A presença de garimpo ilegal no Rio Madeira voltou a crescer de forma alarmante. Um sobrevoo realizado pelo Greenpeace Brasil no dia 19 de julho de 2025 identificou 542 balsas de garimpo em atividade ao longo do rio, entre os municípios de Calama (RO) e Novo Apuranã (AM). O número representa um aumento de mais de 316% em relação aos dados de fevereiro, quando havia 130 balsas registradas.
A atividade se concentra em áreas próximas a terras indígenas e unidades de conservação ambiental, como a Reserva Extrativista Lago do Cuniã e a Terra Indígena Lago Jauari, ameaçando a biodiversidade, a qualidade da água e a subsistência de comunidades ribeirinhas e indígenas.
Crescimento acelerado da atividade garimpeira
Segundo dados do Greenpeace, o número de balsas saltou para 285 em junho e mais do que dobrou em apenas um mês, atingindo 542 em julho. O aumento revela o ritmo acelerado de expansão do garimpo ilegal no Rio Madeira, desafiando os esforços de fiscalização ambiental e as ações de controle.
As embarcações são utilizadas para dragar o fundo do rio em busca de ouro, liberando grandes volumes de mercúrio, um metal altamente tóxico que contamina a água, os peixes e ameaça a saúde das populações locais.
Monitoramento por satélite e uso de tecnologia
O flagrante foi possível graças ao uso da plataforma Papa Alpha, desenvolvida com base em imagens de radar do satélite Sentinel-1, da Agência Espacial Europeia. A ferramenta permite monitorar as movimentações das balsas mesmo sob cobertura de nuvens e floresta densa, oferecendo alertas quase em tempo real sobre as atividades suspeitas.
O Greenpeace planeja agora expandir o uso da tecnologia para outros rios da Amazônia, como o Tapajós e o Teles Pires, também fortemente afetados pela mineração ilegal.
Impactos nas comunidades e chamada à ação
Para o porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Grégor Daflon, a situação exige resposta imediata do poder público. “Cada balsa ilegal significa mercúrio nos rios, florestas destruídas e vidas ameaçadas. Estamos falando de uma atividade criminosa que devasta o meio ambiente e contamina os peixes, prejudicando diretamente as comunidades ribeirinhas e indígenas”, afirmou.
Daflon destaca que o uso de tecnologia é fundamental para responsabilizar os envolvidos. “Sabemos onde estão as balsas, quando chegam e como se movem. Isso é um avanço decisivo para exigir ação firme das autoridades.”
Dados e imagens coletados já foram entregues a órgãos como o Ministério Público, Ibama e Polícia Federal, com o objetivo de fortalecer o processo de responsabilização e exigir medidas governamentais mais efetivas diante da destruição crescente.