O projeto InovAbelha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vem mostrando que ciência e natureza devem caminhar lado a lado, e que o mel pode ser muito mais do que um alimento: pode ser vetor de transformação social, econômica e ambiental. Vinculado à Faculdade de Farmácia, o projeto alia pesquisa científica, ensino e extensão para valorizar os produtos das abelhas sem ferrão e fortalecer comunidades envolvidas na meliponicultura.
Criado para aproximar o saber acadêmico das práticas tradicionais, o InovAbelha oferece serviço gratuito de análises físico-químicas e bioativas de mel, própolis, geoprópolis e pólen, permitindo ao pequeno produtor conhecer o perfil de identidade e qualidade destes produtos.
“Recentemente, incorporamos análises de composição centesimal (carboidratos, proteínas, lipídios, umidade e cinzas) como uma iniciativa de expressão do potencial nutricional de meis de abelhas sem ferrão. Os resultados obtidos comporão TCCs, dissertações e teses, o que une a tríade ensino, pesquisa e extensão”, explica o professor Igor Almeida Rodrigues, coordenador do Projeto.
Os resultados ajudam a certificar e valorizar a produção local, oferecendo segurança alimentar e agregando valor aos pequenos produtores.
“Nosso trabalho é unir pesquisa, ensino e extensão a partir de um projeto que leva em consideração os desafios do desenvolvimento sustentável”, destaca o professor Igor Almeida Rodrigues, um dos idealizadores do Projeto. “Queremos mostrar que o mel é resultado de uma cadeia viva que envolve ciência, ecologia e cultura popular”, afirma.
Além das pesquisas laboratoriais, o projeto desenvolve uma ampla agenda educativa, com oficinas, jogos e atividades interativas voltadas para escolas, feiras e comunidades rurais e urbanas. Uma das iniciativas de destaque é o jogo “Pólen ao Alvo”, que ensina de forma lúdica o papel das abelhas na polinização e na manutenção da biodiversidade.
A parceria entre produtores e universidades tem se mostrado um elo essencial para o avanço das pesquisas sobre o mel e a própolis no Brasil. A iniciativa vem fortalecendo a produção meliponícola, ampliando o conhecimento técnico e científico sobre os produtos e revelando novos potenciais de uso e de mercado.
“A meliponicultura não é uma atividade recente, mas as perguntas mais importantes estão começando a ser respondidas agora. Nunca tivemos uma estrutura com capacidade técnica e científica para entender de fato as propriedades do mel, da própolis e o potencial real desses produtos, seja como alimento, remédio ou sob o ponto de vista da segurança alimentar. Sem o apoio da Universidade, não teríamos como começar”, explica André Luiz Trindade Brito (foto), meliponicultor de Ilha grande, Angra dos Reis.
O InovAbelha atua com base em três pilares, ensino, pesquisa e extensão, promovendo a troca de saberes entre estudantes, pesquisadores, meliponicultores e o público em geral. O projeto é uma das iniciativas que será apresentada durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) 2025, que ocorre em vários campi da UFRJ, entre os dias 21 de outubro e 15 de novembro. O projeto aposta em jogos para crianças para falar sobre o papel das abelhas na reprodução das plantas.
Abelhas sem ferrão: joias da biodiversidade e do mel brasileiro
Pacíficas e fundamentais para a natureza, as abelhas sem ferrão são protagonistas silenciosas da biodiversidade brasileira. Com mais de 250 espécies nativas, elas garantem a polinização de plantas e a manutenção de ecossistemas, mas enfrentam riscos crescentes com o desmatamento, o uso de agrotóxicos e a perda de habitat.
Além do papel ambiental, essas abelhas produzem um mel raro e valorizado, de sabor marcante e propriedades terapêuticas reconhecidas. Cada variedade reflete o “terroir” das regiões brasileiras, tornando o produto um símbolo de identidade e sustentabilidade.
A meliponicultura, prática de criação de abelhas nativas, tem ganhado espaço como atividade econômica sustentável, aliando preservação ambiental, geração de renda e valorização cultural.
Proteger as abelhas sem ferrão é investir no futuro da biodiversidade, na economia verde e na própria identidade brasileira.
