Brasil pode gerar 370 milhões de toneladas de créditos de carbono até 2030

créditos de carbono

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 10h40

Última atualização em 12 de novembro de 2025 às 10h42

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O avanço da Lei nº 15.042/2024 demonstra o preparo do país para a nova economia de baixo carbono, crucial para definir seu protagonismo global e pautar a cooperação internacional na COP 30

O Brasil, com uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta e uma biodiversidade única, tem tudo para ocupar uma posição de destaque global no mercado de carbono. Mas, para isso, precisa associar preparo, estratégia e ações coordenadas entre os setores público e privado. Esta é conclusão do estudo “O papel estratégico do Brasil no mercado de carbono” produzido pela PwC Brasil.
 

A sanção da Lei nº 15.042/2024 marca a entrada do Brasil nesse novo tabuleiro, com a criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE). Com isso, o estudo revela que o país tem potencial para gerar 370 milhões de toneladas de créditos de carbono até 2030, um volume que supera em nove vezes a demanda doméstica estimada (entre 17 e 72 milhões de toneladas).
 

Mais de 90 países e governos regionais já adotaram mecanismos de precificação de carbono, como sistemas de mercados ou taxação. O Sistema Comércio de Emissões (Emission Trading System ou ETS, na sigla em inglês) tem sido o principal instrumento adotado por regulações globalmente. Ele gera 67% das receitas de carbono regulado (69,1 bilhões de dólares), enquanto os sistemas de taxações respondem por 33% (33,1 bilhões de dólares).

A nova regulação brasileira estabelece um conjunto de diretrizes robustas, com metas setoriais, ativos transacionáveis, governança compartilhada e uma infraestrutura de mensuração e rastreabilidade para emissões de gases de efeito estufa. Na primeira fase de implementação, cerca de 5 mil empresas deverão medir, reportar e compensar suas emissões, criando a base para um mercado nacional estruturado.
 

“O potencial do Brasil para liderar a nova economia de baixo carbono é inegável e tem origem na nossa base natural como um ativo estratégico incomparável. Possuímos uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta e também dispomos de uma biodiversidade única com vastas áreas para conservação e restauração de ecossistemas. É esta combinação que amplia nossa capacidade de gerar créditos de alta integridade ambiental e nos coloca em uma posição de destaque global”, afirma Daniel Martins, sócio e líder do setor de energia e serviços de utilidade pública da PwC Brasil.
 

Competitividade e Regulamentação

O estudo da PwC estima que com a nova regulamentação brasileira cerca de cinco mil empresas nacionais, especialmente do setor industrial, deverão medir, reportar e compensar suas emissões com base nas novas regras do SBCE. A matriz energética brasileira, baseada majoritariamente em fontes renováveis como hidrelétricas, solar e eólica, permite ao país uma vantagem competitiva natural no setor.
 

Em 2023, a intensidade de carbono da geração elétrica brasileira foi de 0,10 tCO2e/MWh, significativamente inferior a países como China, Índia e África do Sul (acima de 0,5 tCO2e/MWh), o que representa uma diferença de até 492%. Essa baixa intensidade de emissões coloca o Brasil em posição favorável diante do Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) europeu, que começará a taxar produtos intensivos em carbono importados a partir de 2026. No setor de alumínio, por exemplo, o Brasil apresenta uma intensidade de emissões entre 50% e 75% inferior à de seus concorrentes.
 

O Custo da Inação Climática

O estudo da PwC também indica a diferença entre os preços praticados no mercado de carbono e o verdadeiro impacto econômico e social da crise climática. Enquanto os créditos são comercializados no mercado voluntário brasileiro por cerca de US$10 a US$15 a tonelada, o custo social do carbono (CSC) — o dano real de cada tonelada de CO2 emitida — é estimado em US$280.
 

Para impulsionar a transição energética global e evitar prejuízos trilionários, serão necessários investimentos anuais. No contexto nacional, dados da Strategy&, consultoria estratégica da PwC, mostram que mais de 30 rotas industriais ligadas à economia de baixo carbono, como aço verde e hidrogênio, podem adicionar até R$1 trilhão ao PIB nacional e gerar 3 milhões de empregos até 2030.
 

“Acompanhamos as novas tendências globais e também somos influenciados pela evolução subsequente. Precisamos caminhar em direção a uma nova lógica econômica, mais limpa, resiliente e alinhada ao compromisso climático, criando mecanismos que atribuam valor à redução das emissões dos gases de efeito estufa”, conclui Daniel Martins.

 

Sobre a PwC
Na PwC, ajudamos nossos clientes a construir confiança e a se reinventarem para que possam transformar a complexidade em vantagem competitiva. Somos um network de firmas voltadas para tecnologia e impulsionadas por pessoas atuando no Brasil há mais de 110 anos, com mais de 364 mil profissionais em 136 países. Atuamos nas áreas de auditoria e asseguração, consultoria tributária e societária, consultoria de negócios e assessoria em transações, ajudando os clientes a construir, acelerar e sustentar o impulso para avançar. Saiba mais em www.pwc.com.br.

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