Pesquisa propõe uso de nanofibras com óleo de capim-limão como alternativa a componente agressivo de antitranspirantes

Composição oferece alternativa viável aos sais de alumínio, que causam irritações e alergias.
Fotos: Igor Alisson – Inova Unicamp
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Os compostos à base de sais de alumínio são ingredientes comuns usados pela indústria cosmética na formulação de desodorantes e antitranspirantes. Esses sais reduzem ou inibem a liberação do suor pelas glândulas sudoríparas, o que diminui a disponibilidade de substratos para as bactérias presentes na pele, contribuindo, assim, para a redução do mau odor. No entanto, é comum que grupos de consumidores tenham maior sensibilidade a esses sais, que podem causar reações adversas na pele. As queixas mais comuns são o surgimento de irritações locais e alergias.

A ausência de alternativas eficazes motivou um grupo de pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Campinas (FCF Unicamp) e da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, a buscar uma nova forma de aplicação dos ativos antitranspirantes, sem o uso de sais de alumínio. Com esse objetivo, eles desenvolveram uma matriz de nanofibras de polímeros – uma membrana ultrafina, com alta área de superfície – capaz de absorver o suor e, ao mesmo tempo, liberar substâncias antibacterianas.

“As nanofibras são como um tecido delicado, que pode ser aplicado diretamente na pele. Elas têm alta capacidade de absorção do suor e inibem o crescimento das bactérias que causam o mau odor”, explica Valéria Holsback, doutoranda que trabalhou na pesquisa ao lado da professora Gislaine Leonardi, ambas da FCF Unicamp.

A tecnologia desenvolvida permite, segundo a pesquisadora, criar estruturas com alta capacidade de absorção de líquidos, grande superfície de contato com a pele e liberação controlada de ingredientes ativos, tornando-a ideal para aplicações cosméticas e terapêuticas.

Ingredientes seguros para a indústria cosmética

Ainda de acordo com Holsback, para garantir a ação antibacteriana, foram testados dois óleos essenciais para chegar à definição de um que obtivesse resultados mais adequados. Após testes laboratoriais, o capim-limão (lemongrass) se destacou por sua maior eficácia. “Identificamos que, mesmo em concentrações menores, o óleo de capim-limão foi mais eficiente para inibir o crescimento das bactérias associadas à formação do mau odor nas axilas”, observa a pesquisadora.

Ela também ressalta que, além da ação funcional, a escolha dos ingredientes foi pensada de modo a garantir a segurança e viabilidade do produto. “Não estamos lidando com substâncias desconhecidas. Todos os componentes escolhidos — os polímeros das nanofibras, o etanol como solvente e o óleo de capim-limão — já são amplamente utilizados em cosméticos”, acrescenta Holsback, destacando que isso facilita o avanço da tecnologia para etapas posteriores, como os testes em voluntários.

Benefícios e aplicações das nanofibras poliméricas

Entre os principais benefícios da nova tecnologia está a possibilidade de oferecer uma alternativa para pessoas sensíveis aos sais de alumínio. “Atualmente, os sais de alumínio são os únicos ingredientes com ação comprovada para controlar a sudorese. Mas quem tem sensibilidade a esses compostos simplesmente não tem outra opção no mercado”, acrescenta Holsback.

Além disso, a matriz de nanofibras permite uma aplicação mais direcionada, liberando ativos de forma controlada e eficiente. “Como a superfície de contato é muito grande, conseguimos usar uma quantidade menor do ingrediente ativo, que neste caso foi o óleo de capim-limão, e ainda assim obter os efeitos desejados”, afirma a pesquisadora.

Outro diferencial da tecnologia é a sua versatilidade de aplicação. A membrana pode ser usada como um adesivo aplicado diretamente na pele. “A pessoa poderia aplicar o produto em casa, com facilidade, e aplicá-lo quando necessário”, diz Holsback. Segundo ela, essa alternativa teria a vantagem de contribuir para a redução do uso de embalagens plásticas, que são comuns nos produtos cosméticos tradicionais.

A pesquisadora também destaca que as possibilidades de uso da matriz de nanofibras vão além dos antitranspirantes. A tecnologia pode ser adaptada para outras finalidades na indústria cosmética, como máscaras faciais com ação hidratante e antioxidante, ou mesmo no setor farmacêutico: “A estrutura da nanofibra — com alta capacidade de absorção e liberação controlada de compostos — pode ser utilizada em curativos medicinais, incorporando anti-inflamatórios, cicatrizantes ou antialérgicos. Na realidade, a tecnologia já é explorada na área médica e estamos expandindo seu uso para a área cosmética”.

Nova tecnologia promove o bem-estar e pode ser licenciada para uso comercial

Agência de Inovação Inova Unicamp estabeleceu a estratégia e realizou o depósito da patente desta tecnologia tanto no Brasil quanto no âmbito internacional, neste caso por meio do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT, na sigla em inglês). Dessa forma, a tecnologia está disponível para ser licenciada para uso comercial no país e no exterior. Mais informações sobre este invento podem ser encontradas aqui.

A nova tecnologia está alinhada diretamente ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 da Organização das Nações Unidas (ONU), que trata de assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Ao oferecer uma alternativa mais segura aos sais de alumínio, a matriz de nanofibras contribui para o desenvolvimento de produtos cosméticos mais seguros, inclusivos e acessíveis, promovendo a saúde da pele e o conforto de pessoas sensíveis a ingredientes tradicionais. Além disso, ao promover aplicações mais eficazes com menor quantidade de ativos, a tecnologia reforça práticas mais conscientes e ambientalmente sustentáveis na indústria cosmética.

Como licenciar uma tecnologia da Unicamp

Inova Unicamp disponibiliza no Portfólio de Tecnologias da Unicamp uma vitrine tecnológica com perfis de patentes, programas de computador, cultivares e outras proteções. Empresas e instituições públicas ou privadas podem licenciar a propriedade intelectual da Unicamp a partir das negociações com a Agência de Inovação Inova Unicamp. O contato é realizado pelo formulário de conexão com empresas da Inova Unicamp.

A Agência também oferta ativamente as tecnologias para as empresas, com a intenção de que o conhecimento gerado na Universidade se converta em soluções reais e chegue ao mercado e à sociedade. Para conhecer outros casos de licenciamento de tecnologias da Unicamp, acesse o site da Inova. E para encontrar os profissionais ideais para as necessidades do seu projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) com a Universidade, faça uma busca no Portfólio de Competências da Unicamp.

Para conhecer outras tecnologias protegidas disponíveis para licenciamento, acesse o Portfólio de Tecnologias da Unicamp ou entre em contato com a Inova via formulário.

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