O Brasil inicia o plantio da safra de soja 2025/2026 com condições climáticas ideais, mas um cenário de cautela paira sobre o agronegócio. Apesar do início antecipado das chuvas em importantes regiões produtoras, como o Centro-Oeste, a previsão de um fenômeno La Niña no verão, somada às dificuldades de crédito e à baixa rentabilidade, pode limitar o potencial da safra.
As vendas futuras de soja estão lentas, já que os preços atuais não cobrem os custos de produção, tornando o produtor resistente a fechar negócios no momento. De acordo com Marco Castelli, diretor comercial da Agrobom, os produtores estão resistentes a fazer vendas neste momento, esperando que o mercado melhore para que consigam fazer algo com lucro. “Tivemos um aumento nos custo de produção esse ano, considerando o preço que está sendo ofertado para a soja, a conta não fecha, fica no vermelho”, afirma.
Apesar do otimismo com o clima favorável para a instalação da safra, Castelli alerta para um ponto crucial que não está sendo amplamente discutido. “Provavelmente não devemos ter um aumento de área como está sendo amplamente divulgado, principalmente pela condição de crédito, que está muito limitada para o setor agrícola. Isso pode inibir tanto o aumento de área quanto a adoção de tecnologia, o que, no final, implicará na redução da produção final.”
A escassez de crédito, impulsionada por casos de recuperação judicial, inadimplência e atrasos de pagamento, elevou o crivo das instituições financeiras, tornando o financiamento mais caro. Essa conjuntura, somada à previsão de um fenômeno La Niña que pode prejudicar a fase de enchimento dos grãos em janeiro, exige que o setor se mantenha em alerta.