédito Shutterstock

Benefícios

Efeitos positivos têm sido encontrados quando se emprega as algas marinhas no tratamento de sementes. Assim,dados de literatura revelam que o uso de extrato de Ascophyllumnodosum proporcionou benefícios aocomprimento de raízes, número de raízes laterais e de espigas e rendimento de grãos na cultura de trigo.

No UniPinhal, a equipe de Nutrição de Plantas do Curso de Engenharia Agronômica verificou em soja, milho e feijão efeitos positivos quando da introdução de algas.

As figuras 1 e 2 mostramresultados obtidos com soja em ensaio em vasos, areia e solução nutritiva quando se tratou sementes com formulado contendo 30% de algas marinhas (Ascophylumnodosum). Observe que a dose de 0,6% foia mais adequada, apresentando aumentos de cerca de 30,0% na massa de raízes; de até 18,0% na massa de parte aérea; ao redor de 30,0% na nodulação; 20,0% no comprimento de raízes e 9,0% na altura de plantas.

As figuras 3 e 4 mostram os resultados obtidos em experimento com feijão, em vasos, areia e solução nutritiva, evidenciando que a inclusão de 0,6% de extrato de algas marinhas (30% de Ascophylumnodosum) propiciou incrementos de cerca de 24,0% na massa de raízes; 27,0% na massa de parte aérea; ao redor de 28,0%no comprimento de raízes e 23,0% na altura de plantas.

Os ácidos húmicos e fúlvicos melhoram a germinação e o crescimento do milho - Crédito Ademir Torchetti
Os ácidos húmicos e fúlvicos melhoram a germinação e o crescimento do milho – Crédito Ademir Torchetti

As figuras 5 e 6resumem o que ocorreu em estudo com milho cultivado em vasos, areia e solução nutritiva. A inclusão de 0,6% de extrato de algas marinhas (30% de Ascophylumnodosum) provocou benefícios de cerca de 37,0% na massa de raízes; 45,0% na massa de parte aérea; ao redor de 24,% no comprimento de raízes e 30,0% na altura de plantas.

Então, pode-se observar que em todas as espécies estudadasa inclusão das algas marinhas beneficiou o arranque inicial das plantas.

Gráfico 1 - Algas e aminóacidos no tratamento de sementes

Figura 1 ” Algas marinhas na soja: massa seca de raízes (g.planta-1) e de parte aérea(g.planta-1) e número de nódulos avaliados aos 40 dias após a semeadura. Médias de cinco repetições.

Gráfico 2 - Algas e aminóacidos no tratamento de sementes

Figura 2 “Algas marinhas na soja:comprimento de raízes (cm) e altura de plantas (cm). Avaliaçãoaos 40 dias após a semeadura. Médias de cinco repetições.

Gráfico 3 - Algas e aminóacidos no tratamento de sementes

Figura 3-Algas marinhas no feijão: massa seca de raízes (g.planta-1) e de parte aérea(g.planta-1).Avaliação aos 25 dias após a semeadura. Médias de cinco repetições.

Gráfico 4 - Algas e aminóacidos no tratamento de sementes

Figura 4-Algas marinhas no feijão: comprimento de raízes (cm) e altura de plantas (cm). Avaliação aos 25 dias após semeadura. Médias de cinco repetições.

Gráfico 5 - Algas e aminóacidos no tratamento de sementes

Figura 5 – Algas marinhas no milho: massa seca de raízes (g.planta-1) e de parte aérea(g.planta-1). Avaliação aos 25 dias após semeadura. Médias de cinco repetições.

Gráfico 6 - Algas e aminóacidos no tratamento de sementes

Figura 6 – Algas marinhas no milho: comprimento de raízes (cm) e altura de plantas (cm). Avaliação aos 25 dias após semeadura. Médias de cinco repetições.

Essa matéria completa você encontra na edição de outubro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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