
Lucas Rozendo de Lima Silva
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
lucasrozendo@gmail.com
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Agronomia/Horticultura – UNESP
O fósforo é o quarto elemento mais requerido para a cultura da cenoura, sendo que o desenvolvimento da raiz está intrinsecamente ligado a um bom programa de reposição desse nutriente.
Assim, é interessante priorizar os fertilizantes de liberação lenta que tenham em sua composição quantidades adequadas e generosas de fósforo, dependendo da qualidade do solo que se vai manejar.
Outro ponto importante a se destacar é escolher um FLL com a curva de liberação de boa adequabilidade para a cultura, dado que a utilização de um fertilizante com um tempo de liberação muito alto pode causar deficiências para a cenoura ao longo de seu ciclo vegetativo de 90 a 110 dias, considerado curto.
Do mesmo modo, deve-se tomar cuidado para não selecionar um fertilizante com revestimento muito sensível às condições a que o solo está submetido para evitar, também, a liberação precoce dos nutrientes.
Para as hortaliças
No momento, os estudos acerca de dosagens de FLL’s específicas para as hortaliças ainda são incipientes e não são suficientes para estabelecer padrões modelo. Assim, a análise de solo é primordial para reconhecer a real situação e características do solo e chegar à dosagem ideal para aquele solo específico.
É importante, ainda, considerar as condições climáticas, de relevo e biológicas da região.
Quando aplicar
Quanto à frequência de aplicação, deve-se ter em mente que, pelo fato de o ciclo da cenoura ser curto, que dura por volta de três meses, em média, já existem fertilizantes de liberação lenta que se adaptam a esse tempo, ou seja, que possuem curva de liberação parecida com a curva de absorção de nutrientes da cenoura, descartando-se a necessidade de futuras aplicações durante o ciclo do vegetal.
Pode-se utilizar desde o revestido somente por enxofre elementar até o mais tecnológico, somente por polímeros, porém, tomando os cuidados necessários com as quantidades que serão utilizadas no processo.
Sustentabilidade
A utilização desses fertilizantes impacta a sustentabilidade e a gestão ambiental na produção de hortaliças, sendo necessário em primeira análise, que os fertilizantes de liberação lenta ou controlada otimizem a nutrição do solo.
Na dose certa, esses fertilizantes prolongam a adubação das plantas, permitindo a disponibilidade constante de recursos como nitrogênio, fósforo, potássio e alguns micronutrientes para a planta.
Ainda, diminuem os impactos no solo que podem ser causados pela utilização de fertilizantes convencionais, como a salinização e acidificação, poluição de lençóis freáticos e águas superficiais, como rios e lagos, e pobreza biológica do solo.
Alguns fertilizantes podem eliminar importantes microrganismos da pedosfera e aumentar a liberação de gases do efeito estufa, como o óxido nitroso (N2O). Mas, alguns estudos observaram uma diminuição de 98% da volatilização do nitrogênio ao serem utilizados os fertilizantes de liberação lenta.
Ação
A utilização de adubação inteligente, nomenclatura dada para a utilização de FLL’s, também promove ao solo melhorias referentes às suas características físico-químicas, visto que fertilizantes revestidos por polímeros de matriz biogênica possuem dupla ação: orgânica e inorgânica.
Dessa forma, os fertilizantes de ação melhorada apresentam-se como uma boa proposta para a potencialização do desenvolvimento sustentável e a melhoria de estratégias relacionadas à gestão ambiental eficiente dos cultivos de HF, possuindo impacto potencial grande nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, especialmente do objeto 2 – Fome zero e agricultura sustentável.
Vantagens e desvantagens
Como em muitos vértices do agronegócio, os fertilizantes de liberação lenta possuem vantagens e desvantagens. As vantagens já foram bem abordadas, porém, quais são os empecilhos sofridos pelos agricultores, ao utilizar os fertilizantes de liberação controlada?
Tais problemáticas estão principalmente relacionadas à produção dos envelopes e à falta de estudos específicos relacionados à adubação inteligente em cenouras. Em primeira perspectiva, deve-se levar em consideração que a fabricação dos envelopes e polímeros utilizados depende de materiais de alto custo e passa por processos de alta complexidade, o que faz com que o preço final do produto seja elevado de 1.5 vezes a até 10 vezes mais que os fertilizantes convencionais.

Isso causa, à primeira vista, diminuição do interesse dos produtores com relação a esse tipo de tecnologia.
Solo bem nutrido
Caso o solo já esteja muito bem nutrido e a adubação não seja acompanhada pelo auxílio de um profissional da área e sem a realização de análise de solo, o fertilizante de eficiência melhorada pode não funcionar da forma como o produtor deseja, causando permanência das condições de produtividade ou até mesmo a diminuição de índices produtivos, devido à super utilização do produto, causando frustração ao agricultor.
Tal fato abre portas para outra discussão, principalmente pautada na questão da falta de estudos específicos de utilização de FLL’s em HF, o que dificulta a propagação de conhecimentos sobre o assunto, causando desconfiança e descrédito para os fertilizantes de ação controlada.
Desafios
Todas essas problemáticas, em conjunto, configuram os desafios enfrentados pelos agricultores no quesito da adubação inteligente e devem ser estudadas mais profundamente, principalmente no quesito de custos e doses de utilização.
Embora os fertilizantes de liberação lenta tenham potencial para melhorar a produtividade agrícola, é essencial superar esses desafios para garantir a eficácia e aceitação mais ampla pelos agricultores. A pesquisa contínua e o desenvolvimento de estratégias de custo-benefício podem ajudar a superar esses obstáculos e promover a adoção mais ampla desses fertilizantes inovadores.
