A qualidade do plantio é o primeiro passo para uma safra de sucesso, e no caso da soja, cada detalhe faz diferença. Desde a escolha do disco de plantio até a regulagem da semeadora, pequenos ajustes podem impactar diretamente a uniformidade do estande, a produtividade e até o resultado financeiro da lavoura.
Paulo Arbex, doutor e professor de Mecanização Agrícola da UNESP, explica como a plantabilidade — a combinação de distribuição, profundidade e densidade das sementes — é fundamental para transformar potencial em rendimento real, destacando erros comuns, tecnologias atuais e boas práticas que fazem toda a diferença no campo.
“A escolha do disco de plantio é determinante para garantir singulação perfeita, ou seja, a deposição de uma semente por vez, no espaçamento correto. Se erramos no disco, criamos falhas ou sobreposições que comprometem todo o potencial da lavoura”, alerta Paulo Arbex.
Além da escolha do disco, ele reforça que a manutenção e revisão adequada das plantadeiras são medidas simples que evitam prejuízos significativos.

Tamanho e formato da semente: detalhes que fazem diferença
O disco deve ser compatível com calibre e formato da semente. Sementes maiores ou alongadas exigem furos específicos para evitar duplas e falhas. Caso o disco não esteja adequado, o fluxo se torna irregular e prejudica a uniformidade longitudinal da plantação.
Discos de plantio: erros mais comuns e sinais de falhas
Entre os equívocos frequentes dos produtores estão:
- Usar sempre o mesmo disco sem considerar variação entre lotes;
- Ignorar o desgaste natural do disco;
- Não realizar testes de bancada antes do plantio, confiando apenas na regulagem padrão.
A falha ou sobreposição de sementes impacta de forma diferente: falhas reduzem o número de plantas, prejudicando a produtividade; sobreposição gera competição entre plantas próximas, resultando em estande desigual.
O primeiro sinal de disco mal ajustado é percebido na variação do estande após a emergência, mas o ideal é monitorar falhas e duplas durante os primeiros metros de plantio, usando monitores de plantabilidade e inspeção visual.
Tecnologia a favor do produtor

O professor Paulo Arbex ressalta que a tecnologia tem auxiliado na calibragem e monitoramento do plantio. “Aplicativos gratuitos como os do Grupo de Plantio Direto (GPD) ajudam a avaliar a plantabilidade; robôs e sensores linha a linha permitem medir a qualidade do plantio; sistemas automáticos ajustam pressão e vácuo em tempo real”, ressalta.
Apesar dos avanços tecnológicos, não existe receita de bolo. “Cada região possui características únicas de solo, clima e cultura, exigindo atenção constante do produtor”, afirma o especialista.
Uniformidade de emergência e produtividade
A emergência uniforme é essencial para que a lavoura atinja seu máximo potencial produtivo.
Plantas que emergem juntas crescem de forma equilibrada, garantindo fechamento correto da entrelinha e melhor aproveitamento de luz, água e nutrientes. Plantas atrasadas raramente alcançam o desempenho das demais.
Disco de plantio “coringa” não existe
Não há disco universal para todos os lotes de sementes. Cada safra exige avaliação e regulagem finas, considerando variações de tamanho, formato e tratamento das sementes. O verdadeiro “coringa” é a atenção e cuidado do produtor durante todo o processo.
Além do disco, outros componentes da semeadora também impactam a plantabilidade: regulagem do vácuo, qualidade dos anéis de vedação, alinhamento dos tubos condutores, corte da palhada e fechamento do sulco. Arbex reforça: plantabilidade é resultado da harmonia de todo o conjunto.
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