Em Querência (MT), o produtor Neuri Norberto Wink, da Fazenda Certeza, destinou 370 hectares à mamona irrigada como alternativa para a terceira safra. O objetivo é diversificar a produção, reduzir perdas com nematoides e avaliar o potencial da oleaginosa em novos mercados.
A decisão tem base técnica: a mamona não é hospedeira de nematoides, pragas que causam mais de R$ 64 bilhões em prejuízos anuais no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN). O cultivo na Fazenda Certeza, sob pivôs Valley, consome cerca de 50% menos água que o feijão e pode gerar ganhos de 6 a 10 sacas por hectare na soja seguinte, de acordo com o produtor.
Além dos benefícios no campo, o óleo da mamona é considerado estratégico pela Embrapa, com aplicações industriais e uso crescente em biocombustíveis, como o SAF (Sustainable Aviation Fuel), que deve substituir o querosene de aviação até 2030. A redução da produção na Índia, maior player global, abre espaço para o Brasil expandir a cultura.
Para Neuri, pioneiro no uso de irrigação na região, a aposta segue a lógica de sempre buscar alternativas sustentáveis e inovadoras. “A mamona pode ser uma solução contra nematoides hoje e, no futuro, até ajudar a abastecer aviões”, afirma o produtor.
