Os impactos das tarifas dos EUA no mercado de cacau voltam a gerar preocupações em 2025. Com a nova rodada de taxas, em vigor desde 7 de agosto, mais de 50% do volume importado pelo país será afetado, incluindo amêndoas, manteiga, pó e pasta de cacau. Segundo a Hedgepoint, o cenário tende a pressionar preços, alterar fluxos comerciais e aumentar a volatilidade do setor.

Estrutura das importações de cacau pelos EUA
Em 2024, a composição das importações líquidas de cacau pelos Estados Unidos foi: amêndoas (39%), pasta (25%), pó (19%) e manteiga (17%). A Costa do Marfim permanece como principal fornecedora de grãos, agora com tarifa de 15% — menor que os 21% anunciados em abril — mas ainda significativa. O Equador ganhou participação devido à queda na produção marfinense.

Tarifas sobre subprodutos e efeitos na indústria
Nos subprodutos, países como Malásia (19%), Indonésia (19%) e Índia (25%) enfrentam tarifas que encarecem a matéria-prima usada pela indústria americana. Essa elevação no custo de produção favorece fabricantes do Canadá e México, que se beneficiam de acordos comerciais.
Mudanças nos fluxos comerciais
Após as primeiras tarifas, discutiu-se a possibilidade de redirecionar amêndoas para países próximos aos EUA, como Canadá, México, Brasil e Gana, para processamento e posterior exportação. No entanto, o Brasil agora enfrenta tarifa de 50% para exportar aos EUA, inviabilizando essa alternativa e impactando também a venda de manteiga de cacau ao mercado norte-americano.
Tendências recentes no comércio de cacau
Em junho de 2025, as importações líquidas de cacau dos EUA voltaram à média, impulsionadas pelo maior volume de subprodutos. Além da sazonalidade, esse aumento pode indicar antecipação às tarifas, com importadores buscando formar estoques antes do encarecimento.
Perspectivas para o mercado em 2025

O mercado segue atento aos desdobramentos das tarifas, seus reflexos sobre a inflação e a economia dos EUA, e à evolução da safra 2024/25 e início da 2025/26. Para a Hedgepoint, a combinação desses fatores deve manter a volatilidade, reforçando a necessidade de monitoramento constante por produtores, exportadores e indústrias.
