Entre os fatores que mais limitam a produtividade do tomateiro, as doenças se destacam pelo potencial de causar perdas severas. A murcha de Verticillium no tomate é uma delas — silenciosa no início, mas devastadora quando se instala.
Como reconhecer o Verticillium no tomate
Os primeiros sintomas aparecem geralmente no início da frutificação. As folhas mais velhas começam a amarelar em formato de “V”, com o vértice voltado para a nervura principal.
A murcha pode evoluir lentamente ou de forma acentuada, conforme o tipo de solo, nível de infestação e condições climáticas. Em casos severos, ocorre perda total da lavoura.
Um sinal típico surge ao cortar longitudinalmente a base do caule: os vasos apresentam coloração escura ou parda, característica da infecção. No entanto, apenas um exame laboratorial pode confirmar o diagnóstico, já que sintomas semelhantes podem ter outras causas.

Condições que favorecem a infecção
O Verticillium prospera em solos com pH entre 6,5 e 7,0, baixo teor de matéria orgânica e desequilíbrio nutricional. Temperaturas amenas (20–24 °C) e alta umidade do solo favorecem fortemente o desenvolvimento do fungo.
Disseminação do patógeno
A doença se espalha principalmente por sementes e mudas contaminadas. Em campo, a água de irrigação e o solo aderido a implementos agrícolas (arados, grades, etc.) são as principais vias de disseminação, tanto dentro quanto entre propriedades. O fungo é altamente persistente — sobrevive por vários anos no solo por meio de microescleródios.

Estratégias de manejo do Verticillium no tomate
A forma mais eficiente de controle é o uso de cultivares ou híbridos resistentes, preferencialmente já testados na região. Como a maioria dos híbridos atuais é resistente apenas à raça 1, e há registros da raça 2 em expansão, é fundamental evitar a introdução do patógeno em novas áreas — especialmente via implementos contaminados.
Outras medidas essenciais:
- Utilizar mudas sadias e certificadas;
- Fazer análise e correção do solo antecipadamente, ajustando o pH para níveis menos favoráveis ao fungo;
- Empregar compostos orgânicos e manter adubação equilibrada, com atenção especial ao cálcio e magnésio;
- Evitar excesso de nitrogênio;
- Não plantar cultivares suscetíveis em áreas já afetadas;
- Fazer rotação de culturas por vários anos, evitando solanáceas e morango;
- Reduzir ferimentos nas raízes durante o manejo;
- Limpar e desinfetar implementos agrícolas antes do uso em novas áreas.
Autoria:
Helcio Costa
Doutor em Fitopatologia e pesquisador – Incaper
helciocosta@incaper.es.gov.br
