Com a COP30 marcada para novembro, em Belém (PA), o Brasil se prepara para mostrar ao mundo o seu compromisso com o multilateralismo e a agenda ambiental. O tema ganha espaço de destaque no Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que realiza a mesa-redonda “Mudança Climática e Mulheres COP30 – dos fatos à comunicação!”. O painel, que ocorre na quinta-feira (23), às 16h10, no evento na capital paulista, propõe alternativas para comunicar de forma eficaz as ações ambientais e sociais do agro brasileiro, trazendo exemplos concretos e desafiando o setor a evoluir ainda mais.
Para o presidente-executivo da Rede ILPF, Francisco Matturro, a participação do CNMA nesse debate é fundamental. “Estamos vivendo extremos climáticos. Recentemente, o Rio Grande do Sul, por exemplo, sofreu tanto com enchentes devastadoras quanto com secas severas. São eventos que exigem uma resposta científica, mas também política e social”, analisa.
Matturro destaca que o CNMA representa um espaço privilegiado para promover soluções inovadoras, especialmente pelo protagonismo das mulheres: “as mulheres são fundamentais — mais sensíveis às questões ambientais e decisivas na adoção de práticas como o sequestro de carbono, bem-estar animal e preservação das áreas naturais. A presença feminina é um diferencial no avanço dessas pautas”.
O dirigente aponta que a preservação ambiental deixou de ser vista meramente como exigência legal para tornar-se uma necessidade genuína, tanto para o campo quanto para a cidade. No painel do CNMA, Matturro promete uma abordagem objetiva e didática acerca dos benefícios socioeconômicos e ambientais do Sistema Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
:: O Sistema ILPF
A ILPF é uma estratégia de produção que combina diferentes sistemas produtivos: agrícolas, pecuários e florestais em uma mesma área, seja em consórcio, sucessão ou em rotação de culturas, gerando benefícios para todas as atividades. A prática intensifica de modo sustentável o uso da terra, protege e fertiliza o solo, promove a economia de insumos e consequente redução de custos, e simultaneamente eleva a produtividade em uma mesma área, diversificando produção e fontes de receita.
Ao mesmo tempo, o Sistema é ambientalmente correto, com baixa emissão de gases de efeito estufa e permite o sequestro de carbono, tornando a atividade mais resiliente às mudanças climáticas. Culturas agrícolas como grãos (soja e milho) e produção de fibras (algodão) podem ser utilizadas na ILPF.
A modalidade pecuária contempla, sobretudo a bovinocultura de corte ou leite e a parte florestal envolve a silvicultura, com destaque, por exemplo, para o plantio de eucaliptos. Diferentemente do senso comum, a ILPF pode ser adaptada para pequenas, médias e grandes propriedades, em todos os biomas brasileiros.
“O Brasil tem 159 milhões de hectares de pastagens que podem ser convertidos em áreas de ILPF, ampliando ainda mais a área de produção agropecuária no País sem qualquer necessidade de novas aberturas”, assinala Matturro. Atualmente, a ILPF chega nacionalmente a cerca de 17,4 milhões de hectares, indicam números da Rede.
“A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta significa a emancipação do produtor. De que forma? Porque tem uma renda de curto prazo, que são as lavouras de grãos e cereais. Tem o gado no médio prazo e o componente florestal no longo prazo”, ressalta.
“O CNMA é vital para essa virada de chave, pois as mulheres têm o poder — e a coragem — de liderar decisões pela preservação. Na COP30, elas devem apontar os caminhos, e nós, como sociedade, precisamos ouvir e avançar juntos”, conclui Matturro.