Estirpes de Rhizobium tropici favorecem inoculação da soja

Segundo a Embrapa, a coinoculação proporciona aumento médio de 7,7% na produtividade da soja e 11,3% no feijoeiro, em relação à inoculação padrão.
Acompanhe tudo sobre o agronegócio no Brasil e muito mais!
Crédito: Embrapa Agropecuária Oeste

Fernanda Lourenço Dipple
Engenheira agrônoma e professora – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
fernanda.dipple@unemat.br

As estirpes de Rhizobium tropici formam uma simbiose eficiente com a soja, permitindo que ela absorva o nitrogênio diretamente do ar, o que reduz a necessidade de fertilizantes nitrogenados.

Vantagens das estirpes de Rhizobium tropici

Esta bactéria possui uma versatilidade de utilização, uma vez que ela é de vida livre no solo, podendo sobreviver em diversas condições ambientas. A bactéria Rhyzobium tropici é encontrada em solos tropicais e possui adaptação para aqueles ácidos e de baixa fertilidade, o que a diferencia de outras bactérias fixadoras de nitrogênio, como Bradyrizobium sp.

Simbiose entre as estirpes de Rhizobium tropici e a soja

Esta bactéria gran negativa foi descoberta por estudos em busca de rizobactérias e microrganismos mais eficientes em fixação biológica de nitrogênio em solos tropicais na cultura do feijão.

Sua seleção foi devido à alta adaptação a temperaturas mais elevadas e às adversidades ambientais presentes no território brasileiro.

Existem estirpes de Rhizobium tropici que foram selecionadas com maior eficiência em fixação biológica de nitrogênio para a cultura da soja. Estes estudos mostram que as espécies de Bradyrizobium sp são mais eficientes associadas a outras espécies de bactérias, como Azospirillum sp. e também Rhizobium tropici, pois aumenta a diversidade de microrganismos na rizosfera.

Assim, além de fazerem simbiose e associação com a raiz da planta para produção e disponibilização de nitrogênio, também conseguem promover saúde e crescimento vegetal.

Essa associação de diferentes espécies de bactérias é conhecida como coinoculação e já é utilizada com Bradyrizobium mais Azospirillum. Atualmente, temos pesquisas que a adição de Rhizobium tropici podem aumentar a eficiência da fixação biológica de nitrogênio.

Benefícios econômicos

A soja é extremamente dependente de nitrogênio para altas produtividades. Os adubos nitrogenados são considerados de alto custo e ainda temos a problemática de perdas de formas de nitrogênio por volatilização, desnitrificação e lixiviação no solo.

Em condições ideais para a cultura, a soja poderá ter uma excelente nodulação e, consequentemente, ser autossuficiente em nitrogênio através das bactérias fixadoras de nitrogênio (B.F.N.), como Rhizobium tropici, economizando dinheiro ao produtor, com redução de adubos nitrogenados, bem como melhorando a microbiota do solo e a rizosfera.

As bactérias do gênero Rizobium promovem não só a fixação biológica de nitrogênio, como também proteção e crescimento da raiz e da planta. Assim, a coinoculação das bactérias Bradyrizobium mais Azospirillum é de suma importância para a maximização da fixação biológica de nitrogênio.

Outro ponto importante da coinoculação de diferentes espécies de bactérias é que, além da fixação biológica de nitrogênio (a transformação de N2 – azoto em NH3), elas atuam beneficiando a relação solo/planta, com aumento da matéria orgânica e mais aproveitamento dos nutrientes do solo.

Hora de praticar

Estudos com diferentes espécies de rizóbios mostraram-se promissores em aumentar a eficiência da fixação biológica de nitrogênio, comprovando que a inoculação cruzada (coinoculação) auxilia também na produção de solubilizadores de fosfato, produção de hormônios de crescimento, compostos antimicrobianos, exopolissacarídeos, lipoquitooligossacarídeos (LCOs) e hormônios vegetais.

Estes fatores atuam de forma positiva tanto na F.B.N. como na promoção da saúde e crescimento da planta. Estas respostas fisiológicas contribuem para aumentos de produção e produtividade.

Segundo a Embrapa, a coinoculação proporciona aumento médio de 7,7% na produtividade da soja e 11,3% no feijoeiro, em relação à inoculação padrão.

Agricultura mais sustentável e regenerativa

O Brasil é líder em utilização de bactérias fixadoras de nitrogênio e a cada ano o mercado de inoculantes e bioprodutos está crescendo, pois os microrganismos conseguem auxiliar no controle de pragas e doenças nos quais o controle químico não está sendo eficaz.

Além de eficiência, o uso de bioprodutos diminui resíduos de agroquímicos nos alimentos e no ambiente, tornando nossa agricultura mais segura e competitiva no mercado internacional.

Práticas recomendadas

A cada ano crescem as pesquisas com o desenvolvimento de novos bioprodutos, bem como são publicados resultados de fatores que podem aumentar sua eficiência da F.B.N. Um exemplo de ferramenta é o uso de Co e Mo, que são micronutrientes essenciais para o desenvolvimento da soja, dada sua importância na realização das reações bioquímicas que permitem auxiliar na inoculação e na F.B.N., atuando sobre as bactérias e tornando o processo mais eficiente.

Outro ponto importante é o uso de inoculadores e bioprodutos em sulco de semeadura. Essa tecnologia apresenta resultados positivos, pois com o passar dos anos, os diversos produtos utilizados no tratamento de sementes, como inseticidas, fungicidas químicos e biológicos podem interferir na viabilidade das bactérias fixadoras de nitrogênio.

Assim, incentivar a aplicação de produtos em sulco poderá auxiliar de forma positiva na inoculação, bem como a pesquisa de microrganismos, para o crescimento sustentável da agricultura.

Nessa linha, dar continuidade a avaliações de estirpes e isolados de rizóbios de bactérias promotoras de crescimento e fixadoras de nitrogênio auxilia fertilidade do solo e na nutrição das plantas. Além dos benefícios físicos, químicos e biológicos ao solo e à planta, reduzimos o uso de agroquímicos, podemos economizar em adubos e baixar o custo de produção.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Época de abacate: quando plantar, colher e dicas para melhor produção

2

Plantação de tâmaras no Brasil: cultivo da tamareira ganha força no Nordeste

3

Síndrome da Murcha da Cana é ameaça contínua aos canaviais

4

Circuito Nelore de Qualidade: mais de 980 animais serão avaliados em Itapetinga (BA)

5

Como plantar abóbora: época certa e melhores práticas

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Divulgação

Imaflora lança a primeira certificação de carne livre de desmatamento do mundo

Cenoura Solar F1, da TSV Sementes
Agristar do Brasil

Cenoura híbrida transforma desafios climáticos em oportunidades para a horticultura brasileira

money-field-1030899-15767

Reforma Tributária no Agro: Não Deixe para os 2 Minutos do Segundo Tempo!

congresso andav

Congresso Andav 2025 reforçou força da distribuição de insumos e papel estratégico do agro brasileiro