Produção de cana-de-açúcar dá novo lar para animais silvestres em SP

Programa desenvolvido pela Usina São Manoel protege e acolhe espécies resgatadas pela Polícia Ambiental em área sete vezes maior que o Parque do Ibirapuera
Créditos Luize Hess
Acompanhe tudo sobre Cana-de-açúcar, Usina e muito mais!
Divulgação

A Usina São Manoel, associada à Copersucar, desenvolveu um programa de monitoramento e acolhimento da fauna que contribui para o equilíbrio ecológico e com a preservação de espécies, o que inclui aquelas em extinção. Conhecido como Bicho Vivo, o projeto virou um santuário de animais silvestres em meio à produção de cana-de-açúcar, contando com a disponibilização de uma área de preservação ambiental de mais de 11 mil quilômetros quadrados da usina para abrigá-los, espaço equivalente a sete parques do Ibirapuera, localizado na capital paulista.

Lançado há pouco mais de oito meses, o programa nasceu da parceria entre a Usina São Manoel, Polícia Militar Ambiental de Botucatu e Unidade de Vigilância Animal – UVA de São Manuel. Animais silvestres capturados pela Polícia Ambiental, normalmente em perímetros urbanos, após receber o tratamento adequado na Unidade de Vigilância Ambiental (UVA) da cidade de São Manuel, são soltos nas áreas disponibilizadas pela usina. Nesta união entre o serviço público e a iniciativa privada, os animais são devolvidos à natureza. As áreas de vegetação contam ainda com corredores e passagens ecológicas, rios e nascentes, possibilitando um habitat ideal com todos os recursos necessários para a sobrevivência. O projeto ainda recebe espécies de outras ONGs da região.

LEIA TAMBÉM:

Mapas de pulverização podem gerar economia de R$ 80/ha em cana-de-açúcar
Maturadores ajudam a aumentar o teor de ATR da cana-de-açúcar, mesmo próximo da colheita

Lobo-guará, ameaçado de extinção, caminha na área de integração entre os canaviais e os corredores ecológicos da Usina São Manoel

“Na época em que a ideia surgiu, buscamos a parceria junto às diretorias do meio ambiente e da saúde, com a prefeitura e a polícia ambiental, que nos informaram sobre a dificuldade de encontrar áreas para esta recolocação. A partir daí, nós conseguimos escalonar oito áreas para soltura destes animais silvestres”, comenta Diego Victoriano de Oliveira, Supervisor de Qualidade e Sustentabilidade da Usina São Manoel.

Durante este período, já foram identificadas 29 espécies de mamíferos, sendo quatro classificadas como Ameaçadas de Extinção (EN): uma Onça-parda (P. concolor), uma Jaguatirica (L. pardalis), um Gato-do-mato-pequeno do gênero Leopardus e um Lobo-guará (C. brachyurus). O programa também catalogou 163 espécies de aves, sendo três classificadas como Quase Ameaçadas (NT) de extinção: um Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), um Ui-pi (Synallaxis albescens) e um Soldadinho (Antilophia galeata).

Para Pedro Dinucci, presidente do Conselho de Administração da Usina São Manoel, associada da Copersucar, a mentalidade do empresariado está mudando para melhor. “A gente acredita que hoje a principal força para potencializar o cenário competitivo do nosso setor é a sustentabilidade. A gente acredita que as empresas que melhor se conectam com os anseios da sociedade vão sair muito na frente”, completa.

A captura é importante para remover o animal do ambiente urbano, que pode trazer risco de vida ao próprio animal e para outras pessoas, retornando-o para um habitat natural. A soltura favorece a biodiversidade do local, a dispersão de sementes de árvores e o controle populacional das espécies, contribuindo ainda na cadeia alimentar onde são introduzidos.

Coruja-buraqueira (Athene cunicularia) solta nos corredores ecológicos da Usina São Manoel

De acordo com a engenheira florestal, Maria Claudia Trabulsi, coordenadora de sustentabilidade da Copersucar, projetos como o Programa Bicho Vivo, que está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, beneficiam toda a cadeia, desde o próprio animal resgatado e o ambiente onde ele é inserido, passando pela sociedade e chegando até à empresa. “O investimento em biodiversidade contribui de forma significativa para a conquista de certificações pelas usinas, o que é um importante diferencial no momento de conquistar mercado externo”.

As usinas associadas à Copersucar têm um trabalho intenso de preservação ambiental, promovendo atualmente a proteção de mais de 110 mil hectares de vegetação nativa, extensão daria para cobrir todo o município do Rio de Janeiro. Esta atuação contribui também para a conservação dos recursos hídricos, enriquecimento do solo e a manutenção de um ambiente adequado para a biodiversidade.

Participe do Nosso Canal no WhatsApp

Receba as principais atualizações e novidades do agronegócio brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

Últimas publicações

1

Reversão das taxas impostas sobre os cafés do Brasil pelos EUA

2

PHC apresenta tecnologia sustentável para ganho de produtividade no CEPA FARM MS

3

Saca de café do Cerrado Mineiro é vendida por R$ 200 mil e quebra recorde nacional

4

Tipos de pera: cultivo, características e potencial no Brasil

5

Protetor solar para melancias existe?

Assine a Revista Campo & Negócios

Tenha acesso a conteúdos exclusivos e de alta qualidade sobre o agronegócio.

Publicações relacionadas

Integração Lavoura-Pecuária - Crédito Equipe Cocamar Divulgação

Estratégias de ILPF para enfrentar extremos climáticos são tema do Dia de Campo ILPF 2025 em Iporã

Arquivo

UNICA defende início imediato da transição com combustíveis sustentáveis na COP30

plantação de Abacate Margarida

Abacate Margarida leva mais produtividade pra lavoura

Yuzu in Japan.citrus junos

Yuzu: você conhece esse limão?